Uma prótese de membro inferior esquerdo avaliada em R$ 30 mil perdida no mar de João Pessoa por um turista de férias. O pânico de quem depende de algo que é essencial para se locomover de forma livre e sem precisar de muletas. Uma rede de solidariedade que mobilizou várias pessoas e que reencontrou e devolveu o objeto quatro dias depois. Foi esse o resumo do início de férias de Bruno Mynssen, de 33 anos, um técnico de enfermagem que está passando alguns dias na capital paraibana.
Bruno viajou de Brasília a João Pessoa em companhia da namorada, para passar alguns dias na casa de amigos e assim conhecer a cidade. Desembarcou na quinta-feira (31) e na sexta-feira (1º) resolveu passar o dia na praia. Na hora de ir embora, por volta das 16h, resolveu dar um último mergulho, no momento em que o mar já estava mais cheio, bem mais forte.
Nadou e, de repente, percebeu algo estranho. Na mesma hora, comunicou desesperado a situação à namorada. Havia perdido a prótese de sua perna. “Eu fiquei preocupado. Falei com minha namorada e na mesma hora ela passou mal. Teve uma queda brusca de pressão”, explica.
O desespero não era à toa. Desde 2007, quando ele sofreu um acidente de moto e perdeu a perna esquerda na colisão, ele usava uma prótese muito menos moderna que a atual, que era bem mais pesada e limitava os seus movimentos.
A mudança aconteceu há apenas dois meses, depois que uma médica, colega de trabalho do Hospital da Criança de Brasília, iniciou uma vaquinha com os colegas para substituir a prótese. Que, de acordo com ele, é bem mais cara e bem mais moderna também, feita de fibra de carbono e à prova d’água. “A nova perna me permite uma mobilidade quatro vezes maior que a anterior”, compara.
Começava, a partir daí, uma demonstração de solidariedade que comoveria Bruno. “Eu só tenho a agradecer aos moradores de João Pessoa”, resume ele.
O turista explica que uma amiga pessoense, Cynthia Santiago, tomou à frente o esforço coletivo que se seguiria. Acionou o Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, espalhou a notícia por grupos de WhatsApp, mobilizou pessoas da imprensa. A notícia se espalhou rapidamente.
“Todo mundo me reconhecia na rua, oferecia ajuda, se esforçava para encontrar a prótese. Foi impressionante a mobilização”, admira-se Bruno.
Ele explica que o Corpo de Bombeiros realizou buscas, sem sucesso. Bruno e amigos também procuraram. E até detectores de metal usaram para tentar reaver a peça. Outros voluntários igualmente tentaram ajudar. Nada. Após o fim de semana, ele resolveu relaxar. Tentar curtir as férias apesar da perda, usando muletas mesmo. Até que, no fim da tarde de segunda-feira (4), recebeu uma ligação salvadora.
Era um pescador, Marcílio, que tinha encontrado a prótese enquanto pescava na tarde daquele mesmo dia. Comentou a novidade com a esposa e essa disse ter visto a repercussão do caso nas redes sociais. Os dois procuraram o telefone de contato e finalmente chegaram em Bruno. Marcílio então telefonou a Bruno, depois enviou algumas fotos a ele e pediu a confirmação se era mesmo a prótese dele que tinha sido achada. O turista de Brasília reconheceu a peça por causa de uma pequena falha em sua base.
“Eu estava no Mercado de Artesanato Paraibano quando recebi a ligação. Fiquei muito feliz. Na manhã desta terça-feira (5), eu reavi a perna”, comemora.
Bruno está em êxtase. Disse que ofereceram carona para ele pegar a prótese, o que apenas aumentou a sua admiração pelos moradores da cidade. Tanto é, que ele ainda não foi nem embora, mas já quer voltar.
“Só volto para Brasília no dia 12. Agora é aproveitar a cidade bastante e voltar muitas outras vezes. Já marquei para retornar em novembro”, finaliza, feliz com o desfecho positivo de toda a saga que enfrentou nos últimos dias.
Fonte: G1PB
Créditos: Polêmica Paraíba