O pastor titular da igreja Cidade Viva, o paraibano Sérgio Queiroz, publicou, nesta segunda-feira (26), orientações para ajudar os cristãos e aos brasileiros a escolherem os seus candidatos nas Eleições Municipais deste ano intitulado de “O Decálogo dos Cristãos na Política: Contribuições para as Eleições de 2020”.
Em dez tópicos, o líder da Cidade Viva, que é pastor batista, procurador da Fazenda Nacional e, atualmente, Secretário Especial do Desenvolvimento Social, aborda uma série de instruções, princípios, valores e reflexões, sob ponto de vista cristão e bíblico, para contribuir e orientar os eleitores nessas eleições municipais e no envolvimento mais direto nas questões políticas e também nas políticas públicas. No ‘Decálogo’, há orientações para uma participação cristã mais ativa e cívica na política como sendo “útil ao fortalecimento da democracia, bem como ao florescimento das instituições”.
Para Sérgio Queiroz, o decálogo não é “a versão final de uma teologia pública para os cristãos, mas talvez uma pequena luz para os que não sabem por onde começar. Que o Brasil comece a ser realmente transformado pelas bases, e os municípios são o principal palco para que isso aconteça”.
Veja abaixo os dez pontos “O Decálogo dos Cristãos na Política: Contribuições para as Eleições de 2020”.
1 – Antes de mais nada, o cristão, quer seja membro ou líder de uma igreja, não é um cidadão de segunda categoria e tem o direito constitucional de se envolver na política, votando, pedindo voto, influenciando e sendo votado, sempre tendo em mente o bem comum de sua cidade, Estado e Nação. Assim, vote em candidatos que veem a participação cristã na política como útil ao fortalecimento da democracia, bem como ao florescimento das instituições. Contrariamente, não vote em candidatos que se incomodam com essa participação e querem calar a nossa voz e diminuir o exercício de nossa cidadania. O Estado é laico, isto é, não pode ter uma religião oficial, mas não é laicista (ateu). Muitos usam o discurso do Estado laico de maneira desonesta para calar a voz da maioria, especialmente nas questões morais, quando, na verdade, estão interessados na implantação de uma ditadura ideológica.
2 – Após a Revolução Francesa e em todo o avanço da modernidade, tem havido uma contínua tentativa de se tirar Deus e os assuntos da moralidade religiosa cristã dos debates públicos, como se os valores que construíram o mundo Ocidental fossem algo que só pode ser vivido e debatido no âmbito privado da vida. Tal tentativa espúria tem se mostrado não apenas frustrada, mas continua sendo ditatorial e castradora do direito ao livre exercício da religião em qualquer âmbito da vida. Não é à toa que o art. 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos garante o seguinte: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.” Desse modo, cristãos ou membros de qualquer outra religião tem o direito de trazer as suas convicções para a esfera pública. Isso é um direito humano. Não vote em candidatos que não admitem ou querem relativizar esse direito.
3 – De acordo com a Carta aos Romanos, na Bíblia Sagrada, capítulo 13, toda soberania e autoridade provêm de Deus. Do mesmo modo, o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:18-20 NVI). O Senhor Jesus Cristo é, para os cristãos, soberano sobre todas as coisas. De acordo com o pastor, professor e ex-primeiro ministro da Holanda, Abraham Kuyper, “Não há nenhum centímetro quadrado, em todos os domínios da existência humana, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre todos, não diga: é meu.” Desse modo, ao escolher os seus candidatos, tenha em mente que todo poder e autoridade vêm do Senhor a quem devemos a nossa irrestrita submissão. Desse modo, nenhum candidato tem o selo da perfeição e da impecabilidade. Cuidado com os santarrões da política, os que estão sempre “certos”, bem como os que não reconhecem que a autoridade do cargo provém, antes de mais ninguém, do próprio Deus e é dada para o bem dos outros.
4 – O Cristianismo defende as liberdades individuais, os direitos civis e políticos, o direito à propriedade privada, à legítima defesa, à livre iniciativa, à liberdade de expressão, à liberdade de religião e culto para qualquer pessoa e não apenas para alguns. Para os cristãos, o Estado não é e não pode ser absoluto, assim como não pode interferir em assuntos de outras esferas da vida a quem o próprio Deus deu seus próprios contornos, responsabilidades e liberdades, como a família, por exemplo. Desse modo, não vote em candidatos que são contra esses direitos fundamentais, que em nome do “bem comum” são a favor de rasgar direitos naturais inalienáveis concedidos pelo Criador de toda a humanidade e tentam se imiscuir em áreas da vida pessoal, familiar e comunitária que não lhes compete. O Estado serve para punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem.
