Ícaro Candeia é um autista de 20 anos que se tornou estagiário da Fundação de Educação Tecnológica e Cultural da Paraíba (Funetec-PB), em João Pessoa. Ele é o primeiro estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a conseguir uma vaga de estágio na fundação com duração de seis meses. Além de conquistar um espaço no mercado de trabalho, ele busca contribuir com a inclusão das pessoas autistas nos diversos segmentos da sociedade. Por isso, recentemente escreveu um e-book intitulado “Relatos, Pensamentos e Vivência de um Autista”.
Atualmente, Ícaro concilia os estudos e o trabalho realizado no Gabinete da Funetec e comemora o fato de ter conseguido superar a timidez e o isolamento.
“No começo foi bem difícil porque eu estava tímido, mas com o tempo eu consegui interagir com as pessoas, porque uma das dificuldades do autismo é a questão das relações interpessoais”, disse Ícaro.
Para o superintendente da Funetec, Anselmo Castilho, o estágio de Ícaro Candeia é uma oportunidade para todos os colaboradores da fundação aprenderem a conviver com as pessoas neuro atípicas,
“Pela primeira vez temos uma relação de trabalho com uma pessoa autista. O Ícaro é o nosso estagiário e tem consciência do Transtorno do Espectro Autista. E, nessa relação profissional, tem nos ajudado, e muito, e nos ensinado a conviver com o autismo. Todos nós estamos envolvidos nesse processo, todos os setores da fundação”, afirmou Anselmo Castilho.
Antes de assumir a vaga de estágio, Ícaro passou por uma entrevista que foi acompanhada pela coordenadora de RH e chefe de gabinete da superintendência da fundação, Luciana Antunes que avalia o desempenho do novo colaborador da Funetec.
“Ícaro se mostrou extremamente capacitado para aprender as tarefas que a gente passa para ele. São desafios que ele vence a cada dia. Ele está sempre disposto e sempre acessível às mudanças. Do jeito que nós estamos sendo incluídos no mundo dele, ele também está sendo incluído no nosso mundo”, ressalta Luciana Antunes.
Já nos primeiros dias de estágio, Ícaro demonstra satisfação com o trabalho e se mostra motivado com as atividades realizadas no gabinete da superintendência da Funetec. “Eu faço folhas de ponto, faço também tabelas no Excel e pesquiso quando tenho dificuldades, enfim, é mais uma função de estagiário mesmo”, relata.
A história de Ícaro Candeia é, de fato, impressionante. Ele conta como foi diagnosticado aos 13 anos como portador do TEA e alguns acontecimentos de sua vida estudantil. No seu e-book intitulado “Relatos, Pensamentos e Vivência de Um Autista”, ele explica como passou por fases de incompreensão, mas que aprendeu a superar dificuldades e a nunca desistir de alcançar seus objetivos por causa do medo do preconceiro. Pelo contrário: decidiu que lutaria para contribuir com a inclusão social das pessoas com autismo.
Ao ser questionado sobre um conselho que daria a outros autistas que buscam autonomia e espaço no mercado de trabalho, Ícaro responde: “não desista. Vá para uma terapia e tente trabalhar essa questão da fala e de interação. É muito importante a terapia ABA (trabalha no reforço dos comportamentos positivos) que é destinada ao autismo é muito importante para você conseguir melhorar-se”, finalizou.
Para acessar o e-book “Relatos, Pensamentos e Vivência de Um Autista” de Ícaro Candeia, clique aqui.
Fonte: Ascom Funetec-PB
Créditos: Polêmica Paraíba