JORNALISMO CONFIÁVEL
Por Roberto Cavalcanti
Em 2000, Yahoo, AOL e Netscape eram as empresas líderes na internet. Sendo precursoras, era comum a presunção de que teriam longa vida de suce sso. Não foi o que aconteceu.
O Google, criado em 1998, começou a se firmar. Em 2004, nasceu o Facebook, e em 2005, o YouTube. No ano seguinte, o Twitter. Em 2007, Steve Jobs lançou o Iphone, e desde então estamos permanentemente on-line.
A evolução tecnológica tem ocorrido de forma tão rápida que nem nos damos conta de quanto já mudamos para nos adaptar.
A própria internet tem se renovado, impactando os negócios. Tem sido ao mesmo tempo oportunidade e obstáculo. A diferença está no respeito a algumas “leis” que são imutáveis, como a da reputação.
Não existe empresa que sobreviva sem credibilidade, seja fabricante de biscoito ou de aviões. Mas, as de comunicação são ainda mais sensíveis.
Como em outras áreas, a internet favoreceu mudanças no jornalismo. O crescimento do Google e do Facebook estimulou o surgimento de produtores de conteúdo que sonhavam em competir – e vencer -, empresas tradicionais, que construíram marcas fortes.
Nessas e em outras plataformas igualmente influentes, prosperaram sites – alguns do eu sozinho – tentando virar fenômeno. A ética deu lugar a um vale tudo por visibilidade e ganhos.
O sonho de ocupação dos espaços das empresas tradicionais de comunicação sofreu duro golpe quando as “fake news” ganharam dimensão, assim como o estrago produzido pela manipulação de informações.
Os exemplos são fartos, sendo o mais famoso a denominada “interferência russa nas eleições dos EUA”, que teria derrotado Hillary Clinton e favorecido o presidente Donald Trump.
Para enfrentar a ameaça das notícias falsas, o Facebook realizou mudança no seu algoritmo de distribuição de notícias. Se antes priorizava as fontes, passou a valorizar os usuários e suas escolhas de credibilidade. Outro golpe para essas empresas.
O consumidor de notícia quer a verdade, e tem mostrado que prefere pagar pela informação de fonte confiável, a receber de graça de meio duvidoso. Caíram por terra os prognósticos de fim das que migraram para a internet, mas sem abrir mão de seus valores consagrados.
Um exemplo: o “The New York Times” anunciou como meta até 2020 dobrar suas vendas digitais para US$ 800 milhões. Estamos no início de 2018 e o jornal já tem 2,6 milhões de assinantes on-line e um faturamento total com assinaturas de US$ 1 bilhão.
O “Financial Times” e o “The Wall Street Journal” também estão apostando mais no financiamento pelo leitor (assinaturas) do que pelos anunciantes (publicidade).
Como eles, o Correio da Paraíba não abre mão da inovação. Foi para a rede mundial preservando seus valores e sua marca: “Jornalismo com ética e paixão”.
Há quatro anos dois dos nossos concorrentes deixaram de circular. Há dois anos, outro fez o mesmo. Não faltou quem previsse destino idêntico para o Correio da Paraíba. Seria tempo de um novo modelo, diziam. Muitos acreditaram e lançaram sites e blogs. A “ameaça” virou pó.
A tecnologia facilita a disponibilização da informação, mas não dispensa investimentos em profissionais qualificados, em meios para apuração dos fatos, em compromisso com a pluralidade (garantir espaços para as diversas tendências), independência e ética.
Foi por estar ancorado nesse modelo de jornalismo que o Correio da Paraíba não apenas resistiu, mas continuou crescendo.
Nossa receita? Não quebrar jamais a confiança dos consumidores de informação. Credibilidade é uma conquista diária, e nós aceitamos esse desafio.
Fonte: http://correiodaparaiba.com.br/colunas/jornalismo-confiavel/
Créditos: Roberto Cavalcanti