A PARAÍBA E O FUNDO DO POÇO, PAULO SANTOS

A Paraíba deve ter ultrapassado em alguns metros o fundo do poço. É praticamente impossível, para os mortais comuns, que um desembargador paraibano esteja pedindo ao Ministério Público estadual que se utilize dos rigores da lei para punir um secretário estadual por improbidade administrativa.

O desembargador é José Ricardo Porto e o secretário não é um auxiliar qualquer do Governo: é o ocupante da pasta da Saúde. A alegada “improbidade” referida pelo magistrado é por causa do descumprimento de uma decisão judicial há muito determinada pelo Poder Judiciário.
E o que determinou a Justiça/ Que a Secretaria de Saúde fornecesse um medicamento para um paciente que está em tratamento de câncer. O doente precisa tomar um comprimido do remédio diariamente e há meses o Estado não lhe fornece o produto. Nem mesmo depois de aquiescência do Poder moderador.
Não há mais fundo de poço onde a Paraíba consiga cair. O que leva um órgão público a não fornecer medicamentos para um paciente com câncer seguindo os trâmites normais que a própria consciência humana determina e sem esperar que se recorra aos tribunais? Seria somente uma questão de sensibilidade e de humanismo antes de ser um respeito aos valores humanos. Um ser humano pode desaparecer, a qualquer momento, por incentivo dessa ignomínia oficial. Não há outra definição, infelizmente.
Quem está agonizando, nesse caso, não é o doente. É a Paraíba que se encontra em estado terminal sob o comando de pessoas que não respeitam o sofrimento alheio, que não se importam com a condição de moribundo daquele que precisa de remédio e lhe é negado sem quaisquer explicações.
Por muito menos, em Governos anteriores, um secretário de Saúde que adotasse esse comportamento seria sumariamente demitido por quem o convidou para o posto, não sem antes toda a imprensa dar conhecimento desse fato á população. Nos dias de hoje será demitido quem denunciar a barbaridade cometida pelo auxiliar do Governador.
Quando um cidadão tem que recorrer aos estamentos judiciais para tentar ganhar mais um tempo de vida com medicação oficial e recebe o coice do desprezo do organismos que foi criado para ajudar a proteger vidas é porque chegou a hora de todos gritarem a uma só voz: “Deus, nos acuda!”.