Arapuan Verdade

Período eleitoral pode provocar aumento de casos de infarto e AVC em candidatos e eleitores; cardiologista faz alerta e explica situações - VEJA VÍDEO

Em entrevista ao programa Arapuan Verdade, da rádio Arapuan, nesta sexta-feira (27), o médico cardiologista Valério Vasconcelos comentou um estudo realizado nos EUA e avaliou uma possibilidade de cenário semelhante ocorrer no Brasil com a polarização nas eleições deste ano.

O estudo, que levou em conta as informações de saúde de 6,3 milhões de pessoas, analisou o que aconteceu nos cinco dias depois das eleições presidenciais americanas de 2020, em que o democrata Joe Biden saiu vencedor da disputa contra o republicano Donald Trump, que buscava a reeleição.

Na comparação com um período antes das eleições, os pesquisadores observaram um aumento de 17% na taxa de hospitalizações por doenças cardiovasculares agudas, como infarto, AVC e complicações da insuficiência cardíaca logo após o pleito.

Vale lembrar aqui que as eleições americanas de 2020 foram marcadas por uma intensa disputa e a apuração dos votos em alguns Estados demorou dias para ser concluída.

No Arapuan Verdade, o cardiologista avaliou se existe a possibilidade de cenário semelhante ocorrer no Brasil, cujo panorama político está polarizado entre as pré-candidaturas do atual presidente, Bolsonaro (PL), e do ex-presidente Lula (PT).

De acordo com o Dr. Valério, com a disputa acirrada e com a polarização existente no país, pode acontecer sim um fenômeno social similar ao dos EUA.

“Durante o período eleitoral existe um aumento de liberação de hormônios como a adrenalina que estreitam os vasos sanguíneos e aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, com isso o sangue fica com mais dificuldade de circular principalmente nas pessoas que têm fatores de risco”, disse o médico.

O médico deixou claro que a situação pode ocorrer em qualquer momento que a pessoa esteja muito exaltada, mas o período eleitoral pode impactar diretamente o coração dos eleitores, principalmente daqueles mais fanáticos e que vivenciam toda a campanha de perto, causando um grande estresse no organismo.

“Se a pessoa tem uma placa de gordura grudada na parede de uma artéria que bloqueia em torno de 20% a passagem do sangue, todas as alterações provocadas pelo estresse de um resultado eleitoral, por exemplo, podem contribuir para que essa obstrução fique ainda mais grave”, acrescenta o cardiologista. “O aumento da pressão arterial deixa o vaso mais apertado e aquela placa de gordura instalada na artéria pode se romper. Para tentar reparar o dano, as células do sangue coagulam e formam um trombo, que fecha 100% da artéria, ocasionando um ataque cardíaco (infarto) ou derrame cerebral”, diz.

Candidatos devem fazer check-up
Valério Vasconcelos também recomenda que os candidatos a cargos eletivos façam um check-up com um cardiologista, para conseguir encarar a maratona eleitoral de muitos quilômetros de estresse, pouco sono e má alimentação (inclusive com direito a buchada e café da manhã na feira).

“É muito importante que o candidato esteja em dia com seus exames, principalmente se já tiver fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Alimentação inadequada, falta de atividade física, noites sem sono e embates políticos são comuns nesse período e podem gerar problemas de saúde ou agravar os já existentes. Por isso, no mínimo, é bom conferir taxas de colesterol, pressão arterial e níveis de glicose no sangue”, orienta. “Pensar em alianças políticas é necessário, mas os pretensos candidatos também precisam ficar atentos ao próprio coração nesse momento, afinal, caso sejam eleitos, imagino que queiram chegar até o fim do mandato com saúde”.

Como forma de prevenção de problemas cardiovasculares, além do check-up, o cardiologista dá algumas orientações, que servem para eleitores, cabos eleitorais e candidatos. “É importante também procurar gerenciar o estresse, tratar os fatores de risco como pressão arterial, diabetes, colesterol elevado, parar tabagismo, controlar o peso, manter a atividade física e se desligar um pouco das redes sociais”, afirma Valério Vasconcelos.

Curiosidades que servem de alerta
*Em 2020, o prefeito de Passa Quatro-MG, Antônio Claret Mota Esteves (PV), que concorria à reeleição, sofreu um infarto na véspera do pleito. Ele venceu a eleição com 60,8% dos votos, mas morreu após ficar 14 dias internado;
*Também em 2020, o ex-prefeito de Canavieiras-BA, Almir Melo (MDB), morreu vítima de um infarto fulminante. No dia anterior, ele havia confirmado a candidatura para tentar retomar a prefeitura da cidade;
*Em 2018, um eleitor de 70 anos passou mal na fila de votação e morreu na cidade de Valença-PI. Ele havia acabado de chegar ao local, quando disse que estava sentindo falta de ar;
*Em 2014, o empresário Carlos Costa, que era candidato a deputado federal pelo PRP do Espírito Santo, passou mal e foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Coronariana, com quadro de infarto agudo do miocárdio;
*Em 2012, o candidato do PT a prefeito de Penaforte-CE, Zé Wildes, sofreu um infarto na madrugada do Dia D das eleições. Ele sofria de problemas cardíacos e não resistiu;
*Em 1998, um eleitor de 42 anos morreu em Salvador-BA após sofrer um ataque cardíaco quando aguardava a vez de votar.

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba