A Esquina da " Morte "

Bruno Filho

Ouço reclamações todos os dias sobre o trânsito de João Pessoa,mas pela minha origem,levo quase que na brincadeira essas reclamações, venho de um lugar aonde o trânsito é o verdadeiro “Inferno de Dante “.É uma “Torre de Babel” que chega a levar as pessoas à loucura.

Respeito os que reclamam aqui na Capital,contudo falando por mim é incomparável. Gasto 10 minutos para ir da minha casa à Rede Paraíba,num percurso que deve ter no mínimo uns 10 kilometros.Esse mesmo percurso em São Paulo custaria pelo menos 1 hora de minha vida.Todos os dias.

O assunto não é esse,exatamente o trânsito, e sim dois crimes que foram praticados , e que estão tentando transformar em acidentes de trânsito que absolutamente não foram.Fiquei sabendo dos dois casos assim que cheguei por aqui,graças inclusive a minha curiosidade típica dos jornalistas.

Fui informado o motivo pelo qual eu observava numa certa esquina um pôster de uma senhora com uma inscrição no seu rodapé, e fiquei pasmo quando me foi dito qual era o caso e além de tudo que não tinha sido o único. No mesmo local havia acontecido a mesma coisa,pelo menos mais uma vêz.Eu fiquei cismado com tudo aquilo.

Passei a ir no local por algumas vezes em horários diferentes e constatei que ali não poderiam ocorrer simples acidentes com aquela gravidade.Pelo local, só poderia ser assassinato.É muito tranquila esta esquina de João Domingos com Epitácio Pessoa.

Escutando pessoas que conheciam o caso, e lendo sobre os dois assuntos, cheguei a minha conclusão que realmente nada daquilo foi um mero acidente.Carros transformados em armas letais foram arremessados violentamente contra pessoas incapazes de se defender que sucumbiram à tanta violência.

Máquinas com velocidades superiores a 120 kilometros por hora,manejadas por homens embriagados, e que assumiram o risco de matar no momento em que sairam as ruas dessa maneira.Mais assustado ainda eu fiquei quando soube que ambos envolvidos, eram ou foram reincidentes,vitimando outros seres humanos.

Este quadro não combina com aquela pacata esquina.Não me conformo com isso. Repito, não é trânsito, são alvos que poderiam ser aqueles que se foram, eu ou você.Não pode passar impunemente.Que se faça justiça,e que a sociedade possa receber uma resposta satisfatoria.

Um dos julgamentos foi adiado para o mês de março do ano que vem depois de um recurso interposto pelo advogado de defesa e aceito pelo juízo, o outro está ocorrendo nesta semana.Os resultados, poderão ou não, trazer alento a essa população pacata e tranquila e principalmente às familias das vítimas.

Isso não faz parte dessa cidade, das pessoas que aqui vivem e dos tesouros que Deus reservou a este pedaço de seu Mundo.Jovens matando pessoas pelo fato de dirigirem seus automóveis embriagados.Que possa ter servido de lição a todos nós e que a juventude que vem por aí possa utilizar esse exemplo de dor.

Lembre-se: quando voce “pisca” um farol, avisando a quem vem na mão contrária, que próximo dali existe uma “blitz”, entenda que naquela “blitz” que voce denuncia para outras pessoas no sentido de alertar e fugir, pode haver um policial bem intencionado que evitará quem sabe um assalto,um transporte de drogas, um sequestro e até mortes.Pense nisso.

Bruno Filho,jornalista e radialista,que se arrepia toda vez que passa na esquina citada e não deveria ser assim.

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