A indignação em manchete

Marcos Tavares

Não fosse trágico esse nosso Brasil seria cômico. Só funciona à base da indignação e essa indignação é como fogo de pólvora: rápida e fugaz. A bola da vez são as boates, casas noturnas, cabarés e similares, tudo isso provocado pelo fogo que matou duas centenas de jovens em Santa Maria. Querem a cabeça do dono da boate cortada em praça pública, querem os músicos que soltaram fogos empalados diante da catedral. Enfim, querem que o Estado compareça quando ele deveria ter comparecido antes da tragédia, evitando que uma casa sem alvará funcionasse, que um ambiente fechado fosse palco de festivais pirotécnicos e que seguranças mal formados trabalhassem.

É sempre assim que funcionamos, na base do ódio imediato, da comoção popular e do populismo dos políticos. Foi assim com o incêndio do Joelma, quando todos os prédios de São Paulo foram readaptados para o fogo, no naufrágio do Bateau Mouche, quando até jangadas eram visitadas pela Marinha e será assim sempre que a imprensa determinar que um fato merece a justa indignação de todos os brasileiros. A caça a bruxas substitui a presença de um Estado omisso e pecador.

Duvido que daqui a seis meses alguém mais se lembre da Kiss. Duvido que as casas noturnas desse Brasil sejam vistoriadas com a frequência e a rigidez necessária quando as cinzas dessa tragédia baixarem. Somos imediatistas e revanchistas e não se faz legalidade com isso. Um Estado planejado, eficiente, correto, chega antes do fogo, da inundação, do desabamento e nunca depois com um batalhão de peritos que absolutamente não fazem renascer os mortos.
Rompimento
Não foi um desabafo isolado de Anísio Maia. O PT assinou em baixo das acusações feitas pelo parlamentar ao ex-prefeito Luciano Agra, citado como conivente na agressão ambiental que teria sido praticada por um shopping da capital.
Foi uma nota oficial que deve refletir o pensamento de todo o partido, o que significa que não existe por parte de Cartaxo qualquer zelo na sua união com Agra e que ela foi um episódio político descartável.
Falta agora a versão de Agra, que deve aclarar ou obscurecer ainda mais esse episódio que envolve dois antigos aliados.
Governo
Entre os que entendem de política – que não é meu caso – há uma nítida impressão de que o ministro Aguinaldo Ribeiro pretende voos mais altos, talvez até mesmo o cargo de governador.
Ele alicerçaria sua candidatura ancorando-a à da presidente Dilma, que tem nele uma espécie de “pequeno príncipe” de sua gestão.
Seria então uma terceira e bem viável via para a luta política da Paraíba sempre pautada pela dicotomia.


Devolução

Prefeitura da capital inicia programa para devolver aos seus municípios de origem os moradores de rua.
Tem seu valor social, mas cheira um pouco a uma xenofobia municipal.


Palanque

O Carnaval paraibano – ou a prévia, como queiram – cada vez mais politizado. Todo político tem seu bloco para botar na rua.
E enquanto ensaia os passos, cabala votos.

Retorno
Comentam os experts em política que Inaldo Leitão pode sair do limbo em que se encontra e ocupar a Secretaria de Cartaxo em Brasília.
Realmente Inaldo é articulado na capital federal.

Disse Me Disse
A secretária de Comunicação Estelizabel Bezerra afirma que sua principal luta é contra a maledicência.
Como jornalista de formação ela não deveria estranhar. Figura pública sempre foi vidraça.

Greve
Com um tom pleno de dejá vù, os auditores fiscais do Estado anunciam sua greve a partir de amanhã.
Mesmo que o governador Coutinho diga que fez o que pôde pela categoria.

Caldeirão
Outra vez o presídio do Róger dá sinais de uma erupção violenta. É realmente uma caldeira prestes a explodir.
Uma tragédia anunciada e aguardada.


Frases…

Culpados – Não procure o culpado. Procure a solução.
Pornofonia – Tem horas em que o palavrão é absolutamente imprescindível. Quando se martela o dedo, por exemplo.
Sozinho – Na hora da solidão a melhor companhia é você mesmo.