A força do Sertão

Lena Guimarães

Quando se discute as vagas de vice-governador e senador, os nomes de João Pessoa e Campina Grande aparecem com alta cotação, e isso ocorre muito mais por conta da força eleitoral das cidades do que pelo conceito que podem adicionar aos candidatos a governador, ou mesmo os benefícios do partido ao qual estão filiados.

João Pessoa e Campina Grande não são apenas os maiores colégios eleitorais da Paraíba, mas centros de regiões metropolitanas que juntas somam 41,92% dos votos do Estado. O peso é inegável. É oferecem ainda a vantagem de terem eleitores mais facilmente acessíveis por estarem concentrados em apenas 24 municípios, todos muito próximos uns dos outros, o que facilita a campanha, especialmente o corpo a corpo.

Contudo, os outros 58,08% dos votos decidem qualquer eleição, e uma parte considerável deles estão no Sertão, uma região que é muito comentada na época das secas, pelos dramas decorrentes da falta d’água, mas nunca considerada pelo potencial eleitoral que inegavelmente tem.

O Sertão que vamos detalhar é formado apenas pelas regiões metropolitanas de Patos, Vale do Piancó, Sousa e Cajazeiras, que agregam 64 municípios, onde vivem 863.178 habitantes, dos quais, 506.002 são eleitores. É um detalhe importante: esse Sertão tem 17,65% dos votos do Estado, mais que a região metropolina de Campina Grande, que tem 15,14%. É um poder que infelizmente não tem funcionado a favor da região, no que diz respeito a investimentos para o seu desenvolvimento.

Das quatro regiões metropolitanas do Sertão, Patos é a que tem maior força eleitoral: são 27 municípios que fomam 163.529 eleitores (5,70% do total do Estado). Em seguida, está a de Cajzeiras, com 15 municípios e 134.324 eleitores (4,68% da Paraíba). A do Vale do Piancó tem 120.068 eleitoes em seus 18 municípios (4,18%) e a de Sousa, com nove cidades, soma 88.081 votos (3,07%).

Esses votam colocam em destaque lideranças sertanejas como Francisca, Hugo Motta, Nabor Wanderley (PMDB) e Dinaldo Wanderley (PSDB) em Patos; Fábio Tyrone (PSDB), André Gadelha (PMDB) e Lindolfo Pires (DEM), em Sousa; Carlos Antonio (DEM), Vituriano de Abreu (PSC) e Carlos Rafael (PMDB).

O que partidos e candidatos não devem esquecer, é que como Campina e João Pessoa, o Sertão também pode decidir uma eleição.

Sobre o tema poder eleitoral do Sertão, provocou uma avalanche de e-mails de leitores curiosos em relação as demais área do Estado. Para atendê-los, segui a divisão do Legislativo, que criou 12 regiões metropolitanas no Estado, acrescentando outras duas que existem de fato.

Pela ordem, a mais poderosa é a região metropolitana de João Pessoa, com 12 municípios e 797.877 eleitores (27,84% do total do Estado). Em 2° lugar está a de Campina Grande, com 18 municípios e 453.586 eleitores (15,82%). São as cidades dos candidatos a governador Ricardo Coutinho (PSB), Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) e Cássio Cunha Lima (PSDB).

A região de Patos é a 3ª mais importante, com 24 municípios que somam 171.937 eleitores (5,99%). Lá, Francisca Motta e Nabor Wanderley (PMDB) e Dinaldo Wanderley (PSDB) são os líderes.

A região de Guarabira, com 17 municípios e 146.080 eleitores (5,09%) está em 4° lugar. Lá, o poder oscila entre Roberto Paulino (PMDB) e Zenóbio Toscano (PSDB). Em seguida vem a de Cajazeiras, com 15 municípios e 134.324 votos (4,68%), onde os votos são de Carlos Antonio (PSB) e Carlos Rafael (PMDB), aliado de Vituriano de Abreu (PSC).

A região Vale do Piancó é a 6ª, com 18 municípios, 120.068 eleitores (4,19%), seguida de Itabaiana, que com 12 municípios e 110.207 eleitores (3,84%); de Esperança, com nove cidades e 106.188 eleitores (3.70%), e do Vale do Mamanguape, com nove municípios e 91.260 votos (3,18%).

O prefeito André Gadelha (PMDB), o ex, Fábio Tyrone (PTB) e o deputado Lindolfo Pires são fortes na região Sousa, 10ª em poder eleitoral, com 88.081 eleitores (3,07%) em nove cidades; depois, vem a de Barra de Santa Rosa, com oito municípios e 61.963 eleitores 2,16%); e a de Araruna,  terra de José Maranhão, com seis municípios e 50.489 votos 1,76%).

A de Catolé do Rocha, terra da família Maia, reúne mais nove cidades e 87.580 eleitores (3,05%). Monteiro, dos deputados João Henrique (DEM) e Carlos Batinga (PSC) irradia para outras16, com  88.446 votos (3,08%).

A mais fraca dessas regiões poderia eleger um deputado estadual, mas isso depende mais de candidatos e seus compromissos, do que dos eleitores.