‘Defensores da vida, da família, dos valores conservadores e do respeito a todas as pessoas’. É assim que se definem os gays, lésbicas e bissexuais paraibanos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Eles divergem da atuação política do movimento LGBTQIA+ e rejeitam estímulos políticos que segundo eles, promovem ainda mais conflitos e segregações sociais.
Ao contrário dos mais proeminentes representantes do movimento LGBTQIA+, os gays que se consideram conservadores estão na base do Governo Federal e criticam a atuação de partidos de esquerda no país, vistos por eles como segregacionistas e ‘sem projetos para a coletividade’.
Semelhante ao que ocorreu nos Estados Unidos, com a onda “Gays for Trump”, e assim com o ocorre no Brasil com o “Gays por Jair Bolsonaro”, um perfil no Instagram intitulado ‘Gays de Direita Paraíba’ conta com mais de 1.600 seguidores e muitos simpatizantes na internet. Integrantes do movimento concordaram em falar abertamente sobre seus posicionamentos políticos ao Polêmica Paraíba.
A conta é administrada por Clemilson Santos, um agente de saúde de 29 anos, homossexual e conservador. Do interior da Paraíba, ele disse que não se sente representado pelo movimento LGBT.
“A página tem como objetivo propagar a agenda do nosso presidente, além de projetos e ações executadas pelo Governo Federal. Nossa página tem como diretriz primordial desmentir falácias que trazem desinformação ao público”, garantiu.
Com publicações contrárias à ‘ideologia de gênero’, a página tem como lema ‘Deus, pátria e família’, a mesma frase adotada por Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Dentre os seguidores, o deputado estadual Moacir Rodrigues (PSL), a vereadora Eliza Virgínia (PP) e o pré-candidato a deputado Caio da Federal.
Dentre os os destaques da página, o humorista pernambucano André Almeida, também homossexual, que apoia Bolsonaro. Em outra publicação, um jovem negro e homossexual afirma que Bolsonaro chorou ao receber um cumprimento seu. “Ele não era homofóbico?”, questiona.
Assim como eles, Bolsonaro tem a admiração de alguns gays de influência nacional, a exemplo do influenciador digital Augustin Fernandez e do promotor de eventos Amin Khader, dentre outros.
Contra o ‘monopólio’
A página também é administrada pelo companheiro de Clemilson, Walmir Sousa, com quem divide os mesmos pensamentos e ideias. Segundo eles, um dos objetivos do movimento é mostrar o público gay sob outra perspectiva: a divergência com o ativismo de esquerda, que para eles não representa todos os LGBTs.
Para Clemilson, a direita conseguiu “quebrar” o monopólio antes representado por esse ativismo, que de acordo com ele representa uma falsa realidade. Ele também classifica como “falácias” as acusações de que Bolsonaro seria homofóbico e avesso a homossexuais.
“Minha sexualidade e o que faço com ela só diz respeito à minha pessoa e ao meu companheiro, entre quatro paredes, e eu nunca precisei esfregar na cara da sociedade nem da minha família a minha opção sexual, comportamental, pois creio num Deus forte e grande”, disse Clemilson.
Na visão de Clemilson e de seu companheiro, em 2022 os gays têm uma alternativa, que segundo eles não está em candidatos de centro ou de esquerda.
“Será mais fácil ainda [em 2022] do que em 2018, pois nosso presidente é uma pessoa abençoada por Deus. Quantos gays que eram de esquerda, e depois viram que nosso presidente nunca foi homofóbico?”, questionou. “Na verdade, ele é uma pessoa de bem e pacificadora. Vamos estar juntos nas ruas e fazendo o movimento, levantando nossa bandeira, que é o verde, amarelo, azul e branco, que é a bandeira do Brasil”, avaliou.
Veja vídeo a seguir:
‘Ovelha desgarrada’ contra a ‘ditadura do pensamento’
Por serem de direita, alguns homossexuais afirmam que são excluídos e relatam desde ameaças até outros tipos de violência que teriam sofrido, como o preconceito, a discriminação e a agressão. Foi o que aconteceu com o professor de Língua Portuguesa, Gabriel Pieron, de 27 anos.
Pieron afirma ser poiador de Jair Bolsonaro ‘desde que ele tinha 4% nas pesquisas’, por isso foi considerado por seus antigos amigos de esquerda como ‘ovelha desgarrada’. Ao Polêmica Paraíba, ele criticou o que chama de ‘ditadura do pensamento’ no movimento LGBTQIA+ e lembrou que quase sofreu uma violência física no ano de 2019, quando voltava de ato pró-Bolsonaro.
“Eu vivi na pele, tanto quando eu estive lá dentro quanto quando eu sai de lá. Em uma manifestação, fui muito bem acolhido por bolsonaristas, mas na volta, ao passar por uma parada gay, tinha gays ameaçando de me bater. Os preconceituosos e segregadores são eles”, apontou.
Crítico dos governos do PT, ele também menciona escândalos de corrupção do partido para justificar sua posição, e defende que o Estado deve ser voltado para as demandas da coletividade, sem espaço para mais divisões sociais.
“Quero uma política pública que consiga abranger a todos, minha mãe, minha vó, minha tia, meu sobrinho, pois se eu pedir só para mim, vou esquecer da minha família e do meu povo, e ninguém nasceu de chocadeira”, opinou.
Além de professor e homossexual, Pieron é adepto da Jurema Sagrada, religião tipicamente nordestina. No vídeo a seguir, ele explica porque apoia Jair Bolsonaro.
De acordo com a pesquisa Datafolha, com a avaliação do Governo Federal, divulgada na última semana, entre homossexuais e bissexuais a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro chega a 61%. Mas para os gays conservadores, a realidade das ruas demonstraria uma realidade diferente.
Por isso, eles prometem ‘engajamento’ no próximo ano, em prol da candidatura do atual presidente. “Não existe esse papo de terceira via, que é para confundir a mente das pessoas e depois se aliar à esquerda. Vai ser Lula contra Bolsonaro, e aí quem é a favor da vida, da família, da honestidade, do Brasil, dos costumes corretos vai optar por Jair Bolsonaro”, finalizou Pieron.
CONFIRA PUBLICAÇÕES:
https://www.instagram.com/p/CTx0GDUgYDh/
https://www.instagram.com/p/CTZdb6tgxSl/
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: FN