Três em cada 100 paraibanos têm epilepsia, uma patologia neurológica crônica caracterizada por crises, produzindo descargas elétricas anormais. A doença atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo e cerca de 3 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O médico clínico do Hapvida em João Pessoa, Carlay Antunes explica que pode ocorrer dois tipos de epilepsia. “A generalizada é quando envolve todo cérebro e a parcial, em que a disfunção se limita a uma determinada área cerebral”, disse.
A epilepsia é a condição neurológica crônica mais comum em todo mundo e afeta pessoas de todas as idades, raça e classe social. “É uma patologia que impõe um peso grande nas áreas psicológica, física, social e econômica, revelando dificuldades não só individuais, mas também familiares, escolares e sociais, especialmente devido ao desconhecimento, crenças, medo e estigma. Não tenha medo nem preconceitos, epilepsia não é uma doença contagiosa, nem é sinal de loucura”, orineta.
Carlay Antunes explica que a identificação da doença se dá por meio de exames de eletroencefalograma (EEG) e de neuroimagem. Além disso, o histórico clínico do paciente é muito importante já que exames normais não excluem a possibilidade da pessoa ser epiléptica. “Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, conseqüentemente, na busca do tratamento adequado”, afirma.
A presença de língua mordida, desvio lateral persistente da cabeça durante a crise, posturas não usuais do tronco ou membros, contração muscular prolongada dos membros e confusão mental prolongada após a crise, são algumas características que aumentam a chance de se tratar da doença.
Em termos de causas para essa patologia um fator que deve ser levado em consideração é a idade de início dos sintomas, histórico familiar, recorrência de episódios (frequência e intervalo entre as crises), e situações associadas ao evento. O médico esclarece que “menos da metade dos casos de epilepsia apresentam uma causa identificável das crises (como presença de malformações arteriovenosas ou tumores do sistema nervoso central) e alguns casos apresentam associação com fatores genéticos”.
Em meio às causas mais frequentes conforme a idade de início da epilepsia é possível observar: 0 a 14 anos: Transtornos genéticos, malformação do sistema nervoso central (SNC), infecção do SNC, trauma cranioencefálico (TCE); 15 a 45 anos: TCE, tumor, etilismo; e acima de 45 anos: Doença cerebrovascular e tumor do SNC.
Apesar de muitos pré-conceitos existirem acerca da epilepsia, essa é uma doença que possui tratamento e que ocorre preferencialmente de forma medicamentosa. “O principal objetivo é bloquear as crises, e, com isso, espera-se que o paciente tenha uma qualidade de vida dentro da normalidade”, afirma Carlay.
O médico ainda reforça que uso de medicamentos anticonvulsivantes é eficaz em 70% a 80% dos casos. “O sucesso do tratamento depende fundamentalmente do paciente, que precisa fazer uso regular da medicação por algum tempo, não necessariamente por toda a vida. Ele precisa entender sua condição, saber que medicação está usando e quais são seus efeitos colaterais”.
Apesar do tratamento medicamentoso ser eficaz, em boa parte da população que tem crises epiléticas em alguns casos faz-se necessário o tratamento por meio de cirurgia. “A cirurgia só é realizada se a epilepsia for localizada (focal), ou seja, quando apenas uma área específica do cérebro for afetada, não sendo realizada quando a doença é generalizada no cérebro (multifocal). Existem centros apropriados para o diagnóstico e o tratamento da epilepsia, com uma equipe multidisciplinar, que inclui neurologistas, enfermeiros e psicólogos. Esses centros também atendem os casos que necessitam de cirurgia”, explica.
Crise de epilepsia
O médico clínico, Carlay Antunes, enumera algumas medidas que devem ser tomadas ao presenciar alguém sob uma crise de epilepsia. São elas:
1. Mantenha-se calmo;
2. Tente proteger a pessoa em crise epilética, evitando que sofra acidentes tirando objetos pontiagudos ou cortantes de suas mãos e retirando objetos cortantes de locais próximos;
3. Não o imobilize. Se estiver indo em direção a algo perigoso, leve-o com tranquilidade para um local seguro, coloque-o deitado de lado e afrouxe as roupas para que ele possa respirar melhor; se possível, coloque um travesseiro ou uma almofada apoiando a cabeça do paciente. Não tenha receio da saliva, pois não é contagiosa. O contato com a saliva do paciente não oferece qualquer tipo de risco;
4. Não dê nada para a pessoa em crise epilética beber ou cheirar;
5. Não passe nada no pulso do paciente;
6. Não coloque nada dentro da boca do paciente e não segure a língua, pois ela não enrola;
7. Ligar para SAMU em casos que necessitam de avaliação emergencial, como crise que duram mais de 5 minutos ou paciente não apresenta recuperação completa da consciência;
8. É importante, entretanto, saber que, como a maioria das crises é rápida, não há tempo suficiente para que o paciente seja levado ao hospital para receber medicação. Muitas vezes, após o término da crise o paciente pode ficar ainda confuso e sonolento sendo que depois de alguns minutos este volta ao estado normal. Pode permanecer algum tempo com dor de cabeça e dores no corpo. Apesar de muitas vezes dramática, não há dor nem sofrimento durante a crise. O paciente geralmente tem comprometimento da consciência e não sabe o que está acontecendo.
Fonte: Múltipla Comunicação
Créditos: Assessoria de Imprensa