EMOÇÃO

"SEU PRESENTE DE NATAL": Após 30 anos, jornalista paraibano descobre a própria história e reencontra mãe biológica

Ele não conhecia a história do seu nascimento, mas desde cedo sabia que era filho adotivo. Agora, ao completar 30 anos de idade, ele decidiu voltar no tempo e procurar sua mãe biológica. A história é comovente.

Um presente de natal inesperado que, depois de trinta anos, retorna na época de natal em forma de presente. A vida do jornalista e professor Rodolpho Rafael é uma história daquelas de fim de ano para esperançar nossos corações.

Ele não conhecia a história do seu nascimento, mas desde cedo sabia que era filho adotivo. Agora, ao completar 30 anos de idade, decidiu que iria voltar no tempo e procurar sua mãe biológica, e a história é comovente.

Rodolpho foi deixado na porta da casa dos seus pais adotivos assim que nasceu com uma carta escrita à mão dizendo: “Seu presente de Natal”.

Ele foi criado pelos pais Antônio Rafael e Maria do Carmo. “Desde criança, soube que era filho do coração e meus pais sempre me ensinaram a não ter raiva da pessoa que me teve, pois com toda certeza se ela havia me dado existia uma história muito triste por traz dessa carta”, relatou.

Rodolpho cresceu, se formou em jornalismo e se tornou professor. Sempre foi um filho dedicado, até porque é o único filho da família. Mas durante a pandemia, ele decidiu que deveria procurar saber sobre a sua origem.

“Como eu não tinha como ir ver meus pais e fiquei em isolamento social, comecei a fazer um percurso sobre minha vida e de certo modo a ressignificar as coisas”, contou.

Como ele encontrou a mãe biológica
O jovem então compartilhou com os pais adotivos o desejo e começou um trabalho de investigação para juntar as peças sobre o seu nascimento.

“A minha busca fez com que meus pais também ficassem curiosos pelo desfecho dessa história, pois a única coisa que eles sabiam era apenas sobre momento que eu havia chegado na porta deles. A diferença se eu os achasse é que teria duas mães, dois pais e duas famílias que para mim seria uma só”, lembrou.

Rodolpho descobriu que existia nos anos 90 um grupo de mulheres da igreja que colocavam as crianças órfãs nas portas das casas das famílias para que elas fossem adotadas e, por coincidência, uma dessas integrantes viria a se tornar a sua madrinha de batismo.

O jornalista soube ainda que a empregada doméstica de um casal que trabalhou com ele tinha estado grávida exatamente na mesma época que ele nasceu, e foi juntando as peças.

Eles mostraram uma foto de quando ela estava grávida e possivelmente. Ainda sem a certeza, era Rodolpho que estava na barriga. “Tive acesso a foto, meu coração pulava pela boca, mas eu disfarcei e agi com naturalidade”, lembrou.

Depois ele foi à procura sobre informações desta mulher nos sítios da região e colocou a história numa rede social. Um primo foi quem viu primeiro e entrou em contato. Depois, foi a tia que ligou para Rodolpho e confirmou toda a história.

“Conversamos, e ela muito emocionada confirmou que eles me procuraram a vida toda, que minha mãe havia se arrependido de ter me dado e que havia saído do hospital correndo atrás do carro enquanto eu era levado embora“, disse.

A tia passou o contato da mãe, que mora em São Paulo e Rodolpho ligou para ela sem Dona Edileusa ainda saber que estava falando com o filho. “Quando ela me viu, ficou de boca aberta, sem saber falar. Foi quando perguntei se ela sabia porque eu estava ligando. Depois dessas duas perguntas ela começou a chorar descontroladamente e agradecendo a Deus por ter me encontrado”, contou.

Dona Edileusa nunca desistiu de procurar pelo filho. “Inúmeras foram as vezes que mandaram cartas para os programas de TV na tentativa de me achar, buscaram nas paróquias, porque achavam que eu era padre, e foi quando ela me confidenciou que o presente de Natal dela havia chegado com 1 mês de antecedência”, disse.

Trinta anos depois, o presente de Natal que agraciou seu Antônio Rafael e Dona Maria do Carmo foi compartilhado com Dona Edileusa.

“Lutei muito, muito por esse momento. Eu só tenho a agradecer a Deus e a essa família maravilhosa que colocou na sua vida, que o fez um grande homem. Quantas noites de sono eu perdi, pensando a noite inteira como eu ia te achar, mas Deus é tão fiel que hoje foi o dia. Eu nunca deixei de amar o meu filho”, contou Dona Edileusa.

Mãe foi obrigada a dar a criança
Há 30 anos, vivendo no interior da Paraíba, Dona Edileusa ficou grávida aos 20 anos de idade e o namorado era um homem que a agredia bastante.

Além disso, o pai de Edileusa não aceitava que ela envergonhasse a família engravidando antes do casamento. Por isso, ela foi obrigada a dar a criança.

“É viver o hoje, o que passou passou e nós temos uma oportunidade de fechar um ciclo e começar uma nova história”, disse Rodolpho.

Mas agora essa criança retorna como homem para trazer alegria para toda a família. Rodolpho Rafael soube que tem três irmãos, quatro sobrinhos, um cunhado, dez tios e que os avós maternos ainda são vivos. E depois da repercussão, ele ainda descobriu outros dois irmãos por parte de pai.

“Nossa família está muito emocionada, meus pais, minha irmã, todo mundo. Foi o melhor presente do ano pra mim e pra minha família encontrar você”, contou a tia Luciana.

Toda essa história se passou na cidade de Esperança, Agreste da Paraíba, nome que nos motiva a continuar acreditando na energia do amor. Em janeiro será o reencontro de mãe e filho, e se Natal é nascimento, podemos dizer que para essas famílias será a celebração de um renascimento simbólico dessa criança de 30 anos.


Veja a íntegra da carta deixada junto com Rodolpho há 30 anos:
“Boa noite, estou invadindo sua casa para lhe pedir que me acolha. Não tenho pai e nem mãe, por isso escolhi vocês para serem os meus, pois sei que vocês são carentes de carinho e eu também o sou. Não escolhi dia, nem mês para nascer, mas por força do destino, nasci faltando 8 dias para o Natal e escolhi logo vocês para este presente maravilhoso. Como o menino Deus que não tinha onde nascer, e todas as portas se fecharam, espero que as portas do seu coração não se fechem para mim. Seremos uma família muito feliz! Quero te chamar mamãe e papai. Não tenho nome e nem sou registrado, me faça cristão como vocês. Deus te abençoe.”

Ass. Seu Presente de Natal.

Fonte: Razões para Acreditar
Créditos: Razões para Acreditar