FOLIA CANCELADA

SEM CARNAVAL EM 2021: Saiba quais municípios já anunciaram o cancelamento da festa na Paraíba e como isso afeta a economia

Pela primeira vez, nesta geração, ao invés de ver as habituais cores e alegria do Carnaval, muitos brasileiros, que estariam de folga, devem seguir suas vidas normalmente, inclusive trabalhando.

Em cerca de duas semanas estaríamos vivenciando aqui no Brasil todo o calor e a efervescência do Carnaval 2021. Estaríamos, se não fosse a pandemia do Coronavírus, que desde o mês de março de 2020, mudou completamente a rotina e os hábitos de toda a humanidade.

Mas o período de Momo não foi a primeira grande festa popular que a pandemia interrompeu. Em junho, as festas juninas em todo o Brasil deixaram de ser realizadas, para evitar aglomerações e o consequente contágio da Covid-19.

Pelo mesmo motivo, vários gestores, entre prefeitos e governadores, em todo o Brasil decidiram suspender a realização das festas e até mesmo a suspensão do ponto facultativo dos dias de folia. Pra quem não sabe, o período, mesmo registrado no calendário, não é considerado feriado nacional. Com isso, pela primeira vez, nesta geração, ao invés de ver as habituais cores e alegria do Carnaval, muitos brasileiros, que estariam de folga, devem seguir suas vidas normalmente, inclusive trabalhando.

Na Paraíba, o governador João Azevêdo decretou neste sábado (30) o cancelamento do ponto facultativo e estabeleceu que bares, restaurantes, lanchonetes, lojas de conveniência e praças de alimentação só podem funcionar das 6h às 23h, de 12 a 17 de fevereiro.

A Fecomércio recomendou que o comércio funcione normalmente durante o Carnaval. De acordo com Marconi Medeiros, presidente da entidade a abertura das lojas no período pode alavancar as vendas. “Cada empresa tem que cumprir o que está na convenção coletiva de trabalho, a empresa que quiser funcionar. E estar em acordo com os trabalhadores do comércio. O que quero demonstrar é que pode perfeitamente evitar muitas aglomerações. Funcionando neste dia, vai evitar grandes aglomerações”, explicou.

Antes mesmo do decreto estadual, vários municípios paraibanos também cancelaram os festejos carnavalescos, a exemplo de João Pessoa, que não vai realizar este ano o Folia de Rua (principal prévia carnavalesca da Paraíba) e o Carnaval Tradição com os desfiles de escolas de samba, tribos indígenas e agremiações na Avenida Duarte da Silveira.

Outros municípios onde o Carnaval tem força na Paraíba também anunciaram o cancelamento da festa, como Cabedelo na Região Metropolitana de João Pessoa; Mamanguape e Marcação no Litoral Norte; Conde no Litoral Sul; Camalaú e Caraúbas no Cariri, Patos, Conceição e Sousa no Sertão, cujos prefeitos prometem, em sua maioria, utilizar os recursos que seriam investidos nos eventos em ações de combate ao Coronavírus e, caso os efeitos da pandemia diminuam, realizar eventos ainda maiores em 2022.

Na Região Metropolitana de João Pessoa, uma particularidade chama atenção. Em uma reunião recente entre os prefeitos da área, ficou estabelecido, em comum acordo, que nenhum município vai realizar a festa.

Já em Campina Grande, que além do pré-carnaval Campina Folia e do Carnaval Tradição, também sedia os encontros religiosos como Nova Consciência, Consciência Cristã, Crescer e MIEP, os eventos vão ser transmitidos via internet para evitar aglomerações.

Várias cidades ainda não cancelaram oficialmente o Carnaval, mas a tendência é que, com a publicação do decreto estadual suspendendo o feriado, os prefeitos devam anunciar as medidas nos próximos dias.

No Brasil
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara também anunciou o cancelamento do feriado e as prefeituras de Recife e Olinda não devem realizar seus tradicionais eventos. Com isso, desfiles como o Galo da Madrugada, o Carnaval do Recife Antigo e o sobe-desce das ladeiras de Olinda ficam para 2022.

Na Bahia, onde a festa começa primeiro e termina por último, decisão semelhante foi tomada. Os trios elétricos que arrastam multidões em Salvador devem ficar estacionados e aguardar o sinal verde para a folia no ano que vem.

Quem gosta de acompanhar o desfile das escolas de samba pela televisão ou prefere ir aos sambódromos da Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro e no Anhembi em São Paulo, vai ter que guardar a euforia, já que os eventos também foram cancelados. A diferença é apenas com relação ao ponto facultativo, que em São Paulo foi cancelado e no Rio de Janeiro foi mantido, mesmo sem as festas.

Reflexos na economia
Com o cancelamento do Carnaval, acredita-se que o setor mais prejudicado seja o de hospedagem. Empresários da área entendem que a não realização das festividades de Carnaval penaliza as cidades onde haveria a festa, mas o fim do feriado prejudica uma cadeia bem maior de hospedagem.

Na Paraíba, a maior parte dos turistas que desembarcam vem de estados das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Contudo, aso, os governadores dessas unidades federativas, contudo, caso os governadores sigam a tendência e suspendam além da festa o ponto facultativo, o setor também deve ser afetado por aqui.

Para Rodrigo Pinto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis da Paraíba (ABIH), os agentes de turismo estão usando o cancelamento da festa como uma espécie de trunfo e vendendo o destino Paraíba como alternativa de descanso no período.

Trabalhadores do setor informal também lamentam o cancelamento da festa. Luciano Maia, de 46 anos, costuma vender bebidas no meio dos blocos e embora entenda que a medida tenha sido necessária, ele já quebra a cabeça para descobrir como administrar o já apertado orçamento. “É nesse período que a gente ganha um dinheirinho a mais e isso ajuda muito a complementar a renda. A gente sabe que foi preciso cancelar, mas o Carnaval vai fazer falta esse ano. Vai ser complicado manter a família”, lamentou Luciano.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba