Quando alguém de Cajazeiras encontra um conterrâneo em algum lugar qualquer, a lembrança da nossa terra sempre nos leva a lembrar: “lá em nóis” começa a frase e pode ter certeza que vem a melancolia de momentos e história vividas na terrinha.
Cada canto dessa cidade tem um pedaço de quem eu sou. Lembro de subir nas árvores da Praça Nossa Senhora de Fátima brincar no coreto e na fonte com suas piscinas.
‘Lá em nóis’, a rua Coronel Matos que recebia parques de diversão, essa rua tem um lugarzinho especial no meu coração, lá onde morava a minha avó e até hoje reside meu querido tio e sobrinhos. Naquela casa onde minha avó fazia seus “tijolinhos de doce de leite”, a rua da feira e onde eu brincava de esconde-esconde. La eu brincava de baleado. Todos esses momentos trarei pra sempre na memória de uma infância que passava lentamente sem violência ou qualquer outra preocupação.
Cajazeiras tem um ar eloquente, um cheiro de cultura que para todos nós que por lá nasceu parece natural, mas surpreende os cajazeirados. Minhas lembranças no Colégio Nossa Senhora de Lourdes e dos desfiles no dia da cidade.
Minha terra nasceu sob as bênçãos da educação, cresceu e se desenvolveu pelo seu talento para a cultura e comunicação.
Minha adolescência foi vivida em parte nos corredores da Difusora, ouvindo o Boca Quente, ajudando meu pai em um ambiente que para mim era natural, mas que hoje sei o quanto foi importante para minha formação profissional.
Eu vive em Cajazeiras em uma época em que era necessário sair para ter formação superior em outros centros, hoje minha terra recebe alunos de todas as regiões do país em busca de educação superior. Tenho muito orgulho desse chão.
Do pôr do sol mais lindo e poético às margens do Açude Grande. Dos carnavais no Tênis Clube.
Dos blocos na praça João Pessoa do Campestre Clube no Baile do Hawaí.
Terra de Zé do Norte, Marcélia Cartaxo, Buda, Bertrand e Soia e Nanego Lira, meu tio Aguinaldo Cardoso, Eliezer Rolim e não posso esquecer Lúcio Vilar com sua contribuição fundamental para o cinema nacional com o Fest Aruanda. Terra de mulheres fortes como Mãe Aninha e Íracles Pires. Sem esquecer das colegas Mariana Moreira e Edleide Vilaça.
Temos uma mania de dizer que a gente sai de Cajazeiras, mas Cajazeiras nunca sai da gente e é assim mesmo que me sinto. Tenho um orgulho danado de dizer que sou da terra que ensinou a Paraíba a ler com seus mais de 150 anos de história na educação.
Suas ladeiras e o seu povo tem um charme especial, gente de sorriso largo e olhar franco. A praça das Oiticicas tem aquele ar bucólico que parece um convite pra uma boa conversa no banco da praça em frente à Casa do nosso querido Zerinho.
A Av. Camilo de Holanda onde fui criada pelos meus avós maternos me trazem uma saudade doída. O Moura Jovem bar de propriedade do meu avô.
Cada canto dessa terra transpira a inquietude de um povo criativo, cheio de sonhos que não se abala e está sempre se reinventando.
E parafraseando o conterrâneo sanfoneiro Edmar Miguel, Cajazeiras gosto de você, você é meu xodó.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba