A colheita do descaso

Arimatea Sousa

Aliança em crise

O PMDB começa a emitir crescentes sinais de impaciência com a presidente Dilma Rousseff e a coordenação política do seu governo.
Dias atrás, citamos aqui o áspero nível de confrontação entre PT e PMDB em seis Estados.

SOS

Na última semana, conforme o jornal O Globo, alguns senadores do PMDB procuraram o vice-presidente da República (e presidente licenciado do PMDB) Michel Temer para ´protocolar´ a queixa.

“Estresse”

“Houve um estresse. Mas a presidente, para nossa satisfação, reagiu de forma muito positiva”, comentou Vital Filho depois da reunião com Temer.

Da boca de…

“… Democracia é, sobretudo, um processo penoso de aceitar discordâncias…” (antropólogo Roberto Damatta).

Solitário

Dias atrás, o deputado Carlos Dunga (PTB) gravou uma entrevista com a TV Cabo Branco.
Na ocasião, citou que era “o único político (do PTB) com mandato que permaneceu com Ricardo Coutinho” desde a campanha de 2010.

Quem o derrotou 

“Tive que fazer coligação com partidos de oposição, que trouxeram a minha derrota”, lamentou o petebista, ao mencionar indiretamente as alianças que fez com Vital Filho e a deputada Nilda Gondim, do PMDB.

Inconsciente

Dunga enfatizou que “o PTB ainda não está ligado ao atual governador. Mas eu sou ligado desde a eleição”.

Aí veio um ´ato falho´: “E irei até o final com o governador José Maranhão”.

Volta às origens

O presidente do PTdoB/PB, ex-deputado Genival Matias Júnior, informou que estão avançando as conversações para que o atual secretário de Comunicação de Pernambuco, Evaldo Costa (paraibano da cidade de Parari), dispute um mandato de deputado federal em 2014 pela legenda, com a mudança de seu domicílio eleitoral.

Semeadura

”Candidatura é uma coisa que se constrói e eu estou trabalhando”, comentou o próprio Evaldo, conforme Genival.

Da boca de…

“… A coisa mais dolorosa pela qual tenho passado é ver a minha geração morrer…” (atriz Fernanda Montenegro).

Nas manchetes

A semana chegou ao fim na Paraíba marcada pela impensável ação da bandidagem na cidade de Princesa Isabel, que se transformou em assunto nacional.

Aprendizado

O fato expõe a fragilidade de nossa segurança pública e deve servir para que lições sejam recolhidas do episódio.

A primeira constatação é de que o terreno está fértil para a ação dos bandidos.

Insuficiente

O aparato policial disponível no Estado nem de longe representa – sequer – o mínimo necessário para se ter, pelo menos, a desejada sensação de segurança.

PM

A Polícia Militar tem um efetivo que não chega a 10 mil homens, quando seria razoável – por baixo – o duplo desse contingente.

Sem novas vagas

Na atual administração não houve o lançamento de um único edital para concurso público na PM.
O que ocorreu foi apenas a convocação de concursados em administrações passadas.

Não é diferente

No caso da Polícia Civil, a corporação também enfrenta um déficit de efetivo imenso.

Contados a dedo

Do ponto de vista geográfico a situação consegue ser pior.

Nas pequenas cidades o destacamento policial não atinge uma dezena de policiais. Considerando que existem as folgas regulares, o efetivo no dia a dia não completa os dedos de uma mão.

Tudo a favor

Isso sem falar nas deficiências em termos de equipamentos, instalações e viaturas.
Ou seja: a Paraíba, em particular o seu interior, é o cenário dos sonhos da criminalidade.

Acinte

A ação em Princesa Isabel poderia (e pode) ocorrer em qualquer outra cidade.
Agora, a sua dimensão e planejamento tiveram a nítida intenção de desmoralizar e afrontar a estrutura da segurança pública.

Omissão

Registre-se também a posição cômoda do governo federal, que tem atuado acanhadamente – notadamente em termos orçamentários – nessa área da segurança, há muitos anos, como se nada tivesse a ver com o assunto.

Produto final

Todo esse relato é a síntese – e o resultado – de anos seguidos de opções governamentais e administrativas de relegar a segurança pública para segundo ou terceiro plano.

Até quando?

Os políticos – tradicionalmente – avaliam que segurança não se transforma em votos.
Mas a inexistência dela – estamos verificando outra vez – resulta em medo e, às vezes, em mortes.
Noutras palavras: vidas que poderiam ser preservadas.

Como Maranhão está movimentando o seu ´xadrez´?…