Retrocesso educacional

SONHO INTERROMPIDO: Estudantes de medicina terão que trancar cursos após faculdade quebrar vínculo com FIES

 

Andrea Diniz e Daniel Lucas. Estudantes de medicina da FACENE / FAMENE (Foto: Arquivo pessoal )

Estudantes da Faculdade de Medicina e Enfermagem Nova Esperança (FACENE/FAMENE), estão sendo prejudicados e correm o risco de trancar o curso após faculdade se desvincular do Fies e não ter condições de pagar a mensalidade que já é considerada  a mais cara do Nordeste.

Inseguros, os estudantes criaram o movimento Unidos por um Ideal de Educação Inteligente (UNIEI), com o objetivo de lutar pelo direito ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e pelo pagamento de uma mensalidade mais justa, para que possam permanecer estudando.

O movimento conta com mais de cem alunos. Insatisfeitos com a atual situação da instituição, relatam que “A faculdade não se preocupa com o bem-estar do aluno e não oferecem nenhum tipo de financiamento. Uma vez que a minoria é quem consegue pagar o valor abusivo da mensalidade sem quaisquer tipo de ajuda.” disse a aluna Rafaela Lobão.

Rafaela Lobão, 19, estudante do terceiro período de medicina, concluiu o ensino médio em 2017 e no ano seguinte ingressou na FACENE / FAMENE. Ela curso o primeiro período pagando as mensalidades no valor de R$ 8.350,00, quando recebeu a informação que a faculdade estaria se desvinculando do Fies. Nenhum outro tipo de financiamento foi oferecido pela instituição.

“É desesperador e me consome a ansiedade em não ter a certeza se irei me formar, se irei retribuir à minha família tudo que estão investindo para realização do meu sonho. Isso reflete em meus estudos. É difícil e desestimulante.” concluiu Rafaela.

Natural de Catolé do Rocha – PB, Andrea Diniz, veio morar em João Pessoa no ano de 2016 em busca de um sonho, ser médica. “Escolhi a Famene por ser uma das faculdades mais renomadas na época e, não menos importante, pela questão do financiamento.” disse.

Andrea relata que quando prestou o vestibular para ingressar na instituição, ainda havia a possibilidade de financiar o curso. Ao obter aprovação, a faculdade, repentinamente, passou a não mais aderir ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies) sem aviso prévio.

“Além de mim, meu pai possui mais dois filhos, incluindo uma de 8 e outro de apenas 4 anos. Ele, além de arcar com as despesas dos meus irmãos e com nossa casa em Catolé do Rocha, é o responsável por pagar a minha faculdade e todas as minhas despesas aqui em João Pessoa, que não são poucas. Inclui transporte, alimentação e aluguel.” disse Andrea.

De acordo com Andrea, o pai dela sempre trabalhou exaustivamente para garantir as mensalidades, que na época, custavam R$ 8.350,00. A família sempre foi ciente do aperto que passava, mas, tinham a esperança de que a faculdade fizesse algo pelos seus alunos, mas até hoje nada nos foi proposto.

“Meu pai estava trabalhando de forma descontrolada, quando por estresse, desenvolveu uma gastrite nervosa por trabalho excessivo. Ele precisou diminuir a sua carga de trabalho, por conta disso. Atualmente, nossa situação está cada vez mais crítica e foi a partir daí que, eu, os demais colegas da faculdade e os nossos pais, organizamos o movimento Unidos por um Ideal de Educação Inteligente (UNIEI), ), onde prezamos por uma faculdade acessível a todos e por algo tipo financiamento”.

“Chega a ser revoltante estudar com a incerteza de poder continuar no curso. Ter isso em mente me desconcentra nos estudos, me torna ansiosa. É triste saber que a qualquer momento posso ter meu futuro interrompido pelo medo de faltar dinheiro. Infelizmente enfrentamos uma era onde a depressão e ansiedade, especialmente nos estudantes de medicina, tem se tornado comum.” lamentou Andrea.

Conterrâneo de Andrea, Daniel Lucas, 19, veio morar em João Pessoa para realizar um sonho, não só sonhado por ele, mas, por toda família de seguir a carreira de médico. Não muito diferente de Rafaela e Andrea, Daniel optou por ingressar na faculdade com a esperança de conseguir o financiamento para que pudesse permanecer no curso. Portanto, há 3 semestres quando passou no vestibular e se matriculou foi surpreendido com a saída da faculdade do programa de financiamento.

“Estou na faculdade e meu pai pagou em 2018 o valor de R$ 8.350,00 mensais e agora em 2019 aumentou par R$ 8.850,00 sem nenhum tipo de desconto. Ao longo desse tempo a gestão da faculdade nunca mostrou interesse em querer ajudar o aluno de nenhuma forma.” disse Daniel.

O pai de Daniel é aposentado e já esgotou todas as economias da família, aguardando que a faculdade aceite o Fies novamente ou algum outro financiamento. “Esse é meu último semestre cursando medicina se não houver nenhum tipo de financiamento. O que traz um sentimento de muita tristeza e frustração. Já houve muita luta e batalha pra chegar até aqui e para conseguir cada mensalidade.” concluiu.

Uma reunião está prevista para a tarde desta terça-feira, (14), onde a representante da comissão que está a frente desta luta, Nadja Palitot, pretende entregar uma petição ao Ministério Público Federal como reivindicação para que algo seja feito para solucionar este conflito que foi instalado.

 

 

 

 

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Adriany Santos