O plástico usado hoje – que demora séculos para se decompor – poderá ganhar nova versão biodegradável. Pesquisadores da Paraíba e da Alemanha descobriram que o óleo da soja ou da linhaça pode substituir o petróleo na composição do plástico e torná-lo biodegradável. Além disso, o sisal dará a consistência ao material mantendo as mesmas propriedades de produtos de bases petrolíferas.
A pesquisa para o desenvolvimento desse produto é inédita no mundo. Está em andamento na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), da Paraíba (UFPB) e no Instituto Fraunhofer (IFAM), com sede em Bremen, na Alemanha, onde este estudo é um dos principais projetos, de relevância científica e ambiental.
Estão sendo investidos até €140 mil (euros) pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria da Educação, Ciência e Tecnologia (SEECT), via Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq) e €1 milhão por parte do Instituto alemão. O IFAM mantido por recursos públicos e privados. Os projetos apoiados devem, obrigatoriamente, ter aplicação direta para a indústria e contar com empresas e universidades participantes no consórcio de pesquisa.
A Fapesq também vai financiar o intercâmbio dos alunos brasileiros para a Alemanha, através de doutorado sanduíche no Instituto Fraunholf.
A pesquisa – O título da pesquisa é “BestBioPLA – Fully Bio-based PLA Composites Featuring Long Term Stability”. Tecnicamente falando, trata-se do desenvolvimento de um composto de poli (ácido lático) (PLA) reforçado com fibra natural totalmente bio-base que mostre tanto a estabilidade durante sua vida útil quanto a capacidade de reciclagem por biodegradabilidade no final de sua vida útil.
A coordenadora dos trabalhos na Paraíba, Renate Wellen (UFPB), fala que o produto a ser desenvolvido será usado para fabricar peças do forro do teto e das portas de automóveis: “A indústria automobilística no Brasil e na Alemanha apostam nesse novo material por causa do apelo sustentável que terá. Estamos trabalhando para conseguirmos que o produto tenha uma vida útil entre 20 e 30 anos, que é o período previsto de uso de um veículo. E será tão resistente quanto o plástico atual, que usa o petróleo na composição”.
Essas bases petrolíferas, entre outras substâncias, são o que tornam o plástico comum perene na natureza e não reciclável. Por outro lado, o novo plástico biodegradável poderá ser usado na fabricação de outros produtos.
“Vamos estudar também como o produto vai se comportar na biodegradação – a fotodegradação e a biodegradação. Luz calor e umidade são as condições ambientais que afetam na degradação”, explica Wellen.
Equipe no Brasil – A equipe de pesquisadores no Brasil é composta por cinco estudantes de mestrado e doutorado e quatro professores. No lado alemão, especialistas das empresas parceiras e do instituto compartilham os estudos.
Sobre os impactos esperados, Wellen relata que a demanda por materiais de base biológica e biodegradável está aumentando, porém tais avanços científicos são demorados e dispendiosos. Pequenas e médias empresas do Brasil e da Alemanha não são capazes de contribuir com a pesquisa e desenvolvimento necessários.
No Brasil, o parceiro comercial é a companhia de processamento do sisal, a Sisalgomes, da Bahia. “Mas esse processo vai proporcionar para nós brasileiros um modelo de como fazer pesquisa mais voltada para o mercado”, ressalta Wellen.
Wellen salienta ainda que o projeto de pesquisa BestBioPLA exibirá novas cadeias de valor agregado para matérias-primas renováveis Os compostos resultantes do BestBioPLA abrirão um mercado de vendas: “Espera-se que isso aumente a aceitação de plásticos reforçados com fibra no mercado e na sociedade”, disse.
Fonte: Secom
Créditos: Assessoria