A Oban paraibana - Rubens Nóbrega

Quem tem colaboradores da categoria que este espaço conseguiu não precisa se esforçar quase nada para servir ao leitor material de primeira, coisa fina, da melhor qualidade, como esse que ocupa toda a coluna de hoje.

O primeiro texto é da lavra inesgotável do nosso I Juca Pirama; na seqüência, fechando com chave de ouro (e jogando a chave no fundo do mar, feito cadáver de Osama, para não deixar o menor vestígio), mais uma obra-prima de The Doctor.

Desse jeito, como disse ontem a Pirama, mais um pouco e vou ter que dividir o meu pro labore com eles. Inclusive porque, quando eles escrevem, este colunista leva a fama, no mole, e o ibope da coluna sobe pelo menos vinte pontos percentuais. Vamos lá, então.

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Prezado colunista, a sua coluna está cada dia melhor, ao contrário da minha, que está com suspeita de hérnia de disco. Feito o intróito cretino, vamos ao que interessa.

A Nova Ordem na Paraíba consegue se superar à medida que se acostuma com o poder. E vem reeditando a história em seus episódios mais grotescos.

Criou uma espécie de Oban paraibana, cuja direção parece estar entregue a um determinado secretário.

Para quem não se lembra, Oban é a sigla de Operação Bandeirantes, organização ilegal criada em São Paulo, que reunia os órgãos de repressão em um único comando, com a finalidade de perseguir os adversários da ditadura militar, que vigia à época.

A Oban localizava, perseguia e torturava ou matava. Guerrilheiros, operários, intelectuais, estudantes e religiosos.

A Oban daqui reúne os dedos-duros do Estado com os da Capital em um único organismo. Localiza e persegue funcionários e médicos que de alguma forma tenham participado, ou no mínimo simpatizado, com a campanha de Zé Maranhão.

Vem agindo assim no Hospital do Trauma, e em todos os outros hospitais, estaduais e municipais. E também nas repartições das duas administrações.

Utiliza fotos de passeatas, comícios, almoços, jantares, chás beneficentes, casamentos, festas de debutante, e até velórios, para os quais Maranhão tenha sido convidado.

Se tivessem a mesma atitude para combater a criminalidade, o nosso Estado voltaria a ser o oásis nacional que tanto atraiu, em passado recente, cidadãos paulistas e cariocas, entre outros.

Achando pouco, o PSB daqui tenta reeditar a Operação Condor, que tinha os mesmos objetivos da Oban, mas que ultrapassava as fronteiras, reunindo as ditaduras militares do Cone Sul.

Sua mais recente proeza foi alcançar um ex-secretário de Zé Maranhão, técnico competente que ia assumir cargo no Estado de Pernambuco. Nem Cássio teve tais idéias nem coragem para praticá-las.

 

Absurdo dos absurdos

O comentário a seguir é também do nosso Pirama e complementa magistralmente o texto que abre a coluna. Confiram, por favor, logo após os asteriscos.

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O Curador da Saúde foi barrado pelo segurança (teria sido da Gadi?) do hospital Trauminha, de Mangabeira. O segurança dizia cumprir ordens. E o promotor teve que entrar pelos fundos, às escondidas.

Cadê o Procurador Geral, que não dá apoio aos seus zelosos comandados, que o elegeram? Ô, Rubens, quando é que vamos receber uma visita do Conselho Nacional do Ministério Público? E do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)?

As perspectivas de harmonia são as piores possíveis. Enquanto a Madame Mao destila todo seu ranço ideológico (“Bota pra quebrar, pois eles são médicos!”), o gauleiter da capital recebe ordens superiores para piorar o clima (“Bota pra quebrar, pois eles são ricos, têm avião!”).

Estas pessoas estão deturpando o conceito ideológico de socialismo. Partido Socialista? Ou será Nacional-Socialista?

Só para encerrar: mais um graduado tomou chá de Meira: o ex do Hospital do Trauma.

Tudo isso me leva a pensar que o falado Coletivo está mais para caveirão do que para marinete.

Um forte abraço do amigo I Juca Pirama.

 

Sangue, fezes e urina

Rubens, foi-se o tempo em que o paciente adentrava ao consultório e dizia: “Quero fazer exames de sangue, fezes e urina”, na feliz convicção de que estava realizando um check-up completo.

Hoje, os pacientes consultam-se mutuamente nas ante-salas de espera. Compartilham sintomas, diagnósticos e exames realizados ou ainda por fazer.

Dor de estômago exige endoscopia ou ultrassonografia.

Dor de cabeça gera uma tomografia ou mesmo uma ressonância.

Eletrocardiograma para dor no peito? Nem pensar! No mínimo tem que fazer um eco e um ergométrico, uma mapa ou um holter. Só o cateterismo cardíaco ainda fica como prerrogativa do médico solicitar.

Esta é a realidade atual e ninguém pode mudar. Nem os médicos nem as operadoras de planos de saúde nem os governos.

Só um governo revolucionário pode impor à população pobre uma medicina de cem anos atrás.

Doutor Robert Fogel, 84 anos, aparentemente saudável e muito ativo, Nobel de Economia em 1993, vai na contramão dos que querem reduzir os gastos com saúde e defende a lógica de que a qualidade de vida e a longevidade custarão cada vez mais.

“Viver mais custa caro” foi o título de uma entrevista com o Doutor Fogel  a uma revista de circulação nacional em abril passado. Às palavras do Nobel, acrescentaria: “Viver mais e melhor”.

O setor saúde, no entender dele, será a mola propulsora da economia americana no século XXI com expectativa de vida de cem anos e representará até cerca de três por cento do PIB.

Nunca na Paraíba uma campanha eleitoral contou com um engajamento tão intenso de médicos renomados e sem vinculação política ou partidária como em 2010.

Expuseram-se em horário eleitoral contra um candidato que já realizava o desmonte de uma estrutura de saúde já deficitária, mas que piorava dia-a-dia por obra de um projeto político-ideológico perverso que contemplava o fechamento de hospitais e maternidades.

Apesar de todas essas denúncias e alertas, aquele governante eleito governador. Já havia sido reeleito prefeito. A população não se sensibilizou e o resultado é este que agora vemos.

E agora José? Vai um hemogramazinho aí?

(assina) The Doctor