A Paraíba é grande demais !

Bruno Filho

Futebol é a paixão de todo o brasileiro, se não é pelo menos parece. E isso funciona do Oiapoque ao Chuí, em cada metro quadrado deste nosso país que está ás vésperas de sediar uma Copa do Mundo, a segunda da história e que imagino seja o sonho de cada torcedor ver nosso capitão levantar a taça dentro do Maracanã absolutamente lotado.

Porém, algumas coisas dentro do futebol ainda são embrionárias demais, e aqui na nossa Paraíba beiram o ridículo em alguns momentos, e não deveria ser assim já que nosso Estado é um dos que tem o campeonato mais antigo de todo o Brasil. Há mais de 100 anos se disputa titulo por aqui, então deveria ser diferente a forma de proceder e consequentemente as ações a serem tomadas.

Tenho ido trabalhar pela CBN no simpático Estádio da Graça e constatado que não existem ali condições adequadas para se realizar um campeonato de futebol profissional. Os dirigentes se esforçam, são abnegados, mas tudo se perde no momento em que a bola rola. No frigir dos ovos são feitos investimentos e ao mesmo tempo não existe forma de recuperá-los.

A maior arrecadação que se pode amealhar nas bilheterias da Arena de Cruz das Armas não chega a 80 mil reais, fica longe disso em muitas oportunidades. Ora, uma folha de pagamento de um grande time como o do Botafogo não é nunca menor do que 200 mil reais. Não dá para fazer futebol assim, nem por milagre. Se falarmos de Auto Esporte ou de CSP os pagantes não passam de 100 pessoas !

As rendas destes dois times beira a 1.000 reais. Inacreditável !. Com isso os jogadores se negam a jogar na Paraíba, com medo de não receber os salários, aceitam qualquer proposta e só vem mesmo para cá quando não tem mesmo outra opção. Bem…falar é fácil, vamos tentar apresentar soluções pertinentes e que poderiam ajudar.

Primeiro lugar: palco para jogar, reforma do Almeidão o mais urgente possivel, sob pena de não ter campeonato para os times da Capital. Só com uma medida extrema teremos soluções extremas. Esse negócio de finge que joga, eu finjo que acredito, a imprensa finge que transmite e os torcedores fingem que estão satisfeitos deve acabar.

Segundo lugar: rever a posição e a situação da FPF, esse negócio de perpetuação de cargo já não existe mais. Não adianta colocar a culpa no Estatuto, muda-se o Estatuto e pronto, tá resolvido. Não discuto as pessoas, discuto a perpetuação do cargo, ela impele os dirigentes a deixar de lado muitas decisões importantes pois sentem-se impunes.

Terceiro lugar: tem que haver comercialização do campeonato pelas redes de televisão. Um exemplo foi dado no clássico passado. Houve transmissão mesmo que embrionária mas foi buscar um público diferente que não está acostumado a ir ao Estádio e muito menos abandonar os campeonatos cariocas e paulistas grande vício dos paraibanos.

Existem muitas outras idéias, e se juntas tornarão tudo diferente. Uma notícia que me deixou mais irritado ainda, foi a veiculação de que o Estádio Zezão do pobre Cruzeiro de Itaporanga deve ser interditado. Pelo amor de Deus, descobriram a existência da roda ? Sobra toda a culpa para o pequeno do sertão que já está rebaixado ? É muita maldade.

Vamos parar de empurrar com a barriga, vamos agir de acordo com o tamanho da Paraíba. Quem sabe Campina Grande já anda um pouco a frente da Capital ?. Vamos aceitar esse fato como concreto e tentar unir forças. Esse negócio de pessoense e campinense misturarem rivalidade com desejo de ódio deve acabar, só assim o futebol paraibano vai ganhar.

Por enquanto continuo escutando besteiras vindas de nosso maior vizinho e fico triste e invocado com elas, pois não pode dar conselho quem friamente atira em um rapaz de 17 anos na porta de um Estádio sem um motivo aparente…deveria primeiro cuidar de sua casa para depois intrometer-se na casa dos outros. Respeito é bom, principalmente dentro de campo…

Bruno Filho, jornalista e radialista, acredita em título nacional, mas quer melhorar.