Semiótica é uma esfera do conhecimento que existe há um longo tempo, e revela as formas de como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. É, portanto, a ciência que estuda os signos, símbolos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de significado.
No melhor ensinamento do filósofo americano Charles S. Peirce, semiótica é uma disciplina que compõe uma arquitetura filosófica concebida como ciência de caráter abstrato. Entre seus ramos se destaca a lógica crítica, que estuda os tipos de ilações e argumentos como a indução.
Ao que parece, Ruy Dantas fez bem o dever de casa na matéria semiótica. É o que tem se percebido com o seu esforço em tentar induzir a oposição sobre a viabilidade da candidatura de José Maranhão ao governo em 2018, apresentando-a como uma novidade.
Ruy é um empresário bem sucedido e um publicitário talentoso, mas não é mágico. Ele até conseguiu criar um Maranhão virtual, desvinculado do impopular e radioativo presidente Michel Temer e do seu candidato Henrique Meirelles, mas não consegue o mais difícil: vendê-lo como novidade no mundo real.
Não é fácil transformar em novidade um senhor de 84 anos, que por 3 vezes foi governador, tendo amargado em sua passagem pelo governo, índices bem aquém do esperado em áreas essenciais como educação, saúde e segurança. E que não satisfeito com os seus quase 60 anos na política, defende que pode voltar fazer o que não fez em 10 anos de mandato.
É brincar com a inteligência das pessoas.
Mesmo utilizando uma abordagem semiótica inteligente, o publicitário tem dificuldade em demonstrar, na prática, o candidato vigoroso que José Maranhão diz ser nas entrevistas e debates que participa. Isto é, quando consegue chegar a tempo nestes espaços. Nos últimos dias, o candidato chegou atrasado em 3 debates dos quais saiu antes do término em 2, demonstrando aparente cansaço. Num desses foi vaiado pela atitude.
Em que pese sua determinação, a falta vigor físico é compreensível para um homem nesta idade, uma rápida olhada nas agendas do candidato atesta que ela foi estrategicamente reduzida quanto as atividades de rua.
O resumo das agendas diárias de campanha do ex-governador compreende reuniões com a equipe de campanha e adesões imaginárias. Sim, imaginárias, porque são movimentos para fazer com que as pessoas, sobretudo pessoas da oposição, sejam induzidas a acreditar que a campanha está crescendo. Mas adesões que vem num dia e n’outro se vão, não existem. São, portanto, obras da imaginação, basta que nos lembremos da adesão de Arnaldo Monteiro de Esperança.
Procura-se a militância de Zé!
Não tem. Pelo menos aqui em João Pessoa, suas caminhadas são raras. Confesso que ainda não vi arrastões e/ou grandes atividades, também não custa lembrar a dificuldade que foi para o MDB colocar gente no Clube Branco no dia da sua convenção.
Diferente das outras duas candidaturas, mais competitivas, que dispõem de agendas robustas e volumosas em contingente, não se observa volume na campanha de Zé, e até aonde se sabe não se ganha eleição sem volume de campanha.
Dito isto, passo a escrever sobre o histórico recente de resultados eleitorais de José Maranhão em João Pessoa. Algo que não é digno de grandes comemorações.
Vamos aos números.
Nas eleições para prefeito em 2012, o ex-governador amargou a 4ª colocação, atrás da então desconhecida candidata do PSB, Estelizabel Bezerra. Na peleja de 2014 – quando venceu para o senado –, enquanto Lucélio Cartaxo obteve 161,595 mil votos e chegou a 50,27% dos votos válidos, Maranhão alcançou 81,625 mil votos, o correspondente a 25,39% dos válidos.
Os dados apresentados bastam em si para desmontar o que determinadas pesquisas de intenção de voto demonstram ao colocarem o senador do MDB em patamares acima de 30% na capital. Além disso, o desempenho de Zé em retas finais de campanha para o governo tem sido tão sofrível que nem mesmo a melhor semiótica se fez capaz para atenuá-lo.
O que se observa ao longo dessa campanha, é que a candidatura de José Maranhão tem servido a dois infelizes propósitos: dividir a oposição e dar sobrevida a candidatura governista.
Na verdade, se quiser vencer as eleições, o campo das oposições precisa parar de vacilar e concentrar suas energias em Lucélio e Micheline. A História tem nos mostrado que a união de João Pessoa e Campina Grande consegue, não apenas pautar, mas integrar a Paraíba. Isso já aconteceu no passado, acontecerá novamente.
Para isso, é preciso que as lideranças da oposição façam a análise mais inteligente. Tomando por base para tal leitura, que a obra semiótica de Ruy Dantas merece elogio, mas é, na verdade, uma grande cilada.
A oposição não precisa de um candidato com capacidade de ir ao 2º turno, precisa de um que ganhe a eleição.
O desafio é complexo, mas o que já foi demonstrado é que para derrotar o projeto do governador Ricardo Coutinho não basta recall e fala mansa, é preciso ter o que mostrar e capacidade de comparar. Receita que os Cartaxos dominam muito bem. Afinal, foram os únicos que experimentaram esse sabor… por duas vezes.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba