O machismo que nos consome, mata! De acordo com dados publicados no Mapa da Violência, precisando agora ser atualizado, “todos os dias, um número significativo de mulheres, jovens e meninas são submetidas a alguma forma de violência no Brasil. Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio. Sob diversas formas e intensidades, a violência de gênero é recorrente e se perpetua nos espaços públicos e privados, encontrando nos assassinatos a sua expressão mais grave”.
Começo me dirigindo aqui as mulheres de todo o mundo. Este 08 de março me dá a oportunidade (não única) de homenageá-las. Aproveito para enaltecer a força de cada uma: a mulher mãe, companheira, dona de casa, profissional, acadêmica ou iletrada, lutadora e resolvida. Na verdade, jamais deveria ser uma necessidade se dizer que o lugar da mulher é onde ela quiser que seja. O meu lugar, na condição de homem, com certeza será sempre o lugar que eu bem desejar! Nunca entendi, por que, para outros isso deva ser diferente! Por que tenho que começar essa minha conversa falando da condição da mulher, no mundo? A resposta é óbvia. Hoje, 08 de março e, por todo o resto do mês, esse é o período em que todos escolhem para fazer a sua homenagem particular, ou de forma espetacular, quando o comercio e a indústria tiram o proveito para vender mais produtos e ideias repetitivas para ganhar muito mais, a exemplo de outras datas comemorativas que são registradas ao longo de cada ano. Talvez, até esteja incorrendo no mesmo erro ao escrever sobre a mulher no dia de hoje, mas procuro aqui ser o mais sincero possível. Acredito em cada palavra que escrevo agora nesse artigo. No entanto, o fato de escrever para essas mulheres em março e mais especificamente nesse dia oito, é por mera coincidência. Poderia estar falando disso em qualquer outro mês ou outro dia. Mas as motivações para discorrer sobre o tema, no momento atual, não poderiam ser mais óbvias.
A série histórica compilada no Mapa da Violência 2015 revela que mais de 106 mil brasileiras foram vítimas de assassinato entre 1980 e 2013. Somente entre 2003 e 2013 foram mais de 46 mil mulheres mortas. Além de alarmantes, o estudo mostra que os índices de vitimização vêm apresentando um lento mas contínuo aumento ano após ano.
Como se não bastasse a violência banalizada contra as mulheres em todo o mundo e, em particular no Brasil (o 5º país com maior taxa de homicídios de mulheres), vimos e ouvimos, estarrecidos, que o machismo – apesar das campanhas, das falas imponderadas e dos protestos veementes – só cresce e se expande como um vírus letal!
É revoltante termos de assistir pelos jornais e TVs do país que um companheiro na roça, nas periferias das cidades ou condomínios de luxo, espancou ou assassinou a companheira por motivos banais. Estamos em pleno Século XXI e, ao que parece, o ser humano realmente só retrocede em comportamento. Não há evolução e talvez já não haja esperança de que um dia o homem entenderá que ele não é dono e que tampouco é melhor que uma mulher. Não é e nem deveria ser uma questão de sexo. Somos seres humanos com os mesmos direitos e deveres (pelo menos deveria ser assim).
Muito triste o que ouvimos e vimos nas redes sociais e pela imprensa, um homem, parlamentar, Arthur do Val, mais conhecido como Mamãe Falei de São Paulo, que tem a obrigação de defender a lei e a ordem, com a capacidade de criar leis e votar em outras de grande importância para a sociedade, viaja a Ucrânia para ofender as mulheres de forma gratuita e tudo em nome de uma visita humanitária. Envergando um terno caro, travestido de defensor do bem e utilizando-se dessa condição, resolve gratuitamente agredir mulheres vitimadas pela tragédia na Ucrânia. A forma repugnante como o parlamentar retrata aquelas mulheres fragilizadas e sobrecarregadas de tanto sofrimento pelas perdas de filhos, pais, mães, maridos, além do lar e de outros importantes bens pessoais. Obriga a sociedade a refletir até que ponto podemos dizer que evoluímos? Comparar as filas de mulheres aterrorizadas tentando fugir da guerra, a uma fila de outras mulheres prontas para baladas por aqui caiu como uma bomba nas cabeças de quem acreditava no político do bem, eleito para representar os cidadãos. “As mulheres na Ucrânia são lindas e são facinhas por que são pobres” – disse a amigos pelo whatsapp achando que jamais vazaria tal absurdo. O comportamento do parlamentar do Podemos, expõe de forma degradante toda a podridão guardada dentro dos ternos bem engomados e perfumados (talvez), o pacote perfeito para enganar a maioria desavisada.
Se para muitos, guardar (esconder) o mau-caratismo, é uma necessidade, para outros, nem tanto. Foram eleitos por uma maioria paupérrima e forjada na subserviência de que é preciso escolher representantes ricos, que possam estar acima dessa comunidade crescida na pobreza das periferias.
Muitos “mamães falei” continuarão sendo escolhidos por pessoas conformadas com a sua condição rasteira de pobres e submissos – entre estes, mulheres que se permitem até a serem tratadas por “cachorras e preparadas”.
A luta pela igualdade de gênero passa pela permissividade e pela educação. As mulheres precisam se posicionarem mais dentro da sociedade e não baixarem a cabeça quando da ordem de imposição machista, sem, no entanto, ultrapassar esse posicionamento, numa condição inversa. Direitos iguais! Os lobos vestindo pele de cordeiro continuarão a existir na sociedade. Continuarão nascendo e morrendo e, repito, não acredito numa mudança de comportamento dessas criaturas. No entanto, a maioria de pessoas (homens e mulheres que não aceitam tais comportamentos) continuarão, também, nascendo e morrendo, cabendo a essas pessoas manterem uma luta mais incisiva com mulheres ocupando cada vez mais lugares de destaque e, dessa forma, repudiando e criando e votando leis mais severas contra os agressores, fazendo com que essas leis possam ser aplicadas e que punições, saiam, de uma vez por todas, do papel.
Que seja formada de verdade, uma rede de proteção envolvendo cidadãos e cidadãs comuns – vizinho ou mesmo de dentro da família – para denunciar os agressores e que essa rede não venha a ser rechaçada por autoridades coniventes, por serem tão machistas o quanto. Denunciar sempre, dizer não a covardia dos agressores e fazer cumprir as leis com punições mais severas que possam produzir um prejuízo financeiro e moral ou, se possível, com o banimento desse agressor do convívio no seio da sociedade. Só fazendo realmente valer as leis e, só assim, talvez possamos ter restaurado o devido respeito ao outro.
Apesar de tudo o que foi dito aqui, que o Dia Internacional da Mulher não fique apenas nas palavras soltas de parabéns e nas comemorações mercantilistas que só enchem os bolsos de quem tira proveito. Que essa data possa fazer valer o verdadeiro valor da mulher na sociedade. Parabéns a todas!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba