Polêmicas

A cada mês, PE tem uma obra batizada com o nome de Eduardo Campos

Desde a morte do ex-governador Eduardo Campos, há um ano, Pernambuco tem tido em média uma obra batizada com o nome dele a cada mês no Estado.

Desde a morte do ex-governador Eduardo Campos, há um ano, Pernambuco tem tido em média uma obra batizada com o nome dele a cada mês no Estado. Levantamento feito pela reportagem do UOL mostra que ao menos 14 receberam o nome dele desde sua morte, em um acidente aéreo em Santos (a 72 km de SãoPaulo), em agosto de 2014. Outras 15 obras podem ganhar em breve o nome do ex-presidenciável.

Pouco menos de duas semanas após a morte de Campos, deputados estaduais começaram a propor os primeiros projetos de lei para colocar o nome do ex-governador em obras e honrarias.

Dez propostas se tornaram leis estaduais desde agosto do ano passado. A primeira delas foi a do Complexo Turístico Portuário, que passou a incluir “Governador Eduardo Campos” no título. O conjunto é formado por Porto do Recife, Terminal de Passageiros, Museu Cais do Sertão e Centro de Artesanato de Pernambuco.

Também integram a lista trechos de estradas, escolas, uma adutora, um teleférico e até órgãos do governo, como a empresa de turismo e o instituto de gestão pública. Muitas das obras ainda nem foram inauguradas.

A iniciativa de homenagear o ex-líder do Executivo estadual não partiu apenas dos membros do Legislativo estadual. Vereadores de cidades pernambucanas também deram sua contribuição. No último ano, ao menos quatro obras foram inauguradas e nomeadas “Governador Eduardo Campos”: uma praça, um ginásio de esportes, um conjunto habitacional e uma Academia da Cidade.

Mais homenagens em breve
E a referência a Campos não para por aí. Outras 15 obras podem ser batizadas em breve. Ao menos quatro já estão em construção no Estado: um conjunto habitacional, um Compaz (Centro Comunitário da Paz), uma creche-escola e uma Upinha 24 horas, unidade voltada para o atendimento de crianças, todos no Grande Recife.

O futuro Instituto de Oncologia do Imip (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), no Recife, ainda nem tem previsão para começar a ser construído, mas a unidade deve receber o nome de Eduardo Campos.

Além disso, 11 projetos de lei estão em tramitação atualmente –cinco na Alepe (Assembleia Legislativa do Pernambuco), um na Câmara Municipal do Recife e quatro na Câmara Federal– ; todos fazem referência ao ex-governador. No Legislativo estadual, as propostas envolvem uma escola técnica, uma adutora, um parque industrial e até o Polo Automotivo de Goiana (a 64 km da capital). Na Câmara do Recife, o projeto quer colocar o nome de Campos em uma importante via da capital.

Na Câmara Federal, tramitam propostas para batizar a ferrovia Transnordestina –que ligará os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) a Eliseu Martins (PI)– , e um trecho BR-428, entre Petrolina (PE) e Cabrobó (PE). As duas matérias foram aprovadas pela Comissão de Viação e Transporte e precisam ainda passar pelas comissões de Cultura e Constituição, Justiça e Cidadania para seguir para o plenário.

Freyre x Campos
Outros dois projetos que estão em andamento na Casa têm causado polêmica: ambos propõem mudanças no nome do aeroporto da capital pernambucana.

Um deles sugere a retirada do nome do atual homenageado, o escritor recifense Gilberto Freyre (1900-1987), autor de “Casa-Grande e Senzala”, para a inclusão de “Governador Eduardo Campos”. O outro recomenda que o local passe a se chamar “Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre e Governador Eduardo Campos”.

As sugestões geraram críticas nas redes sociais. Um abaixo-assinado que circula na internet quer impedir que o nome de Campos seja incluído no do aeroporto. “É preciso dar um basta no uso dos bens públicos para beneficiar a imagem de um partido ou grupo político”, diz o texto do documento virtual. Até a última sexta-feira (28), mais de 13 mil pessoas tinham assinado a petição.

A proposta que sugere a substituição de nomes foi rejeitada pelos deputados da Comissão de Viação e Transportes, que votaram pela aprovação do projeto que pede a inclusão do nome do ex-governador. A matéria ainda precisa passar pelas comissões de Cultura, Constituição e Justiça e Cidadania para só então ser votada em plenário.