Na história da humanidade vemos diversas manifestações de devoção na tentativa de explicação dos mistérios da vida. A prática de voto remonta às antigas civilizações. A convicção em poderes divinos e a busca por um diálogo, entre as dimensões ditas divina e humana, levaram e levam os seres humanos a realizar oferendas e rituais privados-públicos.
A exposição DAR E RECEBER dá continuidade ao estudo sobre a prática votiva iniciado em 2018, a partir da série OBJETOS DE GRATIDÃO composta por 25 gravuras, em preto e branco, sobre papel.
A crença num processo externo capaz de sanar as necessidades humanas pode ser retomada no ritual-mítico zalmoxiano, descrito nas histórias de Heródoto. Nos tempos atuais, os votos, no Brasil, são frutos da religiosidade popular, com especial destaque para a religião católica.
Ao estabelecer uma ligação entre o sujeito, o sagrado e os pares, o ex-voto se constitui como objeto de comunicação, que manifesta as crenças da comunidade a qual o sujeito faz parte, e como um testemunho, que mescla as dimensões privada e pública, pois com o pagamento da dívida, o cumpridor da promessa expõe a graça recebida no meio social ao qual pertence.
O interesse pelo tema incide na relação estabelecida entre o eu e o divino, que acompanhada pelo o olhar dos outros, se constitui ao mesmo tempo numa entrega e numa troca, no uso dos ex-votos como fonte de sentidos para construção da subjetividade na vivência da corporeidade em processos de saúde e adoecimento, e como norteador dos sujeitos, que ao se depararem com a condição humana de desamparo e de fragilidade materializa sua história num objeto.
Fonte: Sesc PB
Créditos: Polêmica Paraíba