Washington Rocha

A eleição de 2012 para prefeito de João Pessoa-PB será, fundamentalmente, um plebiscito sobre o autoritarismo do Governador Ricardo Coutinho. Tem quem goste: é um direito. Tem também quem negue: aí já é demais. Sendo enfadonho relatar as muitas façanhas do autoritarismo girassol, foco apenas a presente façanha da escolha do candidato a prefeito do grupo governista. Trata-se de um escandaloso exercício de autoritarismo que tem o seu tanto de comédia.

Vejam: numa situação de mínimo decoro democrático-institucional, quem conduz a sucessão de um titular do poder executivo é o próprio titular, mormente quando este está habilitado à reeleição. Em João Pessoa, o prefeito, candidato natural à reeleição, foi afastado pelo governador Ricardo com um peteleco. O dito prefeito, Luciano Agra, de uma família de Campina Grande tida e havida como destemida, ousada, valente e temerária; o prefeito Luciano Agra não tugiu nem mugiu, submeteu-se. E submisso permanece.

Ricardo disse que a candidata do esquema girassol será Estelizabel Bezerra, do PSB (onde Ricardo manda). Mas pode ser Nonato Bandeira, do PPS (onde Ricardo também manda). Pode ser, mas pode ser também o Agra. Mas o Agra não saiu? Saiu porque Ricardo mandou, pode voltar se Ricardo mandar. Pode até dar na telha de Ricardo de lançar candidato um ogro. No processo girassol, os partidos não têm importância alguma: zero, nada. Agora chegamos ao PT.

O PT de João Pessoa está decidido a anular-se? A troco de quê? A subordinação da ala majoritária do PT de João Pessoa a Ricardo Coutinho só pode ter um motivo: fisiologismo, o mais desatinado fisiologismo (a não ser que seja o encantamento que provoca a estonteante beleza de Ricardo). Para o PT, fisiologismo é abismo. Os militantes do PT de João Pessoa sabem disso e sabem que o diretório da capital foi alienado pela ala majoritária nas mãos do governador. Estes  mesmos militantes têm a oportunidade de confrontar o autoritarismo girassol e retomar o partido nas próprias mãos. A carta com que podem decidir a parada é Cartaxo.

O PT tem força suficiente para entrar na disputa com chances de vitória; uma disputa que, todos sabem, será das mais acirradas da história das eleições pessoenses (um partido que perde uma oportunidade dessas não merece ser chamado de partido). E o PT tem um bom candidato: Luciano Cartaxo. Além disso, as repulsas geradas contra Ricardo encontrarão no PT seu melhor mobilizador. Vejam: a prepotência do governador distribuiu golpes a torto e a direito, mas atingiu no peito, com grande violência, os setores sindicalizados do funcionalismo público: professores, policiais, agentes do fisco, médicos,…etc (nesta área, não escapou ninguém).

A mobilização desta gente, que tem sido tratada pelo governador Ricardo Coutinho como lixo dos lixos, será fator decisivo para a derrota do autoritarismo girassol. O partido que tem melhores condições de mobilizar esta gente é o PT (também os estudantes, que não são sindicalizados, mas se organizam em associações, foram atingidos pelo mandonismo ricardista; o PT, melhor que qualquer outro partido, poderá mobilizá-los). O PT nasceu e se criou pelos caminhos desse povo (sei disso porque fui um dos fundadores do PT e presidente do PT em João Pessoa); abandoná-lo agora, será pior que omissão, será traição.

As cartas estão na mesa. A reunião do dia 18 decidirá entre o PT lançar Cartaxo ou o PT ser capacho.