Pesquisadores da UFPB, que também integram o Comitê Científico Nordeste identificaram que a Paraíba pode enfrentar uma espécie de segunda onda de infecção, um processo que foi batizado de “efeito bumerangue”. O principal motivo para o alerta dos pesquisadores é a interiorização do vírus em uma velocidade de contágio superior a identificada neste momento em João Pessoa, principal foco do coronavírus no estado.
Segundo dados dos especialistas, no dia 29 de junho, tomada como base para a pesquisa, as cinco cidades com maiores picos de crescimento de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2) na Paraíba eram: Sousa, Patos, Conde, Cajazeiras e Alagoa Grande. Somente o Conde integra a Região Metropolitana de João Pessoa.
“Os dados revelam que a interiorização da pandemia atingiu todo o Estado e múltiplas regiões interioranas. Este fato indica a possibilidade de que João Pessoa venha a sofrer com o efeito bumerangue, que teria o potencial de produzir uma enorme sobrecarga do sistema hospitalar da cidade”, revelam os pesquisadores do comitê.
Os especialistas Rafael Raimundo e Roberto Germano recomendaram que sejam adotadas barreiras sanitárias, com rigor no controle de veículos e pessoas nas rodovias que ligam João Pessoa à Campina Grande e ao restante do interior do estado.
“A Paraíba poderia também considerar a possibilidade de instituir um fechamento temporário – alguns dias de cada semana – de suas fronteiras com os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, para aliviar o fluxo de novos casos para João Pessoa e outras partes do Estado”, sugerem os pesquisadores.
O ex-ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende, um dos coordenadores do Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus, disse, em transmissão ao vivo realizada na sexta-feira (3), que a lei federal que institui o uso de máscara, mas com flexibilização em determinados locais públicos, demonstra descaso com a pandemia da Covid-19.
“Desde o começo da pandemia, existem medidas que contrariam o distanciamento social e o uso de máscaras. Temos uma projeção feita, há duas semanas, que se o isolamento fosse de 60%, teríamos cerca de 40 mil mortes a menos no país”, lamentou Rezende.
Para os pesquisadores do comitê, é preciso haver “instituição imediata de lockdown (isolamento total) e reversão de planos de afrouxamento do isolamento social em capitais e municípios interioranos que estejam apresentando curvas crescentes”.
O comitê recomenda que as políticas públicas na Paraíba efetivem a criação de Brigadas Emergenciais de Saúde por todo o estado e “impor uma estratégia eficaz para a quebra da taxa de reprodução do coronavírus tanto no interior quanto na capital”.
Também reforçam os pesquisadores do comitê que o Estado realize o seu primeiro inquérito soro-epidemiológico, com dados que possam “estabelecer a fração da população paraibana que teve contato com o novo coronavírus”.
Fonte: G1PB
Créditos: Polêmica Paraíba