Comissões de licitação

Secretário preso de Campina Grande tem folha com muitos serviços prestados aos Cunha Lima

Uma breve pesquisada no Google sobre Paulo Roberto Diniz Oliveira mostrará uma quase onipresença desse obscuro personagem naquilo que parece ter sido sua especialidade: licitações.

Durante o governo Cássio Cunha Lima, Paulo Roberto Diniz Oliveira participou de diversas Comissões de Licitação, sempre na condição de presidente, e sempre em secretarias e órgãos responsáveis por obras públicas, como Secretaria de Infraestrutura, Cagepa e Suplan.

Um verdadeiro prodígio! Até a municípios Paulo Roberto Diniz, que é professor da UEPB, prestou seus serviços, sempre auxiliando “na realização de licitações”, como comprova documento do próprio Tribunal de Contas.

Em abril de 2012, Ricardo Coutinho nomeou Harrison Targino para a Secretaria de Educação – Harrisson Tragino é o advogado que atua na AIJE para tornar Ricardo Coutinho inelegível.

E quem Harrison nomeou como homem forte da Secretaria? Exatamente ele: Paulo Roberto Diniz Oliveira. O advogado de Cássio Cunha Lima não durou muito no governo e pediu demissão em setembro, apenas cinco meses depois de assumir a secretaria – um pouco antes, Paulo Roberto Diniz Oliveira havia sido exonerado pelo governador Ricardo Coutinho.

Entrei em contato com um colaborador próximo de RC para pedir esclarecimentos a respeito dessa passagem do primeiro governo do socialista e que ele me disse foi o seguinte: logo depois que Harrison Targino nomeou o tal do Paulo Roberto Diniz, o governador começou a receber reclamações e denúncias anônimas de fornecedores de que, na Secretaria da Educação, estavam retardando compras com o objetivo de criar uma situação chamada “inexigibilidade”, que justifica a não realização de licitação para aquisições do órgão público. “Ricardo constatou que as denúncias eram verdadeiras e demitiu Paulo Roberto Diniz. Harrison não gostou e pediu pra sair. Foi isso”, finalizou nossa fonte.

PAULO ROBERTO DINIZ É SECRETÁRIO DE ROMERO RODRIGUES DESDE 2013

Um assessor com esse currículo de serviços prestados ao cassismo não poderia deixar de ser aproveitado quando, depois de oito anos longe da Prefeitura de Campina Grande, o grupo Cunha Lima retoma a administração do antigo reduto.

Paulo Roberto Diniz foi um dos primeiros  secretários a serem anunciados pelo então recém-eleito Prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues.

Não surpreende, portanto, que os desvios da merenda apontados pela CGU tenham começado em 2013, ano em que Romero Rodrigues assumiu a Prefeitura de Campina Grande. Desde então, foram desviados alguns milhões de Reais dos recursos que deveriam alimentar as crianças da rede pública campinense.

E como Paulo Roberto Diniz era “especialista” em licitações, é improvável que os desvios tenham se limitado à merenda escolar. Obviamente, não se pode descartar a hipótese de que, por se tratar de alguém tão próximo e da estrita confiança do prefeito Romero Rodrigues e do seu grupo político, Paulo Roberto Diniz não tenha agido sozinho.

BLOGUEIROS CAOLHOS

Foi de causar constrangimento o modo quase constrangido como alguns blogueiros cartaxo-cassistas trataram a prisão de Iolanda Barbosa e Paulo Roberto Diniz Oliveira,ambos secretários de Romero Rodrigues na Prefeitura Municipal de Campina Grande.

Até aí, nenhuma novidade. São caolhos. Com o olho que vê, são capazes de fazer verdadeiros carnavais quando o envolvido é um adversário político, inclusive criando e publicando fake news, bem ao estilo da imprensa bolsonarista. O outro olho é dispensado à observações dos erros dos aliados políticos.

Nem sequer protestaram por conta do habeas corpus a jato que colocou os dois ex-secretário de Romero Rodrigues fora da prisão.

Também não os preocupou, obviamente, que os dois secretários tenham sido presos depois de uma auditoria realizada pela Controladoria Geral da União (CGU), órgão de combate à corrupção criado em 2003, na aplicação dos recursos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), um programa federal criado para fornecer merenda escolar – repito, agora em caixa alta: MERENDA ESCOLAR – a estudantes da educação básica pública do país.

Atitude bem diferente da adotada contra ex-secretária Livânia Farias. Conta a ex-secretária nada havia, a não ser o depoimento de Leandro Nunes. A simples menção ao nome da ex-secretária foi suficiente para que sua prisão fosse decretada e a ela fosse oferecida a “oportunidade” de fazer uma delação premiada.

No caso de assessores que desviam comprovadamente recursos públicos da merenda escolar, nem um fim de semana na cadeia.

Não se está aqui defendendo tratamentos que eu mesmo considerei ilegais para os dois ex-secretários campinenses, mas tratamentos igualitários.

Fonte: Flávio Lúcio
Créditos: Polêmica Paraíba