Nilvan Ferreira
Essa questão envolvendo a gestão do Hospital de Trauma da capital começa a assumir contornos que carecem de profundas explicações. Tudo é meio estranho, esquisito, obscuro, sem transparência.
Até hoje ninguém sabe de onde veio realmente essa entidade denominada de Cruz Vermelha. É do Rio Grande do Sul? Do Rio de Janeiro? Ninguém consegue responder se essa entidade tem algo a ver com a Cruz Vermelha Internacional, conhecida mundialmente pelas ações de socorro e solidariedade nos momentos mais difíceis, a exemplo de terremotos e guerras.
Hoje, a denúncia que nos chega coloca mais ingredientes nessa questão e que precisa mais do que nunca da interferência das autoridades competentes, especificamente o Ministério Público e a Assembléia Legislativa.
Senão vejamos:
A direção da Cruz Vermelha realizou nos últimos dias o pagamento do salário de seus servidores.
Como em qualquer órgão, empresa ou instituição, o servidor recebia sua remuneração e assinava um recibo, comprovando o pagamento da quantia.
O grave neste ponto é que de posse do recibo que cada servidor assinou, percebe-se detalhes que até agora são inexplicáveis. No recibo, a entidade denomina-se Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, o endereço é o mesmo do Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, mas, pesquisando o número do CNPJ, colocado no documento, chegamos à conclusão que os dados não existem no Cadastro de Pessoa Jurídica da Receita Federal.
Os números não conferem com os já existentes e que pertencem a Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul. E como pode? Se essa entidade é mesmo a Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, o CNPJ deveria ser o mesmo, um só. E porque colocaram outro número, que, inclusive, não confere com nenhum outro, pois está incompleto, faltando dígitos?
Alguém poderia dizer que foi um erro de digitação. Tudo bem. Mas é normal alguém errar todos os números de um CNPJ? Não digitaram sequer um número que fosse o mesmo do verdadeiro CNPJ da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul.
Na comparação como o número do CNPJ que está no recibo de pagamento de um servidor e cópia de documento oriundo de uma pesquisa na Receita Federal, percebe-se um questionamento inevitável e que precisa de esclarecimento por parte das autoridades competentes.
No recibo do servidor o número do CNPJ da Cruz Vermelha é 512122003572. Já o número verdadeiro, conforme a Receita Federal, pertencente a Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul é 073458510001-15. Podemos observar o fato conflitante no recibo e na certidão da Receita Federal.
O Ministério Público precisa urgentemente solicitar uma cópia do contrato jurídico firmado entre o Estado da Paraíba e essa entidade para que possamos saber realmente a quem entregamos a principal casa de saúde do nosso território.