Um cabeleireiro construiu um castelo para morar e trabalhar, em Campina Grande, no Agreste da Paraíba. Com dois empregos, de técnico de enfermagem e de professor de inglês, Emerson Brasil, de 41 anos, poupou e conseguiu erguer o imóvel, mas deixa claro que o sonho dele apenas começou a ser realizado.
Tudo começou quando Emerson, ainda criança, percebeu que na maioria dos cenários de números de ballet, arte que ele tanto admirava, existiam castelos. Tudo começou quando Emerson, ainda criança, percebeu que na maioria dos cenários de números de balé, arte que ele tanto admirava, existiam castelos. O garoto se inspirou e pensou que, quando tivesse um lugar para morar, seria como os que sempre apreciou.
A propriedade foi construída no quintal da casa da mãe de Emerson, localizada no bairro Nova Brasília. A ideia foi abraçada por ela e por toda a comunidade, que se encantou com a proposta. O castelo possui cerca de 16 metros de altura e três andares. O cabeleireiro preferiu dividir a residência em cinco cômodos espaçosos.
“O lugar, apesar de não ser tão alto, tem uma visão para as montanhas, pra um lugar distante, o meu infinito”, declarou.
Um dos ambientes foi destinado para o trabalho que ele faz atualmente. Emerson pediu demissão dos dois empregos que tinha antes e abriu um salão de beleza. Para ele, essa é uma forma de estar mais perto da comunidade em que vive.
“É uma paixão imensa e um novo mundo. É como se fosse a cereja do bolo. Dessa forma eu conheço as pessoas daqui. Eu sei o quão difícil é a vida de algumas pessoas. De alguma forma eu posso despertar coisas boas para elas”, justificou.
Conviver e compartilhar o que possui com quem está perto é prioridade para o cabeleireiro. O local chama atenção a metros de distância e virou ponto turístico. Moradores do bairro e de outros locais da cidade vão até o castelo. A tecnologia se transforma em mágica registrada em fotografias.
“Chega até a ser cansativo subir e descer as escadas para mostrar. Mas é muito legal o fato de uma mãe andar bastante pra pedir pra tirar uma simples foto com a sua filha”, contou.
Emerson não revela o quanto o sonho lhe custou até agora, mas nos gestos ele mostra que a simplicidade é que o mais importa por lá. Ele passou sete meses cortando o cabelo de pessoas da comunidade de graça, mesmo com material de trabalho reduzido e com risco de parar de trabalhar porque o pouco equipamento que tem pode quebrar a qualquer momento.
Por isso, ele conta que o sonho está apenas começando. Ele só conseguiu levantar e revestir as paredes do castelo, o que confere ao local um ar rústico, digno de um cenário medieval. Mas ainda falta começar todo o processo de acabamento. “Há muita coisa a ser feita. Diante dessa crise eu não tenho muito o que fazer. O sonho está apenas começando”, concluiu.
Porto seguro
Durante cinco anos, enquanto ele viu o castelo tomando forma, percebeu que o cenário de periferia ganhava um toque de realeza. Mas o cabeleireiro deixa claro que mais importante do que ter é ser e que as realidades podem ser transformadas com a magia de sonhos alimentados e alcançados com base em esforço e dedicação.
O castelo, para ele, é muito mais do que um espaço para morar. O ponto mais alto do local foi transformado no porto seguro de Emerson. Lá, ele pode refletir e os pensamentos lhe proporcionam viver a esperança de que poderá alcançar o sonho por inteiro.
Também é lá que ele volta ao passado e recria as cenas de quando tudo começou. O cabeleireiro incorpora um bailarino e interpreta os clássicos do balé com a doçura clássica da dança, a realidade do esforço recompensado e com a sensação de viver em um verdadeiro conto de fadas.
Fonte: G1 PB
Créditos: G1 PB