A Paraíba tem a maior média de médicos por habitantes do Nordeste, segundo estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), mas uma má distribuição desses profissionais. A conclusão é do estudo “Demografia Médica no Brasil 2020”, que mostra que são 8.194 profissionais registrados no Conselho Regional de Medicina da Paraíba este ano para uma população de pouco mais de 4 milhões de pessoas. A proporção é de 2,04 por habitante, mas o problema é que a grande maioria destes médios estão localizados em João Pessoa.
De todos os médicos com atuação na Paraíba, nada menos do que 4.965 trabalham em João Pessoa, o que equivale a 60,59% do total. Os 3.230 restantes estão espalhados nas outros 222 cidades do estado.
A pesquisa não apresenta os números específicos de Campina Grande, mas o próprio Conselho Regional de Medicina da Paraíba reconhece que a maioria dos médicos desses 39,41% restantes estão na cidade, sobrando poucos médicos para o resto de toda a Paraíba.
“Temos uma quantidade suficiente de médicos. O problema é a distribuição dos profissionais. Aqui na Paraíba, os médicos estão concentrados em João Pessoa e Campina Grande. O grande desafio é fazer a interiorização dos profissionais, já que o acesso aos serviços de saúde continua precário”, afirmou o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais.
Em números absolutos, aliás, a Paraíba tem hoje 70% mais médicos que tinha há nove anos. A quantidade de médicos em João Pessoa, por sua vez, é 91,5%. A cidade, por exemplo, tem 6,14 médicos por 1.000 habitantes, um número três vezes superior à média do estado e mais de duas vezes maior que a de países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, ainda segundo o estudo.
Dentre as capitais brasileiras, João Pessoa é a oitava com a maior razão de médicos por 1.000 habitantes, ficando atrás de Vitória (13,7), Florianópolis (10,68), Porto Alegre (9,94), Recife (8,18), Belo Horizonte (8,13), Curitiba (6,52) e Goiânia (6,95).
Faculdades de medicina
A Paraíba possui, atualmente, nove faculdades de Medicina, sendo quatro em João Pessoa e cinco no interior. Destas, três são públicas e seis privadas. E, para o estudo, está claro que a explosão no número de médicos na Paraíba foi impulsionada pela abertura de novas escolas médicas e pela expansão de vagas em cursos de Medicina já existentes.
São 1.067 vagas ofertadas a cada ano. Mas, para o presidente do CRM da Paraíba, isso não significa a solução para os problemas no acesso à saúde.
“Esses dados revelam que a abertura de escolas médicas não resolve o problema de assistência à saúde da população. A quantidade de médicos por mil habitante, na Paraíba é menor que a média nacional. No entanto, em João Pessoa, vemos um número duas vezes maior que a média do país. São muitas distorções que não são resolvidas simplesmente com a formação de novos médicos”, finalizou Roberto Magliano.
Fonte: G1
Créditos: G1