A corrupção está cínica demais

As denúncias que estão pipocando em João Pessoa sobre atos administrativos desabonadores da conduta de gestores públicos até pouco tempo tidos como insuspeitos causa um enorme mal estar nos setores mais politizados da população, sem desprezar o desconforto que também causa entre as pessoas mais humildes, que apesar de muito pobres ainda consideram que a maior virtude de um homem público é parecer e ser honesto.

É bem verdade que, grosso modo, a decepção do povo com os políticos não mais exige o atestado pleno de lisura na ocupação dos cargos públicos, porque a regra de decência está invertida. Ou seja, já se presume que sendo o homem público desonesto isso ‘faz parte’ da carreira, e não do caráter do próprio homem. Aqui, é o traje que faz o monge.

Mas como incomoda essa promiscuidade que está se alastrando de forma acintosa dentro da administração pública! Embora todos nós percebamos que isso ‘faz parte’ do meio e deste tempo de graves decessos morais, parece que a indignação coletiva é ainda maior do que a inconformação. Significa que nem tudo está perdido.

O desagrado da população é tanto, que há dois sentimentos antagônicos ou divergentes entre as pessoas: de um lado muitos se ofendem mas não sabem o que fazer; do outro lado, há os que se ofendem mas já acham que nada será feito. Afinal, se os líderes estão no lamaçal, quem sobrará para remover a lama e purificar os esgotos?

OS DEVASSOS ESTÃO BRINCANDO COM A DEVASSIDÃO

Não se fala noutro assunto a não ser nos ataques que administradores locais encetam contra o Erário e os bens públicos em nosso Estado. A rigor, não é muito diferente do que acontece no governo Dilma, a primeira grande autoridade feminina brasileira que parece desconhecer a gula dos ladrões engravatados do país que dominam os cofres públicos como quem domina mulheres incautas. Quando a covil trata uma dama de presidenta, está apenas fazendo concessão à sua petulância, para se compensar depois com as facilidades que a mulher deixa escapar por causa de suas desmedidas vaidades.

Na Paraíba, as denúncias contra RC e Luciano Agra, especialmente na relação incestuosa com o empresário Roberto Santiago, estão ficando comprometedoras demais. O que vem por aí de fatos desabonadores e ligações perigosas, afora o que já foi dito e provado quanto ao episódio do terreno da Acadepol e o shopping de Mangabeira, é de estarrecer quem ainda acredita que é possível conter a onda de desonestidades dominante.

Mas a coisa é tão escandalosa e assumida que as autoridades nem estão mais disfarçando. Todos querem figurar na foto e constar da lista dos que se banqueteiam à luz do dia ou à noite diante dos olhos dos incrédulos.

Só há um tempo perigoso para a corrupção, é quando ela fica exposta e sai dos escaninhos. E quando zomba da indignação do povo.