Com a presença de autoridades públicas, vereadores, representantes da Semob, da Prefeitura de João Pessoa e do Governo do Estado, entre outros convidados, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP), realizou na manhã desta terça, 17, no Hotel Nord Luxxor, em Cabo Branco, um encontro para discutir a situação atual do transporte coletivo da capital paraibana.
Iniciado por Alberto Pereira Nascimento, presidente do Sintur-JP, o evento tratou principalmente da crise do setor, que foi agravada a partir de 2014. Segundo ele, em 2013, o número de passageiros transportados foi quase 95 milhões e, em 2019, a expectativa é de que o ano seja fechado com pouco mais de 66 milhões de passageiros transportados, o que representa uma queda de 30%.
“Chegamos a ter a terceira frota mais nova entre as capitais do Brasil, mas nossa situação hoje é bem diferente. Mais uma empresa fechou neste ano, a Mandacaruense. O modelo atual de nossa operação precisa ser revisto urgentemente. Nosso sistema foi planejado há 30 anos, com as linhas definidas para atender os cinco corredores principais da cidade. Temos linhas que rodam o domingo inteiro e só transportam cem passageiros, isso representa um custo grande e é um dos pontos que precisam ser reavaliados”, revelou Alberto Pereira Nascimento.
De acordo com o presidente do Sintur-JP, a tarifa seria mais barata se não houvesse Imposto Sobre Serviço (ISS), pago ao município, e o ICMS sobre o óleo diesel, além do fato de que atualmente 33% dos clientes que usam coletivos têm direito à gratuidade ou possuem benefício na passagem, como é o caso dos estudantes.
Outro ponto abordado no evento, foi como o fenômeno da integração também impacta na tarifa dos passageiros pagantes, mesmo tendo um aspecto social positivo. Em João Pessoa, o Terminal de Integração do Varadouro foi criado há 15 anos.
Além dos fatores já pontuados, Alberto Pereira Nascimento ressaltou que o transporte por aplicativo prejudica bastante o sistema. “Eles atendem praticamente quem faz curtos trajetos. Quando duas pessoas juntam o dinheiro de suas passagens já paga o valor desse tipo de transporte. Temos conhecimento disso. A verdade é que é uma concorrência muito injusta”, disse o presidente do Sintur-JP.
A realidade é que a situação atual do setor é muito delicada. O único meio de transporte que oferece meia passagem para estudantes, transporta idosos, pessoas com deficiência e outras categorias gratuitamente está ruindo. Hoje, os ônibus estão cada vez mais transportando apenas quem faz viagens mais longas e/ou tem benefício na passagem.
O palestrante do encontro, Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus Fortaleza (CE), colocou um ponto de vista interessante sobre o transporte público. “Em Fortaleza, João Pessoa e em todo o Brasil, os desafios são os mesmos, com algumas diferenças pontuais. Estamos muito perto de um ponto de insustentabilidade. O transporte coletivo é o direito social que garante acesso a todos os outros direitos. Todo mundo é cliente do nosso sistema, seja ou não usuário de ônibus, pois sem o transporte público os serviços não funcionam, as cidades param e as pessoas ficam desassistidas. Todo mundo precisa se conscientizar disso”, destacou Barreira.
Dimas citou algumas experiências positivas de Fortaleza que contribuíram para o transporte público da capital cearense, entre elas: a isenção do ISS; a redução do ICMS sobre o óleo diesel para 8,5% em 2010; a criação de linhas intra-bairros, com passagens de um real para quem se desloca em trajetos curtos; e a implantação de 120 km de faixas exclusivas para ônibus.
Também presente no encontro, o diretor institucional do Sintur-JP, Isaac Júnior Moreira, pontuou que mesmo com todas as dificuldades já foram implantadas algumas iniciativas para beneficiar os passageiros de João Pessoa. “Toda nossa frota operante tem câmeras de vigilância, temos mais de 80 pontos de recarga e fazemos inclusive recarga online, disponibilizamos para os usuários o aplicativo Jampa Bus, e, agora em 2019, mudamos nosso sistema de embarque para biometria facial, que oferece mais segurança e confiabilidade”, finalizou Isaac.
Fonte: Assessoria
Créditos: Assessoria