100 dias: Reginaldo diz que herdou dívida de R$ 500 milhões no município de Santa Rita

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O prefeito de Santa Rita, Reginaldo Pereira (PRP), relata que herdou uma dívida total de R$ 500 milhões, incluindo fornecedores, empresa de coleta de lixo e salários atrasados dos servidores públicos municipais na décima entrevista da série ‘100 Dias de Gestão: E agora, Prefeito’, do JORNAL DA PARAÍBA. Aos poucos, o prefeito diz começa a equilibrar as finanças, reativar os serviços em diversas áreas e executar obras. “Infelizmente, não se reconstrói uma cidade em 100 dias. Mas o que foi possível fazer nesses três meses, com as condições que encontramos, nós fizemos”, assevera Reginaldo Pereira.
JORNAL DA PARAÍBA – Quais as principais dificuldades encontradas pelo senhor quando assumiu o governo e quais já foram superadas?

REGINALDO PEREIRA – A principal dificuldade foi encontrar R$ 5,5 milhões em salários e décimo terceiro atrasados e não ter como quitar, porque o ex-prefeito deixou apenas R$ 360 mil no cofre e uma dívida de R$ 500 milhões. A administração passada teve oito anos para nomear os concursados e só fez isso nos últimos meses da gestão, convocando 700 pessoas de uma vez só, e eu estou tendo que pagar esses salários. Encontramos a cidade coberta de lixo. A empresa responsável pela coleta não era paga há oito meses, a dívida estava em R$ 50 milhões. Fizemos um acordo com a empresa, parcelamos a dívida e limpamos a cidade em um mês. Encontramos metade da cidade às escuras. Compramos lâmpadas e estamos recuperando a iluminação pública dos bairros. A saúde estava um caos. Uma pessoa tinha que esperar meses para fazer um simples exame de sangue. Eles ofereciam mil exames por mês. Hoje, estamos oferecendo 10 mil. Todas as 39 Unidades Básicas de Saúde estavam sucateadas. Os profissionais não tinham condições adequadas para trabalhar. Aos poucos, estamos resolvendo essa questão. Já autorizamos a reforma em algumas unidades e a compra de móveis. Muitas escolas estão com problemas na estrutura, mas já fizemos pequenas intervenções para resolver os casos mais graves. A cidade tem sérios problemas de infraestrutura, por isso iniciamos há algumas semanas uma operação tapa-buraco, pelo menos para resolver os problemas das principais ruas, por onde passam os ônibus coletivos. Estamos trabalhando em todas as frentes para sanar os principais problemas da cidade.

JP – Quais os principais investimentos previstos para a cidade?

REGINALDO – Na área da saúde, estamos buscando recursos para construir o Hospital Infantil, reformar e ampliar o Centro de Saúde Padre Malagrida e transformar o Centro de Saúde Flávio Maroja em uma Unidade de Pronto Atendimento para pequenas cirurgias. Vamos buscar junto ao Ministério das Cidades recursos para asfaltar o anel viário da cidade e implantar esgotamento sanitário nos bairros Eitel Santiago e Marcos Moura. Estamos ainda elaborando um projeto para fazer o canal do Rio Preto, para acabar com os alagamentos nas comunidades ribeirinhas. Em fevereiro, anunciamos a construção de 928 casas e estamos elaborando um projeto para construir dois mil apartamentos populares. Nossa meta é reduzir em pelo menos 50% o déficit habitacional. Na área da educação, conseguimos viabilizar a construção do IFPB e nos próximos meses vamos iniciar a construção do prédio.

JP – Como está a relação com os servidores? Já há a previsão de reajustes ou outros benefícios para as diversas categorias do funcionalismo municipal? Foram extintos quantos cargos? Qual a economia em dinheiro? Foram criados cargos? Qual o impacto financeiro?

REGINALDO – Eu disse durante a campanha que daria uma atenção especial ao servidor público e vou dar. Se houver um incremento na arrecadação do município, nada mais justo que o servidor possa receber um reajuste. Estamos respeitando todos os direitos trabalhistas dos servidores, mas também estamos cobrando ação. Queremos acabar com essa história de funcionário público ganhar dinheiro sem trabalhar. Nós extinguimos mais de 400 cargos e criamos a figura do assessor especial como prestador de serviço, semelhante ao Governo do Estado.

JP – O senhor encontrou obras paralisadas deixadas por gestões anteriores? Quais já foram retomadas?

REGINALDO – Encontramos várias obras do PAC paralisadas. O Governo Federal mandou o dinheiro, a administração anterior fez os contratos, mas não deu andamento às obras. Nós contratamos um técnico para legalizar toda documentação e já retomamos as obras. São creches, ginásios, praças e um restaurante popular.

JP – Como tem sido o relacionamento com o governo estadual e o governo federal nesse início de gestão?

REGINALDO – Nós estamos abertos a todo tipo de parceria, porque nossa cidade precisa de investimento. Santa Rita tem 180 mil habitantes, 100 mil eleitores, faz parte da Grande João Pessoa e não tem nem cinco por cento de esgotamento sanitário. Então você observa que não houve investimento por parte de governo estadual em Santa Rita ao longo de muitos anos. Eu disse aos meus secretários, onde couber recurso, é para elaborar projeto. Comigo não tem partidarismo. O meu grupo é o povo. Estamos abertos a quem quiser levar obras para Santa Rita.

JP – Como tem sido a relação com a Câmara Municipal?

REGINALDO – A melhor possível. O que os vereadores têm a dizer de um prefeito que trabalha pelo povo? A Câmara tem de estar preocupada com a execução orçamentária. Eu digo aos vereadores, se souber de algum secretário que está roubando, recebendo propina, nota fria, licitações fraudulentas, denuncie que eu coloco para fora. A Câmara é minha aliada para isso, para fiscalizar as ações da prefeitura.

JP – Como foi o processo de transição de governo? O senhor enfrentou problemas no início da gestão por causa do modo como a transição foi feita?

REGINALDO – Na verdade não houve transição. Alguns técnicos da gestão passada nos apresentaram meia dúzia de papéis. Os secretários não prestaram contas dos programas que estavam em andamento, não tivemos acesso a documentos de obras. Nós encontramos a prefeitura devastada. Eles levaram muita coisa, computador, câmera fotográfica e cadeira. Não ficou nem 10% do que eles compraram em oito anos. Uma verdadeira corrupção, um quadro triste. Mas já estamos fazendo um levantamento para apresentar toda essa situação ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público.

JP – Como está a situação das contas da prefeitura atualmente? Há dívidas ou a situação já está equilibrada?

REGINALDO – Estamos equilibrando aos poucos. Nossa prioridade é o servidor público. Estamos pagando em dia os salários dos servidores. Ainda temos muitas dívidas que foram deixadas pela administração anterior, mas parcelamos e estamos pagando em dia.

JP – Como o senhor avalia esses três meses de gestão? Deu para atingir os objetivos esperados nos 100 dias? E quais as metas para o futuro?

REGINALDO – Infelizmente, não se reconstrói uma cidade em 100 dias. Mas o que foi possível fazer nesses três meses, com as condições que encontramos, nós fizemos. Os problemas emergenciais, principalmente na área da saúde, nós conseguimos melhorar. E estamos trabalhando todos os dias para buscar recursos junto aos governos e investir em Santa Rita.