Indícios de grande movimentação de dinheiro em espécie foram encontrados pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), na manhã desta quinta-feira (14), durante a terceira fase da Operação Calvário. Ao todo, 11 pessoas foram alvos de mandados de busca e apreensão, cumpridos por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), em João Pessoa, Sousa e no Rio de Janeiro.
De acordo com o MP, fitas de “maços” de dinheiro, utilizadas para amarrar grandes quantias, foram encontradas no bairro Costa e Silva, em endereços de Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, servidora pública e esposa de outro investigado na operação, informa reportagem do G1 Paraíba.
A reportagem da TV Cabo Branco entrou em contato com ela, durante o cumprimento dos mandados. No entanto, Maria Laura Caldas informou que não pretendia se pronunciar e preferia ficar em silêncio.
A operação Calvário investiga uma organização criminosa responsável por desvios de recursos públicos, corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, por meio de contratos firmados juntos às unidades de saúde da Paraíba, na ordem de R$ 1,1 bilhão.
O objetivo dessa fase da investigação foi cumprir mandados de busca e apreensão contra Livânia Maria da Silva Farias, secretária de administração da Paraíba, e outras dez pessoas, entre elas, o marido de Livânia, Elvis Rodrigues Farias, e o vice-presidente da Câmara Municipal de Sousa, Carlos Pereira Leite Júnior, conhecido como Koloral Júnior. A decisão foi do desembargador do Tribunal de Justiça Ricardo Vital de Almeida, presidente da Câmara Criminal.
O G1 tentou contato com a defesa da secretária Livânia Farias, mas, até o início da tarde desta quinta-feira (14), as ligações não foram atendidas.
De acordo com o vereador Koloral Júnior, ele está tranquilo com a investigação. Foi necessário solicitar a presença de um chaveiro para abrir a residência dele, porque ele não ouviu os chamados do Gaeco. “Eu sei da verdade, eu sei o que eu faço, eu sei o que a minha família faz e isso jamais vai ofuscar a gente, quem me conhece sabe que sou um cidadão de bem”, declarou.
O Secretário de Estado da Comunicação, Luís Tôrres, informou à Rádio CBN que o Governo da Paraíba “reafirma a lisura e a legalidade em todos os atos administrativos” e que está à disposição para colaborar com a Justiça. Além disso, pontuou que o Governo tem a “obrigação institucional de continuar trabalhando pela Paraíba”.
Entenda a Operação Calvário
- A Operação Calvário foi deflagrada em dezembro de 2018.
- Daniel Gomes foi preso suspeito de chefiar a organização criminosa, Michelle Louzada Cardoso, e outras nove pessoas detidas preventivamente, entre eles Roberto Calmom, que estava em um hotel da orla de João Pessoa. Ele é fornecedor da Cruz Vermelha.
- A operação, realizada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), investiga uma organização criminosa responsável pelo desvio de dinheiro público da saúde por organizações sociais.
- No centro das atenções estão contratos da Cruz Vermelha Brasileira (CVB), filial Rio Grande do Sul, e do Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP). Segundo as investigações, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 1,1 bilhão.
- Em fevereiro de 2019 foi deflagrada a 2ª fase da Operação Calvário.
- Foi cumprido um mandado de prisão contra Leandro Nunes – que era assessor da Secretaria de Administração e foi exonerado recentemente – na cidade de Itabaiana, na Paraíba.
- Foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de João Pessoa e Conde, na Paraíba, e também no Rio de Janeiro.
- Conforme mostrado em reportagem do Fantástico, Leandro Nunes, ex-assessor de Livânia Farias, foi flagrado recebendo um repasse de dinheiro dentro de uma caixa de vinho que seria usado para pagar fornecedores de campanha.
- A caixa foi entregue por Michele Louzzada Cardoso, que atuava juntamente com Daniel Gomes, líder da organização criminosa, conforme o Ministério Público. Desde 2016 até agora, o grupo teria desviado R$ 15 milhões pelo país.
- Leandro Nunes foi solto no início de março após um depoimentoassumindo os fatos.
- Nos últimos oito anos, a Cruz Vermelha e o IPCEP receberam dos cofres públicos pouco mais de R$ 1,7 bilhão em todo o país. A Cruz Vermelha é responsável pelo Hospital de Trauma de João Pessoa desde 2011, e recebeu até setembro de 2018 mais de R$ 930 milhões.
- O IPCEP administra o Hospital Geral de Mamanguape e, de julho de 2014 até setembro de 2018, recebeu do estado mais de R$ 110 milhões. Em novembro de 2017, a organização social começou a atuar no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, e, até dezembro de 2018, recebeu pouco mais de R$ 62 milhões, segundo o Ministério Público.
- A terceira fase da Operação Calvário foi deflagrada nesta quinta-feira (14), com mandados de busca de apreensão cumpridos em João Pessoa, Sousa e Rio de Janeiro.
Fonte: G1 PB
Créditos: G1 PB