As grandes mulheres dos homens grandes

Gilvan Freire

A eleição da presidente Dilma Rousseff, cujo governo é predominantemente de homens capazes de tudo e mulheres pra tudo incapazes, gerou um aparente orgulho feminino nacional que, na prática, não revelou-se nem mesmo durante sua eleição quando o resultado eleitoral nada de extraordinário trouxe que pudesse caracterizar uma revolução das anáguas.

Desde os tempos da campanha até sua posse, ficou claro que dona Dilma tinha o melhor dos atributos como mulher: o de ser a ‘mulher de Lula’ sem ser a esposa dele. Fosse bem mais nova do que é, talvez se dissesse a ‘filha de Lula’, para justificar a homenagem que os pobres do Brasil quiseram prestar a outro pobre que chegou à condição de presidente da República – um lugar reservado antes aos membros da elite política do país.

Assim como os flagelados nordestinos entraram com Lula de palácio a dentro( muitos jogaram futebol e comeram churrasco na residência oficial do operário nobrelizado), as mulheres brasileiras tiveram a sensação de que haviam também chegado ao poder com Dilma, mesmo que para sua eleição ela houvesse precisado menos de ser mulher do que ‘mulher de Lula’.

Essas circunstâncias não desmerecem as mulheres do Brasil, que têm competência reconhecida para governar de casa às ruas, muitas vezes até superior a homens que servem mais para ser governados. A questão é outra. É que nas eleições deste ano não falta quem pense que haverá um ‘efeito Dilma’, ou seja, um clima de mulheridade capaz de gerar favoritismo em torno de candidaturas a prefeita, bafejadas pelo que seria a onda da ‘presidenta’, uma denominação arrogante que trocou o ‘e’ pelo ‘a’ e mais nada mudou depois da era Luiz Inácio da Silva.

Esse besteirol completo de considerar as mulheres mais capazes do que eram antes, só porque uma delas chegou à Presidência da República, é irracional e ilógico, porque nem Dilma conseguiu isso pra si mesma por causa dessa condição. Não fosse Lula, ninguém saberia de onde Dilma veio.

Na Paraíba, na onda da ‘presidenta’, uma pedantia que tenta dar outro sexo a um cargo como pretendendo induzir um movimento feminista, há pelo menos quatro mulheres interessantes querendo disputar as maiores prefeituras do Estado. Ao que parece, nenhuma delas acredita que o efeito Dilma possa lhe dar a eleição. São todas inteligentes, destemidas e capazes, além de belas ou carismáticas. Mas Tatiana é a ‘mulher do cabeludo’; Marlene é ‘mulher não oficial de Cássio’; Daniella é a ‘filha de Enivaldo’, e Estelizabel é a ‘mulher de RC’. Afaste esses homens dessas mulheres e veja as chances de vitória que elas têm.

Já para brilharem como mulheres fora da política, elas não precisam deles para nada.