Praticamente 95% das 130 assinaturas de apoio à formação do Partido Social Democrático (PSD) colhidas em São Lourenço do Oeste (SC) e apresentadas à 49ª Zona Eleitoral (49ª ZE) da cidade estão irregulares. Cinco pessoas que já morreram, presentes na lista através de assinaturas falsas, figuravam entre as irregularidades. Até mesmo o presidente da subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil, Gilberto Schiavini, chamado para reconhecer a assinatura de apoio ao futuro partido na 49ª ZE, declarou não reconhecer a rubrica como sua.
“É de surpreender os ilícitos anotados nas listas”, comentou o chefe de cartório da Zona, Ângelo Eidt Pasquali. No relatório que lista assinaturas colhidas nos municípios de São Lourenço do Oeste (130), Novo Horizonte (50) e Jupiá (50), o chefe de cartório apontou irregularidades em todos eles, sendo as de São Lourenço do Oeste as mais grosseiras. Apenas sete das 130 colhidas foram autenticadas pelo cartório. Das irregularidades, o oficial destacou o domicílio eleitoral não pertencente à sua Zona, assinaturas diferentes das originais, eleitores cancelados por ausência à revisão eleitoral e cinco falecidos que “assinaram” apoio ao PSD. São eles: Ivo Pavan Libardoni (morto em 2009), com registro no Cartório de Registro Civil de Vitorino, no Paraná, Hermino Joacir Cacciatori (morto em 2008), registrado em São José dos Pinhais, Paraná, Affonso Martignago (morto em 2009), registrado no CRC São Lourenço do Oeste, em Santa Catarina, João Dall Pont (morto em 2010), registrado em Ferraria de Campo Largo, Paraná, e Diva Lucena Libardoni (morta em 2008), registrada em São Lourenço do Oeste, Santa Catarina.
“Ao analisar o agrupamento de situações, saltam aos olhos o número de dados informados pelo PSD, na lista de eleitores de São Lourenço do Oeste, que não foram possíveis de atestar a autenticidade das informações confrontadas. Tal questão mereceu uma analise mais acurada de cada caso, oportunidade em que se verificou flagrante discrepância entre as rubricas comparadas, eis que, notória e cristalina a diferença entre o formato das letras, força da empunhadura e semelhança entre as demais assinaturas constantes no corpo da lista de apoiamento”, relatou Pasquali.
Parente lamenta. Primo em segundo grau do casal Ivo Pavan e Diva Lucena Libardoni, dois dos cinco mortos incluídos na lista de apoio ao PSD, em São Lourenço do Oeste, o ex-deputado estadual Francisco Libardoni, 80 anos considerou lamentável o episódio. “Não acredito que certas pessoas conseguiram fazer São Lourenço do Oeste aparecer na mídia com este tipo de noticiário. É lamentável que estes sujeitos estão tentando construir um partido na base da falcatrua e o desrespeito com os mortos. São Lourenço não merece”, protestou o ex-deputado com mandato pelo PMDB no período de 1970 a 1982.
Francisco Libardoni acrescenta que é crucial para a credibilidade e a história de um partido nascer com idoneidade e que nestas condições ele não pode ser aceito pela sociedade nem pelas instâncias jurídicas que fiscalizam suas ações. “Eles devem pagar o preço por este tipo de comportamento”, acrescentou.
‘Armação política’. O presidente da comissão executiva do PSD em Santa Catarina, Nelson Serpa, também Procurador Geral do Estado, disse que vai acompanhar as investigações e disse suspeitar de “armação política”. Já o advogado do PSD em Santa Catarina Admar Gonzaga, comentou que prefere aguardar o inquérito para apurar os problemas. Ainda nesta semana, conforme apuração feita pelo 78ª Zona Eleitoral, outras irregularidades foram notificadas e encaminhadas à Polícia Federal de Chapecó para a abertura de inquérito. 26 assinaturas, entre identificadas como falsas, de pessoas comprovadamente analfabetas e outras que afirmam não ter assinado qualquer lista de apoio partidário, foram identificadas nos municípios de Irati, Quilombo e Santiago do Sul, também na região Oeste de Santa Catarina. “No nosso sistema de intranet, vários colegas têm comentado sobre as irregularidades e a previsão é de que possam aparecer muito mais”, comentou o chefe de cartório da 78ª ZE, de Quilombo, Rodrigo Sabadin Hexsel.