A marcha da cidadania

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Nova retenção

O prefeito Romero Rodrigues (PSDB) informou ontem que o Banco do Brasil voltou a subtrair recursos das contas bancárias da prefeitura campinense.

Dessa vez foi ´sequestrada´ toda a cota do dia 20 do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), em função de pendências pretéritas. Aliás, o mesmo débito junto ao governo federal que ensejou recentes bloqueios.

Foi retido o equivalente a 17% da receita mensal da PMCG, algo em torno de R$ 2,5 milhões.

Isenção

Romero anunciou ontem que estava remetendo ao Legislativo uma mensagem para isentar do ISS a tarifa do transporte coletivo urbano, o que permitiria a redução em 10 centavos do preço atual.

A partir de 1º de julho, a passagem cai de R$ 2,20 para R$ 2,10.

Isenção lá e cá

O prefeito apresentou um estudo técnico da STTP demonstrando que se fosse aplicada apenas a redução dada pelo governo federal – ´zerada´ do PIS e da Cofins – o impacto seria de apenas 3 centavos.

O detalhe

Na mesma ocasião, o prefeito informou que será restituído o passe livre nos ônibus urbanos para os portadores de deficiência auditiva.

Fronteira

Pra começo de conversa, invoque-se o famoso verso do compositor Milton Nascimento: “Nada será como antes”.

Serão necessárias semanas, meses, talvez anos, para que possamos dimensionar – e aquilatar – o que está se passando com o Brasil nos últimos dias, notadamente a quinta-feira, 20.

Coesão

Pelo País afora, um leque variado de motivações e de indignações foi catalisado por uma multidão heterogênea nos perfis, mas coesa na percepção de que havia chegado o momento de ser protagonista do seu tempo.

Na Serra

No caso de Campina, houve certamente a maior passeata de sua história recente.

Isso numa cidade sabidamente politizada e que tem em sua trajetória memoráveis campanhas eleitorais, regadas pela paixão, com o povo nas ruas.

Estimativa

Estima-se que de 15 mil a 20 mil campinenses disseram sim à convocação nacional.

Caldo de queixas

Como já foi dito neste espaço e em tantos outros, os aumentos nas tarifas de ônibus e os gastos desmedidos com a Copa do Mundo são tão somente os estopins de uma revolta que estava represada à espera do momento do extravasamento.

Fio de ligação

Como particularidades, é necessário realçar o apartidarismo dos jovens que puxam esses protestos, bem como a ´debutância´ das redes sociais como ponto de convergência para brasileiros anônimos que se descobriram na plenitude da cidadania.

Secundários

Sindicatos, partidos políticos e entidades representativas da sociedade civil estão efetivamente marginalizadas dessa onda verde e amarela, algo inusitado na nossa democracia recente.
Para quem tenta se incorporar às manifestações, fica evidente a condição de coadjuvante.

“Recado”

Com a palavra o calejado senador Pedro Simon (PMDB-RS): “O recado aos que se julgam donos do poder foi dado na proibição de bandeiras partidárias em todas as manifestações, na ausência dos líderes que se imaginavam perpétuos na condução dos movimentos populares”.

“Um grito!”

Ainda Simon: “Há um grito novo parado no ar. Um grito contra a velha política. É aqui que o povo deposita a esperança de que é possível fazer uma nova política. As sementes de mudança que o povo exige nas ruas estão aqui”.

Mosaico

Para que o leitor tenha uma ideia da diversidade de demandas – e da criatividade –, segue um apanhado de alguns cartazes observados na manifestação em solo paraibano.

Voz das ruas

“Deixa eu brincar de ser feliz”.

“Se estiver doente, procura um e$tádio”.

“Corrupção, queremos transposição”.

“Não precisamos dessa mer.. (taça da Copa das Confederações)”.

Despertar

“Não é por centavos. E por direitos. O Gigante acordou”.

“Pare de tomar a pílula da ignorância”.

“Progresso, tu vens, tu vens; eu já escuto os teus sinais”.

Ativos

“Eu me nego (bandeira da Paraíba) a ficar em casa”.

“Quando a sociedade canta de galo, o Estado vira galinha”.

“Veras que um filho teu não foge à luta”.

“Pela nação”

“Quero hospital padrão Fifa”.

“O protesto não é pelo busão (ônibus). É pela nação”.

“A pior ditadura é aquela disfarçada de democracia”.

Fim do ´show´

“A rua é grande, cabe a força do povo”.

“Tem tanta coisa errada que não cabe num cartaz”.

“O show dos poderosos acabou”.

Frases finais

“Dilma, me chama de Copa e investe em mim”.

“Queremos pintar a rua de povo”.

Vivemos um dia histórico…