A desagregação virou moda. Ou mania

Gilvan Freire

Moda é o hábito que está relacionado ao gosto, meio social ou região. É algo variável no tempo, que leva as pessoas a aceitarem para se sentirem bem, ainda que seja coisa passageira e decaia de uso depois. Mas, enquanto dura, gera o que se chama, em termos de conforto, de felicidade, ou felicidade aparente. Ou, no mínimo, alegria. Parece que não há compatibilidade entre a moda e a tristeza e infelicidade, fora do prazer. Mas o que se dizer de um determinado tempo, numa determinada região, em que o costume de certas pessoas locais é fazer algum tipo de coisa não saudável, ou negativa, contrapondo-se aos hábitos tradicionais da população que não está acostumada a essas mudanças vexatórias?

Para se compreender melhor essas variações sociais, talvez seja importante distinguir entre moda e mania. Até para que se possa aplicar corretamente um ou outro vocábulo, ou nenhum dos dois. Os lingüistas não associam moda a mania, ou vice-versa, de tal sorte que não se pode falar de ‘mania social’ como se fosse um costume social, um estilo, ou uma moda. É assim: moda é coisa de muita gente, de coletividade, um movimento social de transformação no estilo, ou no gosto das pessoas. Mania diz respeito a gosto excêntrico, exagerado, idéia fixa, obsessão. Trata-se de uma manifestação psíquica, uma síndrome, um desvio de normalidade que ataca os normais ou que podem já ter nascido como não normais. É coisa do ser individual, e não da coletividade, ao menos que se admita a possibilidade de um surto psicótico em massa. É improvável.

Na Paraíba, atualmente, o desequilíbrio social, a instabilidade e a sensação de desgoverno poderiam ser vistos como mudanças nos costumes e no estilo de vida do povo – o que seria uma moda, em certo sentido. Mas não, é mania mesmo.

ALGUÉM CAUSA OS TRANSTORNOS SOCIAS POR CAUSA DE SEUS PRÓPRIOS TRANSTORNOS
É lamentável ter de se dizer que essa variação preocupante no campo social de nosso Estado, em que todas as pessoas estão atingidas por uma onda de mudanças nos hábitos da sociedade, tendo de conviver com uma experiência de governo que mexe com todas as instituições públicas, com os agrupamentos políticos e partidários, com a imprensa, a saúde, a segurança, a educação, os servidores, tudo enfim, nada tem a ver com o que pensa e deseja o povo, nem com a sua felicidade aparente. É obra de uma cabeça inquieta e boliçosa que tem aversão a paz, e tem o poder de remexer na ordem geral das coisas para encontrar seu estado natural de acomodação. Fruto da mania de grandeza de um líder que aguarda todo dia que o sol nasça para lhe pedir desculpas porque segue outros comandos em sua rotina.

Essa desagregação reinante no mundo ricardista, outrora centro de treinamento ideológico dos que queriam tomar o poder e interferir nos processos sociais, é a reedição em miniatura de todas as insanidades experimentados pelo totalitarismo no planeta, tendo como melhor exemplo próximo o que aconteceu na Rússia de Stalin e na Cuba de Fidel, onde todos os fundadores pensantes do regime os ideólogos da revolução social tiveram de ser expurgados do poder e da própria pátria, para que os lideres nunca pudessem se contestados.

RC inaugura entre nós um regime político tupiniquim de desagregação e insegurança social, em que seus discípulos terão de morrer da mesma forma que seus inimigos, somente para que ele prove que mania é algo diferente de moda. E quanto mais ele vai ficando menor, mais acha que seus adversários têm de vê-lo como gigante. E mania é ideia fixa. É obsessão. Sem vitórias.