A ignorância é uma benção para quem não quer enxergar a verdade. Para quem não vê o óbvio, para quem não vê a agressão da piada sexista, para quem não percebe um padrão nas interrupções de fala e no cotidiano julgamento das roupas e ações das mulheres ao seu redor. É uma benção para quem não quer saber a diferença entre “elogio” e assédio, para quem, enfim, diz que o mundo é melhor sem o feminismo.
De acordo com o Dicionário Aurélio, Feminismo é um “Sistema dos que preconizam a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem”. Nada disso fala de superioridade ou humilhação, apenas de fortalecimento e empoderamento das mulheres para que tenham as mesmas oportunidades e reconhecimento que os homens.
O mesmo dicionário define machismo como “ideologia segundo a qual o homem domina socialmente a mulher”. Alguém mais percebe que as palavras não são antônimas? O homem machista quer se sobrepor, mesmo que usando bom humor faz piadas ofensivas ou desqualifica o trabalho feito ou a opinião proferida por uma mulher. Lamentável.
O poder de escolha que as mulheres desfrutam hoje foi conquistado com luta, com brigas e muito, mas muito suor e sangue, de mulheres que acreditavam que as mulheres não devem ser limitadas em suas escolhas. Graças a todas que contribuíram com luta, com defesa, com trabalho, com ideias e apoio, podemos escolher, temos a liberdade de escolher profissão, trabalho, vida, companheiro, relacionamento, ter (ou não) filhos, ser (ou não) dona de casa. Mas não se enganem, esses direitos são frágeis e estamos sentindo a regressão na pele, na repressão, nos estupros, no preconceito, no assédio, na violência (em todos os ambientes, mas principalmente naqueles em que todas deveríamos sentir-nos seguras).
As conquistas são tão frágeis que os atuais problemas que acontecem no Brasil afetam mais rapidamente as mulheres, cotidianamente ouvimos e sentimos na pele o aumento do preconceito. Vamos conscientizar, rebater e debater o machismo cotidiano, aquele que está tão enraizado no individuo (seja homem ou mulher) que não existe mais a percepção da agressão.
Precisamos levantar de nossos lugares e parar de achar que não podemos mudar o mundo, porque ele começa na sala de casa ou no seu local de trabalho, entre seus familiares ou na conversa com um estranho enquanto aguarda um atendimento. Nós precisamos, sim, do feminismo, e muito!
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba