Trabalho científico

Pesquisadores da UFPB investigam alterações nos cinco sentidos provocadas pelo novo coronavírus

Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) investiga se a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, provoca alterações nos cinco sentidos. O estudo está sendo realizado pelo professor Natanael Antonio dos Santos, coordenador do Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento, no campus I da federal paraibana, em João Pessoa (PB).

O trabalho científico está em sua fase inicial e busca por voluntários. Para colaborar, o interessado deve ter idade entre 13 a 70 anos, e ter testado positivo para a Covid-19 durante este período de pandemia. O questionário on-line pode ser acessado através deste link e leva cinco a dez minutos minutos para ser respondido.

De acordo com Gabriella Medeiros, uma das pesquisadoras que participa do estudo, existem indícios de que a Covid-19 é potencialmente neuro-invasiva, porque uma das portas de entrada do novo coronavírus coincide com uma das que dão acesso ao sistema nervoso central, que é o sistema sensorial, a exemplo do bulbo olfatório.

Para confirmar ou descartar essas possíveis alterações na visão, audição, olfato, paladar e tato, em decorrência da Covid-19, será utilizada a Escala Subjetiva de Anomalias Sensoriais e Perceptuais da Covid-19 (ESASP-19).

“Nós queremos determinar as principais alterações nos cinco sentidos. Porém, como é uma pesquisa auto-descritiva, a resposta que os participantes darão a essas perguntas já se encontra no nível da percepção, ou seja, quando processamos a informação sensorial e identificamos a nível consciente do que se trata, por isso já envolve domínios cognitivos. No entanto, não estamos avaliando aspectos cognitivos, apenas perceptuais”, explica Gabriella.

A pesquisadora da UFPB ainda conta que existem relatos na literatura da perda olfatória durante o período de infecção pelo novo coronavírus. Porém, não existem informações a cerca de quanto tempo duraram as alterações e a intensidade.

“No nosso estudo, primeiro perguntamos se o participante apresentou alguma alteração naquela função sensorial específica. Exemplo de pergunta no questionário: Você sentiu ou percebeu alguma alteração na audição, como secreção, inflamação, zumbido?”.

De acordo com a pesquisadora, caso o participante marque a alternativa “sim”, será redirecionado a uma página com questões sobre audição, como “Os sons ambientais pareceram ausente ou menos intensos que o natural?”. Assim, o voluntário deve indicar se essa alteração nunca ocorreu, se ocorreu na metade do tempo em que esteve com o vírus, muitas vezes ou sempre.

“Existem outras perguntas acerca dessa função sensorial. Ao todo, são quatro. E esse processo ocorre para cada um dos cinco sentidos. Se o participante responder “não”, será redirecionado para a questão referente a se teve ou não alteração em outro sentido”.

Finalizada essa etapa, será perguntado o período em que alterações foram mais comuns de ocorrerem. A última etapa é quanto tempo eles perceberam que essas alterações duraram, por exemplo dois, quatro ou cinco dias.

“Nosso estudo pode auxiliar os profissionais da saúde que trabalham na linha de frente da pandemia, ajudando a detectar se a pessoa tem a doença na fase inicial, viabilizando o isolamento social, impedindo a transmissão e facilitando um tratamento precoce”, conta o docente Natanael Antonio.

Também colaboram para a pesquisa os professores Givago Silva, do Laboratório de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (UFPA); Michael Jackson, do Laboratório de Neurociências, Cronobiologia e Psicologia do Sono da Universidade do Estado de Minas Gerais (UFMG) e os pesquisadores da UFPB Jandirlly Julianna, Thiago Monteiro e Thiago Augusto.

 

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Click PB