A desgraça do povo

RC chega na próxima semana à marca de 09 meses de sua administração e antes de terminar o mês de outubro terá consumido 20% de seu tempo de governo. Faltam 03 meses para concluir o primeiro ano de gestão, ¼ do tempo total. Para os que têm sofrido algum tipo de perda com o governo atual (são mais de 30 mil pessoas diretamente, só de servidores públicos que perderam seus empregos), esse é um tempo inesquecível, em que mais de 100 mil pessoas indiretamente tiveram de pagar caro por algum tipo de crime que nunca cometeram. Só alguém que estiver entre os afetados poderá testemunhar o drama que ocorre no lar dessas pessoas.

Mas isso não é tudo. Não são apenas centenas, mas também milhares de outros servidores da administração direta e indireta do Estado que sofreram perdas significativas em seus contracheques, todos, sem exceção, foram obrigados a restringir suas já difíceis condições de vida social, inclusive com a poda da sua alimentação habitual e de seus dependentes. Muito provavelmente, serão mais de 300 mil pessoas indiretamente atingidas.

Sem contar com os prestadores de serviços especializados, como médicos, enfermeiros e atendentes da área de saúde, e os fornecedores de serviços e bens que fizeram negócios com um Estado de donos e não recebem seus créditos porque entregaram seu patrimônio ao governo anterior, na crença enganosa de que os governos são impessoais e não são propriedades particulares de líderes iluminados e tiranos.

Será que existe nessa Paraíba de hoje e do ‘Deus dará’ um cínico, perverso ou bajulador assalariado do poder público capaz de desconhecer essa situação dramática que aflige tanta gente vulnerável, para quem não existe um só gesto de grandeza e humanidade por parte desse governo?

O governador da Paraíba está em Cuba, onde não há nada de bom que possa tirar a Paraíba do atraso, a não ser uma saúde pública de atendimento básico exclusivamente custeada pelo governo e nenhuma possibilidade de ser mudada como RC está fazendo de forma aventureira e irresponsável em nosso Estado. Tudo faz parte de um mecanismo de maquiagem e disfarces engendrados para encobrir os desgastes do governo.

OS TRÊS PRINCIPAIS DISFARCES DE RC

Três fatos entre outros, contudo, podem explicar as últimas atitudes de RC diante dos desequilíbrios do governo e o fosso criado entre a gestão tumultuada do governador e a população. A ida de RC à Cuba é um deles, porque a contradição entre o que o governador está fazendo na Paraíba e o que Cuba faz na área de saúde é simplesmente absurda, pois RC aplica em nossa terra uma gestão neoliberal, que se Fidel souber manda fuzilá-lo lá mesmo, e a gente ficaria apenas com o direito de enterrar Ricardo sem as honras socialistas que já mereceu em vida noutros tempos.

1º DISFARCE – RC viajou a Cuba para disfarçar na Paraíba o viés socialista perdido com o desmonte do Estado e com sua filiação ao modelo paulista de governo privado, sob inspiração de FHC, Serra e Alckmin. Os intelectuais baseados especialmente nas universidades, estudantes e artistas da Paraíba estão envenenados com RC, logo ele que foi projetado por esses setores como a única chance socialista de governo na PB.

2º DISFARCE – Em 07 de setembro, Ricardo Coutinho compareceu ao desfile dito cívico, onde recebeu uma ruidosa vaia dos circunstantes, não menor que a vaia que recebeu no circo Thiany, pouco depois, em homenagem aos que desfilam de forma não alegórica todo o dia no Estado em grande legião de excluídos da administração perseguidora dele. A outra razão das vaias pode ter sido a ridícula postura do governador de posar publicamente para a primeira página de um jornal local tendo nos braços o filho recém nascido. O objetivo de RC, tanto quanto aconteceu a Michael Jackson por outros motivos, era passar a imagem de ‘afetivo’ quando a população toda da Paraíba consolidou a opinião de que o governador é um homem frio que não quer bem a ninguém. RC ou seus marqueteiros perderam a vontade de rir com as bobagens que fazem.

3º DISFARCE – Mesmo que o caso da permuta do terreno da Acadepol esteja sob crivo, censura e repulsa da sociedade e das instituições de controle da legalidade, Roberto Santiago (o RS) resolveu selecionar trabalhadores para a obra de um shopping center que provavelmente nunca será construído naquele local. A estratégia seria juntar 5 mil pessoas (o que o populoso bairro de Mangabeira não quis mobilizar por desconfiança durante os debates sobre a troca carimbada de favores entre amigos) a fim de que RC e Luciano Agra (o LA) pudessem posar de homenageados. Deu vaia também. Ali estavam abraçados, sem cerimônia, triunfantes e felizes os parceiros de maracutaia. Era tudo uma cena estelionatária para sair no jornal e construir uma imagem insólita e falsa de apoiamento popular. O que esse povo não será capaz de fazer à custa de verbas públicas para fingir que ainda não entrou no inferno!

No próximo artigo, veja como funciona a rede de cumplicidade com o governo que elegeu o interesse público e o povo como alvo de seus desmandos e de sua capacidade de fazer o mal. Saiba como age o movimento de resistência e o papel de um jovem insubmisso chamado Eduardo Varandas, o Procurador público que tira o sono de RC e de outras autoridades coniventes. Até segunda-feira, final de tarde.