A partir do dia 10 de setembro, os ônibus urbanos que fazem o transporte coletivo no município de João Pessoa vão veicular peças da campanha ‘Nenhuma a menos, Paraíba’, idealizada pelo Núcleo de Gênero do Ministério Público da Paraíba (MPPB), em parceria com a Câmara Municipal de João Pessoa, para prevenir e combater o crime de feminicídio, responsável pela morte de 52 mulheres nos últimos 18 meses em todo o Estado (41,6% de todos os homicídios contra vítimas do sexo feminino), de acordo com dados da Secretaria de Segurança e Defesa Social.
A data foi definida em reunião realizada na manhã desta sexta-feira (30), na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, pelo procurador de Justiça Valberto Lira, coordenador do Núcleo de Gênero, pela promotora de Justiça Caroline Freire e com o diretor-institucional do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros no Município de João Pessoa (Sintur), Isaac Moreira, para tratar da execução do termo de cooperação técnica celebrado sobre a campanha.
Na ocasião também ficou definido que 20 veículos, de diversas linhas (inclusive circulares e com a possibilidade de abranger os municípios de Cabedelo, Santa Rita e Bayeux, na Grande João Pessoa, contarão com busdoor sobre a campanha durante o mês de setembro e outubro.
Cards e um vídeo sobre feminicídio também deverão ser replicados, respectivamente, nas redes sociais do Sintur e no totem existente no posto de atendimento ao público na sede do sindicato, localizada na Rua 13 de Maio, no Centro de João Pessoa. “O Sintur engajado e preocupado com a realidade em que estamos inseridos e imbuídos da consciência da responsabilidade que temos, tem uma alegria enorme de fazer concretizar essa parceria com o Ministério Público pra que a temática da violência contra a mulher seja uma constante na discussão do dia a dia da sociedade. O busdoor é de fato um outdoor itinerante que tem uma penetração e visibilidade enormes. Com a capilaridade que somente um veículo de transporte coletivo pode proporcionar, temos a convicção de que será algo que irá gerar uma discussão em toda a sociedade”, disse Isaac.
A promotora de Justiça Caroline Freire falou sobre a importância da parceria com o Sintur e agradeceu o apoio do sindicato à campanha contra o feminicídio. “Sempre falamos no Núcleo que o trabalho isolado não tem a repercussão necessária. Por isso, sempre buscamos parcerias para efetivar as ações para que elas cheguem a toda a sociedade da Paraíba. A parceria com o Sintur vem nesse sentido. Os outdoors em ônibus têm uma visibilidade e uma repercussão social notórias. Vamos unir a campanha contra o feminicídio com o Sintur para buscar a conscientização e possibilitar o acesso do conteúdo da campanha a toda a sociedade”, falou.
O coordenador do Núcleo de Gênero do MPPB, Valberto Lira, também destacou a importância da parceria com o setor. Ele lembrou que foram assinados termos de cooperação técnica com a PB Gás, Energisa e Cagepa, em que as empresas assumiram o compromisso de divulgar em suas faturas mensagens sobre o tema da violência doméstica e familiar contra a mulher, orientando a população a como proceder e onde denunciar os casos, a exemplo dos disque-denúncias 123, 190 e 197. “Essas parcerias são sempre uma grande satisfação. Procuramos compartilhar as ideias que surgem desse núcleo para combater a violência contra a mulher com os vários setores da sociedade e essas ideias têm sido muito bem recebidas. O Sintur e outras empresas estão integradas à campanha e sabemos que com isso, vamos alcançar um maior número de pessoas em toda a Paraíba”, comemorou.
A campanha
A campanha ‘Nenhuma a menos, Paraíba’ foi lançada no MPPB no último dia 23 de agosto, tendo como mote o Agosto Lilás e também os 13 anos da Lei Maria da Penha, um importante marco jurídico no enfrentamento da violência de gênero no País.
Inspirada no movimento #NiUnaMenos (iniciado nas redes sociais, por mulheres argentinas, em 2015, em protesto contra a violência machista), a campanha do MPPB paraibano visa conscientizar as pessoas sobre a violência contra a mulher e a importância da aplicação da Lei 13.104, de 2015, que alterou o Código Penal brasileiro para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, aumentando a pena. Essa lei também incluiu o feminicídio no rol de crimes hediondos. Na Paraíba, medidas nesse sentido já vêm sendo adotadas por órgãos governamentais e instituições que integram o sistema de Justiça, a exemplo, da elaboração do protocolo para investigar, processar e julgar crimes de feminicídio no Estado.
Fonte: Ima Comunicação
Créditos: Michelle Raeder