Acontece a partir desta quarta-feira, 29 e nos dias 30 e 31 de maio, o II COPENE NORDESTE – Congresso de Pesquisadores de Pessoas negras do Nordeste – Epistemologias Negras e Lutas Antirracistas, no CCHLA da UFPB – Universidade Federal da Paraíba. O evento que acontece de dois em dois anos, é realizado pela ABPN – Associação Nacional dos Pesquisadores das Pessoas Negras, tendo sido o último realizado em São Luís – MA. Aqui o evento tem na coordenação geral, o professor Antônio Novais (Antônio Balute) acompanhado de uma grande equipe formada por professores e chefes de departamentos da UFPB de quem a organização diz estar recebendo todo o apoio para que o evento aconteça de forma plena.
Em conversa com o Polêmica Paraíba, Balute falou do recrudescimento do racismo no Brasil, do retrocesso em que vivemos e diz que tudo isso está quase que institucionalizado, lembrando que a situação começou a se agravar nos últimos dois anos, a partir do surgimento dessa figura da extrema direita que chegou a Presidência da República. “Essas figuras liberaram o pomo da discórdia no país”. Ainda segundo Balute, antes havia ainda um discurso na sociedade, da inclusão, da diversidade e agora setores da sociedade, que estavam adormecidos, após essa propagação oficial do preconceito, passaram a se sentir encorajados e automaticamente no direito de trazer aquele discurso que estava guardado em algum cantinho da sua mente passando a expressa-lo. Para que você tenha uma ideia do quanto, eu trabalho com a questão racial desde 1982 e nos últimos seis meses eu fui ameaçado de morte duas vezes, coisa que nunca havia acontecido em minha vida. A gente vive numa sociedade que é racista desde o momento em que o português colocou os pés aqui nessa terra. Esse racismo, esse preconceito e a discriminação passaram a ser disfarçados em algumas situações, mas agora voltou e voltou com uma força muito grande” disse.
Perguntado se isso tudo que está ocorrendo hoje no Brasil pode ser apenas pelo período em que durar esse governo e que a partir das próximas eleições possa voltar a ordem e o respeito ao cidadão independente da sua cor, religião e estilo de vida, Balute disse não acreditar nisso, por que o comportamento das pessoas não passa pelo resultado de uma eleição. “Na verdade, tudo é uma questão estrutural e de educação. Não passa por uma questão de “ele” ou “ela” na presidência. É algo muito maior, muito mais profundo”, concluiu.
No contexto, o II COPENE que começa nesta quarta, o evento irá também realizar o Fórum da Educação Básica de Educação para as Relações Étnico-Raciais, em seguimento às discussões do X COPENE, realizado em Uberlândia-MG no ano passado.
Entre os objetivos do Fórum estão a análise da conjuntura brasileira em relação ás Ações Afirmativas em Educação. Irão ocorrer conferências, oficinas, simpósios temáticos e lançamento de livros dedicados ao debate das relações raciais em sua interação com diversos temas do âmbito acadêmico, mas também social e cultural das populações negras bem como o compartilhamento de reflexões e experiência no campo do ensino, pesquisa e extensão universitária, no incremento das ações de formação dos professores dos níveis de ensino fundamental e médio e no estímulo aos movimentos antirracistas no Brasil.
O evento teve início ás 08:00 da manhã com o credenciamento até as 18hs e início das atividades, com a abertura oficial ás 18:30hs e Conferência – Epistemologias Negras e Lutas Antirracistas no Auditório 412 do CCHLA.
Fonte: Por Francisco Airton
Créditos: Por Francisco Airton