Fontes da cúpula do Partido dos Trabalhadores na Paraíba estão prognosticando a vinda do ex-candidato a presidente Fernando Haddad a João Pessoa, até meados de julho, como parte da caravana que ele voltou a empreender pelo país para ocupar espaços na denúncia da reforma da Previdência e de outras medidas consideradas impopulares do governo do presidente Jair Bolsonaro, como os cortes efetuados nas universidades federais, que estão comprometendo o funcionamento de inúmeras instituições, segundo depoimentos de reitores. A agenda da visita de Haddad ao Estado está sendo organizada pela direção do PT local em articulação com a direção nacional. Mas já vazou a informação de que o ex-presidenciável deverá ter um encontro com o ex-governador paraibano Ricardo Coutinho, presidente do PSB estadual e presidente da Fundação João Mangabeira, do PSB nacional.
A conversa com Ricardo deverá, segundo fontes petistas paraibanas, aprofundar os termos do diálogo que o ex-governador paraibano manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o visitou na cela da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, juntamente com Carlos Luppi, presidente nacional do PDT. Na oportunidade, houve um consenso sobre a necessidade de formação de uma frente política-parlamentar aglutinando PT, PSB, PDT e outros agrupamentos de esquerda, para resistir às investidas do governo de Jair Bolsonaro, em especial no Congresso Nacional. Na Paraíba, Ricardo é o líder mais afinado com as ideias de Lula, desde quando ainda era governador (ele deixou o cargo no dia 31 de dezembro de 2018). Chegou a promover a vinda de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff para testemunharem a chegada das águas da transposição do rio São Francisco, ainda no final do governo de Michel Temer. Este, por sua vez, veio para uma cerimônia formal, a que Ricardo compareceu como governador e aproveitou o ensejo para creditar ao ex-presidente Lula o mérito pela concretização do projeto de interligação de bacias, que, como lembrou, remontava ao Império na história política-administrativa brasileira.
Ricardo, que optou por não disputar mandato eletivo em 2018, permanecendo no cargo até o último dia do mandato a pretexto de garantir a continuidade do projeto de mudança socialista que passou a implementar desde o primeiro governo, investido em 2011, tem estreitado cada vez mais os laços com o Partido dos Trabalhadores, ao qual foi filiado no início da sua trajetória política e do qual saiu por divergências com expoentes locais da agremiação. Na disputa à Presidência da República no ano passado, juntamente com o seu candidato a governador, João Azevêdo, que foi vitorioso no primeiro turno, Ricardo Coutinho empalmou de forma decisiva a candidatura de Fernando Haddad, que substituiu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo registro foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa.
A votação alcançada por Haddad – cerca de 45 milhões de votos, provocando a realização do segundo turno contra Jair Bolsonaro, que acabou eleito, foi considerada “uma vitória” tanto por Ricardo Coutinho como por líderes petistas, incluído o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Coutinho deixou claro que desde o primeiro momento alistava-se na frente de oposição ao virtual governo Bolsonaro, por avaliar que ele tem características de direita e não possui compromissos com a classe trabalhadora, buscando, ao contrário, penalizá-la nas reformas que tem encaminhado ao Congresso Nacional. O governador João Azevêdo, embora de forma mais contida, devido aos deveres institucionais impostos pelo Executivo, também faz críticas ao governo do presidente Bolsonaro e evita participar de reuniões convocadas pelo Planalto, geralmente designando a vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, para tomar assento nas discussões, inclusive, sobre a reforma da Previdência.
Nonato Guedes
Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes