“Distúrbio da fala, caracterizado por contrações musculares, que ocasionam repetições ou dificuldades na articulação e propagação verbal de sílabas ou palavras”. Essa é a definição que o dicionário traz para a gagueira, problema que atinge 5% da população, e que causa sérios desconfortos para os portadores que são sempre vítimas de bullying, piadas sem graça, reclamações para falar direito e até exclusão de atividades sociais.
No Dia Internacional de Atenção à Gagueira (22 de outubro) a fonoaudióloga do Hapvida em João Pessoa, Darlla Barroso, fala sobre o problema, o que é, como identificar e como tratar a gagueira. Afirma também que a gagueira não tem cura, mas que se tratada no início e forma adequada as chances de controlar essas manifestações são bem maiores.
Darlla explica que a gagueira não é considerada uma doença, mais um distúrbio no processamento motor da fala, caracterizado por apresentar repetições frequentes, prolongamentos de sons, sílabas e palavras, pausas, bloqueios que afetam a fluência e a comunicação. “Não existe uma causa específica para a gagueira, mas sabe-se que existem alguns fatores que podem manifestar esses sintomas como: aspectos genéticos, hereditários, neurofisiológicos, ambientais, familiares e psicológicos”, explica.
A especialista explica que para a gagueira existe tratamento especializado e individual. Em alguns casos, segundo explicou, quando o tratamento é indiciado assim que surgem os sintomas há grandes chances de controlar essas manifestações, possibilitando ao indivíduo gago uma linguagem mais fluente. No caso de crianças, se houve intervenção precoce, aumenta a possibilidade do quadro não evoluir.
O diagnóstico deve ser feito por um fonoaudiólogo especializado em fluência. O profissional irá realizar uma avaliação de linguagem oral, permitindo colher dados da história clínica e familiar, bem como, os aspectos de saúde, com questões relacionadas ao distúrbio da fluência e depois traçar um plano de intervenção.
Já o tratamento da gagueira é realizado por fonoaudiólogo especializado em fluência e em alguns casos se faz necessário o acompanhamento de um psicólogo que irá trabalhar com as dificuldades de autoestima, autoimagem e níveis de ansiedade. “Lembrando que é de fundamental importância em casos de crianças que gaguejam o apoio e auxílio dos familiares”, alerta.
A fonoaudióloga explica que o distúrbio da fala possui graus leve, moderado e grave. No leve (Disfluências Comuns) a gagueira não vem a atrapalhar a vida social do indivíduo e é normal apresentar sintomas em algumas situações do cotidiano. Nos graus mais moderado e grave (Disfluências típicas da gagueira) há mais comprometimento na interação social e pode acontecer bloqueio, prolongamentos, pausas, repetições de parte de palavras e repetições de som.
Curiosidade – Questionada se é verdade que uma pessoa com o distúrbio não gagueja ao cantar, a especialista explica que isso realmente ocorre, pois para cantar se ativa um lado diferente do cérebro. “No canto a área ativada encontra-se no hemisfério direito onde concentra as habilidades artísticas. Já a fala encontra-se no hemisfério esquerdo. Então na hora de cantar alguns fatores podem ajudar a driblar a gagueira e isso significa que a pessoa não precisa pensar muito para cantar, pois a letra da música já está pronta com sua melodia e ritmo pré-determinado, bastando apenas decorar a letra e iniciar a canção”, disse.
Gagueira na infância – Na infância, conforme explicou a especialista, a gagueira pode se manifestar entre os três a cinco anos e pode vir associada há algumas dificuldades como alterações na fala, trocas fonoaudiológicas, atraso na linguagem oral, além de fatores psicológicos como timidez, ansiedade e frustrações, fala acelerada e agitação. “Nesses casos em que a gagueira acompanha essas alterações de fala na infância pode-se evoluir para um quadro mais crônico em que podemos chamar de gagueira do desenvolvimento”, destaca.
Patologias – A gagueira, conforme informou, pode se manifestar em outras patologias de fala na infância em casos de síndrome de down, doenças neurológicas e outras alterações. “Nestes casos, é de suma importância um diagnóstico diferenciado com uma equipe multidisciplinar especializada para trabalhar a disfluência da criança, assegurando melhor qualidade de vida”, orienta.
Fonte: Múltipla Comunicação
Créditos: Assessoria de Imprensa