A Oi, a TIM e Roberto Santiago

Gilvan Freire

O Shopping Manaíra elevou no inicio do ano em 20% o preço do estacionamento, passando de R$ 2,50 para R$ 3,00 no primeiro horário. Para que qualquer empresário pudesse viver nababescamente bem na Paraíba, ou no mundo, bastaria receber o aumento, estimado em milhões mensais. Como o aumento representa um quinto do preço agora cobrado, Roberto Santiago passa a apurar cinco vezes o valor da majoração. Grande parte desse estacionamento nem cobertura tem, a não ser do sol ou da lua, do sereno ou da chuva, tanto quanto nas ruas comuns da cidade. E, na parte coberta, um metro quadrado do plano superior vale uma fábula de aluguel, sem que ninguém possa ser dono, a não ser RS, o Midas privado-público do Nordeste.

A OI tem um milhão e quatrocentos mil clientes pré-pagos no Estado, 40% da população. Se descontar a população inativa, crianças e outros planos, o mercado escravo da Oi é muito mais da metade dos paraibanos. Em nenhuma época da escravatura houve tantos escravos juntos e tão misturados em todas as classes sociais. E é no Brasil todo, quase 125 anos depois da Abolição, aquela segregação racial que ainda hoje a gente peleja para acabar e não consegue de todo.

A Tim, que adota os mesmos métodos escravagistas da Oi, não é menos nociva e nem mais sensível, é menos competente apenas. Mas, por onde passa, deixa um rastro de exploração e saques. Oi e Tim, ao lado de outras privatizações promíscuas feitas pelo chamado “Estado Liberal de Bem-Estar Social” (uma rede de corrupção envolvendo políticos gatunos e empresários espertalhões, associados para surrupiar o patrimônio público), são as principais aves de rapina de uma democracia incapaz de proteger o povo contra suas próprias aberturas e contra os guetos de criminalidade do próprio sistema. Há mais: Energia, Estradas, Portos, Mineração, afora a inércia do Estado no controle dos preços dos automóveis, remédios, livros e matérias hospitalares e escolares (estes dois últimos um verdadeiro chute na cara dos pobres brasileiros).

Tem nada não. Roberto Santiago, os donos da Tim e da Oi e os vendedores de livros escolares e demais assaltantes da economia popular pertencem a uma classe que nós fazemos sempre questão de exaltar, porque eles são fenômenos do empreendedorismo, pessoas que enriquecem em pouco tempo e recebem grandes benefícios do poder público à título de incentivo, ainda que a nossa parte nesses negócios seja apenas a de figurar como expectadores lesados.

RS pode ser um explorador que recebe do Estado favores que nenhum outro empresário do ramo recebe, e ainda pode impedir com a conivência do poder estatal que outro concorrente se instale para não cobrar nada do estacionamento, como fez o dono do maior Shopping de Natal, o controlador da Guararapes e do Midway Mall, que disse que estava feliz em oferecer esse serviço gratuito ao povo do Rio Grande do Norte para retribuir o apoio que recebeu de seu Estado na trajetória de crescimento do grupo.

Aqui na Paraíba, RS a Oi e a Tim vão continuar explorando o povo, porque o poder público em todos os níveis a cada dia que passa mais demonstra de que lado fica. Não há lei nem autoridades. E quando não se encontra qualquer um dos dois ou ambos, o povo é obrigado a se ajoelhar e se humilhar. É o preço. Só não se dirá que os exploradores são fracos, porque esse lugar já está reservado aos que se submetem cativos. O furo todo está ai.