No último final de semana, o noticiário foi tomado por uma movimentação gerada pela fala do presidente da República, Jair Bolsonaro. Em sua fala, Bolsonaro referiu-se aos nordestinos como ‘paraíbas’ e criticou os governadores da região, enfatizando suas críticas em torno de Flávio Dino, governador do Maranhão. Após a forte repercussão negativa em torno de sua fala, Bolsonaro afirmou que teria referido-se apenas aos governadores Flávio Dino e ao governador da Paraíba, João Azevedo. Em meio ao turbilhão de reações que surgiram com relação a fala do presidente, muitos membros das classes política e artística responderam a fala do chefe do executivo, hora defendendo-o e hora o repreendendo pelo ato.
Dentre os defensores de Bolsonaro na Paraíba, saltou-me aos olhos a defesa feita por aquele que seria o seu principal representante no estado, o deputado federal Julian Lemos. Julian ao defender o presidente da República utilizou-se de uma retórica pobre e vazia que mais me parecia que, acima de não ter se ofendido com a fala do padrinho político, temia pronunciar-se de maneira a desagradá-lo. Dizer que não se sente ofendido ao ser chamado de paraíba é muito pouco, Julian. Claro que nenhum filho envergonha-se de ser adjetivado com o nome da terra que lhe é mãe, mas legar a autoestima o fato de silenciar sobre uma fala como a de Bolsonaro é mais do que autoestima, é submissão.
Aqueles que votaram em Julian Lemos o elegeram esperando que estivessem votando em um leão, que lutaria com unhas e dentes não apenas por um Brasil mais seguro, mas em especial pelo crescimento e pela defesa da Paraíba. Mas no primeiro momento em que o leão deveria ter rugido ele apequenou-se e mais parecia um gatinho dócil, deitado sobre o braço da poltrona presidencial. Se Carlos é o pitbull do presidente, com esta fala o deputado paraibano poderia ser classificado como o chihuahua. Não, deputado, não é questão de sentir-se menor do que ninguém, paraibano algum possui complexo de vira-latas e a necessidade de autoafirmação perante a população de outros estados ou regiões. Mas, é impossível que alguém finja não ter consciência de que já é fato conhecido que cariocas assim como o presidente Bolsonaro, tratam como ‘paraíbas’ os nordestinos quando desejam falar destes de forma pejorativa.
A fala de Julian apenas nos mostra que o deputado desejoso pela unção do presidente nas eleições de 2020, na qual ele deseja ver nome ser sagrado como novo prefeito de João Pessoa evitará de todas as formas que lhe for possível se intrigar com o presidente. Julian sabe que o fato dele ter sido apresentado como o principal nome de Bolsonaro, dentro da Paraíba, a disputar uma vaga para a Câmara dos Deputados foi fundamental para a sua eleição. Mais do que isso ele viu o caso do atual governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que deixou de ser um desconhecido para vencer eleições nas quais ele nunca era apontado sequer com boas chances. Ele sabe que nas últimas eleições ser aliado de Bolsonaro foi um capital político fundamental para muitos nomes e espera que o fato se repita nas eleições municipais do próximo ano.
Mas aí lhes lanço o questionamento: vale a pena fechar os olhos para as falhas de um aliado, mesmo que seja um tão importante como Bolsonaro, em nome da ascensão na vida política? Não seria muito melhor para a imagem do deputado ser um aliado capaz de criticar as falhas do presidente, do que calar-se e fingir não saber do que se trata tal qual uma esposa traída que não abandona o marido com medo de perder o status de esposa em um casamento infeliz? Julian poderá sim ser uma grande liderança da direita paraibana no futuro, mas para isso ele precisará saber rugir como o leão que ele se vendeu, independente de qual seja o momento.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba