distanciamento social

Isolamento social pode contribuir para o surgimento da tricotilomania, distúrbio que leva o indivíduo a arrancar os pelos do corpo

 

O distanciamento social em decorrência do novo coronavírus tem gerado uma série de mudanças na vida das pessoas e desencadeado doenças também de ordem psíquica. Assim como há o aumento expressivo de transtornos como ansiedade e depressão, é possível que haja também um aumento dos casos de tricotilomania, que segundo a psicóloga do Hapvida em João Pessoa, Rafaella Machado, trata-se de um distúrbio psicológico e se caracteriza pelo comportamento compulsivo de arrancar vários pêlos do corpo como cabelos, sobrancelhas, barba, cílios, etc. Sendo este comportamento seguido por sensação de alívio ou prazer.

“Essa (o distanciamento social) é uma condição que pode, de fato, aumentar a incidência da tricotilomania, tendo em vista que situações de grande estresse psicossocial podem desencadear a doença, desde mudanças abruptas na rotina, na dinâmica familiar, no ambiente e vivências traumáticas”, explica.

Recentemente a influenciadora digital Gabi Brandt compartilhou em suas redes sociais que sofreu crises de ansiedade e estresse, o que teria gerado a tricotilomania. A psicóloga do Hapvida explica que esse período de pandemia tanto pode gerar o surgimento como a recaída do distúrbio, neste último caso para quem já sofreu ou está sob tratamento.

“É possível que o distanciamento provoque as duas coisas, tendo em vista que o isolamento do convívio social é um fator que pode desencadear e trazer diversos prejuízos psíquicos, podendo ocasionar a recaída deste transtorno e a incidência em pessoas predisponentes a esta condição”, alerta Rafaella Machado, que acrescenta que as causas de ocorrência da tricotilomania não ocorrem apenas devido a fatores psicológicos e emocionais, mas podem ocorrer por fatores biológicos.

“Geralmente este transtorno está associado à ansiedade, estresse ou ao transtorno obsessivo compulsivo, tendo em vista as semelhanças, como a falta de controle dos impulsos. Este comportamento costuma ser precedido por tensão emocional crescente, seguido de rituais (compulsões), que seria o comportamento repetitivo de arrancar o cabelo, e o alívio sentido após o ato”, esclarece.

Diagnóstico e tratamento – Estudos apontam que de 0,6% a 3,6% da população mundial – números apresentados em distintos levantamentos sobre o tema – sofrem com a doença e 75% a 90% das pessoas que enfrentam a doença são do sexo feminino, mas o distúrbio pode acometer pessoas dos dois gêneros, inclusive crianças e de acordo com a psicóloga do Hapvida em João Pessoa, Rafaella Machado, o distúrbio da tricotilomania é diagnosticado por meio do relato de pacientes/familiares, tendo em vista a causa psicológica e o fato de não poder ser detectado em exames laboratoriais.

No que diz respeito ao tratamento, a especialista explica que este engloba o acompanhamento psicológico e psiquiátrico associado, podendo envolver também dermatologia – dependendo da gravidade dos danos ocasionados. Além disso, Rafaella Machado destaca que a terapia cognitivo comportamental se mostra eficaz, envolvendo uma série de técnicas que visam atenuar os sintomas e orientar o indivíduo a lidar de outras formas com o estresse do dia a dia.

“As técnicas auxiliam na identificação dos fatores que levam o paciente a arrancar o cabelo, na compreensão da sua ansiedade e identificação dos possíveis gatilhos, auxiliando o paciente na administração de sentimentos, no desenvolvimento de repertórios comportamentais mais adaptativos e funcionais, que promovam a alteração e diminuição deste comportamento”, esclarece.

Vergonha – A psicóloga lembra ainda que o sujeito acometido pela tricotilomania pode muitas vezes ocultar as informações dos familiares e pessoas do seu convívio, por sentir vergonha e/ou constrangimento.

“Muitas vezes a pessoa enfrenta dificuldades relacionadas à sua autoestima e autoconfiança, devido às falhas ocasionadas pela doença tanto em seu couro cabeludo quanto em outras partes do corpo, o que também pode o levar ao isolamento. Outro fator importante a destacar é que, quando o paciente aceita a sua condição e busca a ajuda especializada (psicológica e psiquiátrica), as chances de cura são promissoras, conseguindo de fato a extinção dos sintomas”, finaliza.

Fonte: Assessoria
Créditos: Polêmica Paraíba