Sem Internet, baixa escolaridade dos pais, professores sobrecarregados: obstáculos do ensino à distância durante a pandemia

No último dia 15 de abril o governo da Paraíba suspendeu as aulas presenciais de todas as escolas do estado devido a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Com as aulas suspensas por tempo indeterminado, afinal, como ficaria o ano letivo? Inicialmente, a saída cogitada foi a antecipação das férias escolares. No entanto, com o aumento de casos da doença, uma nova realidade se desenhava: a do ensino à distância.

A iniciativa, porém, esbarra em uma dura realidade: dificuldades dos alunos, seja pela falta de Internet, ou dos próprios pais em ajudar os filhos com as atividades, além da falta de preparo dos professores para lidar com a plataforma e todas as mudanças na forma de ensinar.

Marta, mãe de Mário, 13 anos, conta que tem muita dificuldade em ajudar o filho, o adolescente que está no 7 ano do ensino fundamental,  “me colocaram em um grupo no WhatsApp, achei que teria explicações quando tivesse dificuldade, mas o texto vem sem nada. O professor não explica o que tem que fazer e só manda as questões. Fica muito complicado. Muitos dos conteúdos não consigo ensinar ou ajudar”, disse.

A baixa escolaridade é a dificuldade enfrentada pela mãe de João e Victor, 13 e 15 anos respectivamente, “é muito ruim para mim, não terminei meus estudos, só fui até o quinto ano e, hoje as tarefas são diferentes, eu tento ler as tarefas, mas muitas vezes não entendo, não tem computador em casa, as vezes não tenho Internet no celular”, destacou.

Vitória, 18 anos, está no terceiro ano do ensino médio em uma escola pública de João Pessoa e diz que está preocupada com a possibilidade do Enem ser realizado ainda esse ano, “meu medo é não conseguir, não conseguir estudar direito, não entrar na faculdade, ensino a distância não é a mesma coisa de ter o professor do seu lado, eu não tenho computador em casa, estudo pelo celular e tenho muita dificuldade em algumas matérias”, relatou a jovem.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, se reuniu com entidades ligadas à educação superior na sexta-feira (3), dando sequência às discussões sobre a data do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O objetivo da reunião foi buscar alternativas para minimizar os impactos causados pela pandemia da covid-19, além de enfrentar os desafios da desigualdade na preparação dos alunos.

O Inep segue avaliando as possibilidades, inclusive com novas rodadas de discussão, para definir o calendário do Enem 2020 e espera apresentar as datas ainda neste mês.

Professores sobrecarregados

É  preciso lembrar que boa parte dos professores leciona em mais de um colégio, muitos tem dificuldades em lidar com plataformas online, desde que as aulas remotas começaram, eles trabalham de forma integral.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, mostra que 83% dos professores não estão preparados para ensinar online. Os docentes de redes públicas e particulares ainda se declaram ansiosos e nada realizados com o trabalho no momento atual.