5 – Entendemos que em nome do amor e da solidariedade cristã, e não em nome de discursos cheios de rancor e ódio, que levam pessoas à luta de classes, o poder público deve cuidar daqueles que estão à margem da sociedade, enquanto não conseguem se manter dignamente. Programas sociais são obrigações dadas ao poder público na nossa Constituição, mas precisam ser construídos e administrados com o objetivo de autonomizar aqueles que podem trabalhar e produzir levando-os à plena cidadania. Desse modo, não vote em candidatos populistas que querem escravizar os pobres em programas sociais, nem naqueles que defendem que toda pobreza é fruto da preguiça. Vote em candidatos que vejam o ser humano com graça e misericórdia, mas que entendam que um emprego digno é o melhor programa social a ser realizado.
6 – Nas Escrituras Cristãs, o meio ambiente foi dado pelo Criador para que o desenvolvêssemos e cuidássemos dele ao mesmo tempo. Os cristãos não devem votar nem naqueles que idolatram a natureza em detrimento do desenvolvimento para as necessidades humanas, nem naqueles que querem destruir o “jardim de Deus” por interesses escusos. Assim, nem votem nos “terroristas ambientais” que tentam passar ideologias travestidas de “ciência”, nem nos mercenários que vivem da ilegalidade no uso dos recursos naturais. Os Cristãos devem desenvolver o meio ambiente para que sirva à humanidade e às suas necessidades, sem idolatrar a natureza, enquanto cuidam e preservam com prudência e amor a linda criação de Deus.
7 – A Bíblia diz que o trabalhador é digno do seu salário, criando assim uma conexão indissolúvel entre o trabalho duro e a recompensa justa e proporcional ao esforço e ao empreendedorismo. Quem não se contenta com o seu salário justo e lícito corre o risco de entrar em um processo de decadência moral muito perigoso, que é a porta para uma vida de corrupção. Todo dinheiro que é buscado de forma ilegal, imoral e injusta é MALDITO, pois atenta contra a santidade de Deus e a dignidade do próximo. O combate à corrupção e todas as suas expressões mais básicas e correlatas deve ser iniciado a partir das nossas próprias casas. Furar fila sem ser cliente preferencial, levar material da repartição para casa, plagiar conscientemente obras alheias, trair o cônjuge e querer sempre levar vantagem em tudo são sinais de que ali está um ser corrupto. Quando alguém chega a desviar para si ou para outrem recursos públicos, especialmente da saúde, da educação e da assistência social, que atendem aos mais vulneráveis, a sociedade está diante de verdadeiros “monstros”, carentes, sim, da misericórdia e do perdão de Deus, mas não merecedores do nosso voto. Não vote em corruptos, nem em quem alivia a mão contra a corrupção, pois além de ser um desrespeito à sociedade, é um pecado contra Deus. Mais do que isso, olhe no espelho e veja se a sua vida cotidiana não tem dado espaço a “pequenos atos” de corrupção. Cuidado para não ser um falso moralista, que escolhe algumas coisas para defender como bandeira de probidade enquanto não passa de um hipócrita, que tropeça em tantas iniquidades.
8 – Cada pessoa tem um papel na sociedade. Não é o fato de alguém ser um bom cristão que será um bom gestor. Não é o fato de alguém ser conservador nos costumes, solidário nas questões sociais e liberal nas questões econômicas que será capaz de desenvolver e gerenciar políticas públicas de maneira competente. Seu irmão da igreja, por exemplo, pode ser um grande homem de Deus, mas poderá ser um péssimo político, não por ser corrupto ou mal intencionado, mas por ser simplesmente incompetente para essa função que pleiteia. Não vote por amizade, mas por competência e caráter. Se também for amigo, melhor ainda.
9 – O respeito ao próximo não é opção, mas um dever do cristão. Quem quer construir o seu nome na política denegrindo os oponentes pode até vencer a eleição, mas será mais um antiético no poder. Como cristãos, se não tivermos a força do nosso próprio caráter e competência, além do testemunho da nossa própria história, não temos nada. Se a humilhação e o achincalhamento dos outros é a arma predileta de um candidato e não o brilho de sua própria vida, troque de candidato, pois a política merece algo melhor.
10 – Nesse decálogo, estão reflexões de um homem mortal e pecador, sujeito a erros de avaliação. Aqui não está a versão final de uma teologia pública para os cristãos, mas talvez uma pequena luz para os que não sabem por onde começar. Que o Brasil comece a ser realmente transformado pelas bases, e os municípios são o principal palco para que isso aconteça.
Soli Deo Gloria
Sérgio Augusto de Queiroz
Procurador da Fazenda Nacional
Gestor Público
Pastor Batista
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba