Ricardo, a imprensa, a internet e a força do povo

Nilvan Ferreira

Confesso que hoje fiquei abismado com o poder que a internet e as redes sociais impõem a determinadas situações, principalmente quando o assunto fere os interesses da sociedade. E hoje, terça-feira, tudo foi emblemático e bastante representativo neste aspecto. Ninguém ouse em desafiar a opinião pública nos dias de hoje, na era da internet e do poderio das redes sociais. Um assunto é desmistificado em fração de segundos, uma mentira é desmoralizada com a velocidade da luz.

Mas, hoje tive outra certeza: um governo também pode ser abatido pelos milhares de frequentadores e soldados das redes sociais. Os mesmos que deram fama a #luizaestanocanada também podem dizer a um governador que ele não é o dono da verdade, nem o senhor absoluto do mundo dos homens. Foi o que aconteceu com o governador Ricardo Coutinho no dia de hoje.

Ricardo, acostumado a “deitar e rolar”, exercendo um certo domínio em parte da imprensa, passou por maus “bocados”, quando viu a sua gestão desmoralizada por milhões de mensagens e protestos, espalhados nas redes socias, chegando a ocupar lugar de destaque a nível nacional. Foi uma “bola fora” do governo, que a cada dia se transforma extremamente antipático perante a população.

A redução nos recursos repassados à UEPB – Universidade Estadual da Paraíba, tida como o símbolo maior do produto acadêmico do estado, que representa uma interferência direta na autonomia da instituição, era o assunto que Ricardo Coutinho não poderia nem imaginar em “bulinar”. Atacar a UEPB é também atacar o conhecimento e a produção que a instituição produz diariamente.

Acontece que, ao contrário do que pensava o governador e seus aliados, a resposta veio mais rápido do que muitos imaginavam. A reação foi imadiata, em cadeia, sequenciada, fomentada pelos poucos setores da imprensa independente da Paraíba, disposta a levantar as bandeiras que realmente interessam a nossa sociedade. Nenhum outro atentado pode ser comparado em termos de prejuízos quando é direcionado à educação. E foi o que ocorreu neste dia, que pode ser considerado histórico para as recentes lutas da população.

Ricardo recebeu o recado do povo. Tomara que tenha sido convencido. Não se pode pensar em priorizar a educação desmontando o que temos de mais importante. A regra deveria ser outra. O correto seria o governo reforçar o orçamento da UEPB, além de aprofundar o nível de compromisso, na prática, com a sua autonomia, principalmente a financeira, que representa uma luta de longos anos. A caneta de um governador não pode tudo. Não pode e nem deve subestimar a força do cidadão, principalmente em tempos de internet livre e pronta pra repercutir os assuntos mais abraçados pela sociedade.