A favorita do rei

Rubens Nóbrega

Que Agra que nada! Tinha que ser Estelizabel. Primeiro que tudo porque, com os inimigos do rei, Agra tende a ser condescendente e Estelizabel, contundente.

Na campanha, a pretexto de debater, Agra iria no máximo se debater, enquanto Estelizabel está nessa também pra bater. Diante da oposição, Agra mal conseguiria se defender. Já Estelizabel tem a quem e o quê defender.

Por essas e outras, ela é a favorita do rei para disputar a Prefeitura da Capital. O mérito é de sua inteligência e capacidade de articular um discurso que precisa ser convincente na defesa do Ricardus I.

Dentro do círculo íntimo do poder, depois do próprio Ricardo ela é realmente a melhor defensora do ‘projeto’, nome com que o ricardismo ortodoxo costuma adornar as referências ao governador e ao modo ricardista de governar.

Sob esse critério, Agra não teve a menor chance. Inclusive porque caiu na besteira de querer ser maior do que o seu criador e, imperdoavelmente, muito mais candidato do que defensor do patrono da candidatura.

Ricardo conseguiu, enfim, impor exatamente quem ele queria, porque queria e vai ter uma defensora eficiente, que tem “a palavra certa pra Doutor não reclamar”, de tão afiada que está para mostrar virtudes e predicados do ‘projeto’.

O soberano tem ainda a mais fundada expectativa de que a candidata possa, ao mesmo tempo, atacar e expor com o mesmo brilho os grandes defeitos e os pontos fracos dos adversários, em especial Cícero Lucena e José Maranhão.

Tinha que ser Estelizabel, portanto. E tem que ser Estelizabel também porque Ricardo não necessita propriamente de uma candidata.
A maior necessidade do imperador é de alguém com disposição política e aparato intelectual para encarar e conter a enxurrada de críticas e denúncias – velhas e novas – que vem por aí.

Estelizabel é perfeita para a missão. Inclusive porque nunca discordará de Ricardo, jamais contestará a liderança dele e de modo algum manifestará incômodo com a ascendência do governador sobre ela.

Melhor que tudo, aplicada e obediente, Estelizabel traz na ponta da língua a resposta mais verossímil para tentar livrar o absoluto dos questionamentos suscitados por escândalos que atacam a auto-proclamada reputação republicana do chefe.

Nem à Justiça eles atendem

“Por descaso, indiferença ou incompetência, há mais de 15 dias a Secretaria Estadual de Saúde não fornece a portadores ou ex-portadores de câncer o remédio que lhes é fundamental e que deve ser tomado diariamente, por cinco anos, a partir da cirurgia de retirada do tumor”, denunciou-me ontem o estimado Professor Menezes, a pedido de um casal amigo que visitou no domingo.

“A desídia do poder público atinge particularmente a mulher do casal, que teve câncer em um dos seios, foi operada com êxito, mas ficou com a obrigação medicamentosa”, explica o Professor. “Ressalte-se que esta não é a primeira vez que isto ocorre, o que tem forçado a paciente a recorrer periodicamente ao Judiciário, que manda fornecer o medicamento, mas infelizmente nem sempre tem sua ordem cumprida”, acentua ele.

Diante de mensagens desse teor, não vou perder mais tempo pedindo esclarecimentos ao Governo do Estado. Jamais serão prestados ao colunista indexado. Trago a denúncia a público, mesmo assim. Na esperança de que a exposição de um drama humano como esse sensibilize o pouco de humanidade que talvez reste nos atuais donos do poder na Paraíba e faça com que eles regularizem o fornecimento do remédio.
Suspense em torno da Caoa

O empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade, dono da Caoa, esteve ontem no gabinete do senador Vital Filho, em Brasília, mas nada amarrou em relação à montadora que pretende instalar na Paraíba, segundo o comercial que mantém no ar em horário nobre nas melhores redes de televisão.

Vital Filho, por seu turno, anuncia estar unido a Cássio Cunha Lima no propósito de levar o investimento para Campina Grande, embora o senador tucano desde o início dessa história tenha informado, via twitter, que a sede da fábrica não pode ficar mais de 100 km distante do porto de Cabedelo.

Se o critério de alocação for realmente esse, Campina está fora. Fica a aproximados 140 km do Porto. Mas nada é impossível aos campinenses, principalmente quando eles se unem em torno de um objetivo comum e de grande interesse econômico para todos como é uma montadora de carros.

Carlos Alberto conhece bem o famoso espírito campinense, mas não é um nativo da Vila Nova Rainha como supunha este colunista. O Doutor Newton Marinho me esclarece que o empresário é pessoense de nascimento e criação.

“Somente após sua formatura em Medicina, no Recife (1972 ou 73), é que se mudou para Campina por motivo de ter se casado com uma campinense da família Do Ó. Seu pai era o velho Salu, dono de uma sinuca ali no Ponto Cem Réis”, acrescenta.